Família

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- O QUE VOCÊ FAZ AQUI? - pergunta Oya furiosa perante a presença de Ogun

- Eu? Eu é quem deveria estar lhe fazendo esta pergunta. Ou será que não era você que tomada de ciúmes não aceitava que não era a única em minha vida, em? Você destruiu famílias, Oya, só porque você queria ser sozinha no meu coração. SUA EGOÍSTA!

- VOCÊ SABE QUE NÃO FOI ISSO! Você contou meu maior segredo, Ogun. Você me destruiu! Eu confiei em você, confiei meu amor à você, confiei que você seria verdadeiro e não trairia minha confiança. Eu não queria matar aquelas mulheres, mas a raiva de você foi muito maior! Eu voltaria atrás, Ogun, mas agora já foi. - retrucou Oya segurando o choro

- SAIA DAQUI AGORA! Quem é você para vir tirar satisfações em nossa casa? Nós não merecemos isso! - mandou Alamoju

- Eu? Eu sou seu pai, eu sou pai de Idá, sou pai de todas as crianças dessa casa. Sou o homem que essa mulher amou. Não se preocupem, eu só vim buscar meu filho para treinar, acho que ja dei bastante tempo para você aproveitar sua família feliz, não é? A grande guerra está próxima.

- Já vou, pai... - Idá pega um de seus facões e sai com Ogun.

Oya e Alamoju se olham.

Treino? Guerra? Sim! Enquanto Alamoju esteve fora, Ogun e Idá se encontravam para treinar. Idá não se conteu com o quanto ficou impressionado com seu pai desde a primeira vez que o viu quando lutaram juntos que foi atrás dele.

Agora lá estão, pai e filho treinando para uma guerra que Ogun disse ser a mais importante.

Alamoju não sabe como digerir isso. Ela simplesmente respirou fundo, e voltou a afiar seus facões. Oya fingiu que nada aconteceu, mandou seus filhos mais novos levantarem e sacudiu as esteiras estiradas no chão que fazem de cama.

- Quem quer escutar mais uma história? - disse Oya para seus filhos

Uns surdos, uns mudos, uns cegos. Ao mesmo tempo que ela contava em voz alta, ela encenava com as mãos.

Egungun, como o filho morto, se sentia muito diferente de todos os outros. Ficava o tempo todo sentado no chão encostado na parede da casa onde as velas não clareavam. Ele observava muito além do que todos os outros.

- Estranho... - ele pensou

Alamoju decidiu se banhar. Saiu daquela casa de barro vermelho com um telhado ainda mais simples de sapê, sem nenhuma porta ou janela e disfarçou quando viu em frente a sua casa, Ogun e Idá lutando contra o vento como se fossem velhos amigos.

Foi ao rio. Aquele mesmo rio. O rio que cortava a floresta inteira, o rio que conheceu Osún, o rio que conheceu Onira e.... o rio que Ogun conheceu Oya e Idá a conheceu.

Voltou para aldeia já com seus pés sujos de barro.

- Hahahaha! Tal mãe e tal filha. A mãe que se fingia de gente, mas era bicho e a filha que se fingia de surda e era saudável. Vocês me enojam. - gritou uma aldeã para Alamoju.

Oya quando ouviu saiu correndo em direção àquela mulher. O temperamento de Oya é inegável!

- NÃO MÃE!- gritou um de seus filhos de dentro de casa

Alguém derrubou Oya antes que ela cometesse um erro

- Você não muda, né mulher? Continua bem quente. - disse Ogun em cima de Oya

OYA - A mãe dos nove filhosOnde histórias criam vida. Descubra agora