Oyá sai de baixo de Ogun que havia lhe nocauteado.
- Não pedi sua ajuda e muito menos a sua opinião, sou o que sou e isso não te importa. Eu não ia fazer nada! - levanta Oyá furiosa e volta de encontro à Alamojú
Ogun ainda no chão, usando de uma respiração ofegante, não tirava os olhos de cada movimento que Oyá fazia. Ela limpava seus braços sujos e um pouco arranhados devido à queda.
- Você ia sim. Eu ainda te conheço. - diz Ogun, levanta e se distancia
Oyá olha pra Ogun. Ele se vira e solta um sorriso debochado. Todos que estavam presentes sentiam o clima pesado naquele lugar. Alamojú tenta segurar na mão de sua mãe, mas ela solta depressa. Ela corria em direção ao seu antigo marido como se ele fosse seu mais temido oponente e ela como se fosse o búfalo mais veloz de toda a região. O empurrou com as duas mãos e parou olhando bem pro seu rosto.
Quando Ogún se virou, seus olhares se encontraram.
Ogun debochado como só ele, e Oyá muito furiosa. A situação estava quente, pesada. Uma gota de suor escorria do rosto negro e polido de Ogun. Só se ouviam os pássaros e as crianças da aldeia brincando, mas até isso cessou. Parece que o mundo inteiro respeitou e parou para assistir aquele momento.
O silêncio foi interrompido.
- Vai precisar de outro empurrão, ou o guerreiro mais destemido que já se ouviu falar, só batalha com espadas e facões? - Oyá se rende ao deboche
- Você não aguentaria, Oyá! - Ogun respondeu
- Eu sou muito mais forte do que vocês todos são capazes de imaginar! - falou a guerreira
- Ogun não luta com a mulher que ama! - ele terminou
Silêncio!
Ninguém se moveu. Oyá se desarmou, não haviam mais respostas.
Parados ali, um olhando para o outro, eles se relembravam. O rio na época de água calma e fresca, Oyá se banhando, Ogun se aproximando. Lembravam das noites que passavam juntos e que Ogun a admirava até dormir. Lembravam do nascimento de cada filho.
Cada detalhe, cada toque. O guerreiro e a guerreira já não eram tão vorazes.
Ogun desvia o olhar dos olhos de Oyá, passa o olhar em volta e vê quantas pessoas estavam assistindo àquele momento.
- Preciso me preparar para a grande guerra! - ele disse e seguiu seu caminho
Todos voltam ao seus deveres e fingem nunca terem visto nada daquilo, menos Oyá. Ela se aproxima de Alamojú, a abraça e pede pra que ela se esqueça.
- Aquilo não me significou nada. - e entram para casa
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OYA - A mãe dos nove filhos
EspiritualAlamoju, filha mais velha dos nove filhos de Oyá, encarregada de cuidar de seus irmãos, conta a história de sua mãe, de como a encontrou e de como conseguiu reunir tudo isso com a ajuda de muitas pessoas que esbarraram pelo caminho de Oyá. Tudo isso...