Onira, a ninfa

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Oya não sabia como contar à sua filha tudo o que tinha acontecido. Alamoju acordou sem entender nada, apenas viu dois homens estranhos na sua frente e sua mãe agachada.

- Mãe, o que aconteceu? Por favor me responda, não olhe pra mim assim - perguntou a jovem

- Filha, o que importa é que você está bem, vamos andando -

- Eu estou sentindo dor... MÃE, MEU FILHO! - Alamoju se dá conta e se desespera

Oya pega o pequeno corpo de seu neto morto e o enterra ali mesmo.

O vento soprava vorte, era culpa de Oya, seus sentimentos fortes eram capazes de fazer isso. E Alamoju? Alamoju não sabia como continuar.

- Vamos, Mãe... - Alamoju sugeriu voltar para a aldeia depois disso tudo, ela não ia aguentar ficar ali

Oya, Alamoju e Egungun vão andando vagarosamente ainda muito tristes com a situação. Alamoju desacreditada da vida se vira para despedir-se mais uma vez de seu filho. Quando todos se viram, uma surpresa. Uma linda flor rosa brotou de onde fora enterrado o bebê.

Alamoju dá um sorriso, vira-se novamente e abraça sua mãe.

- Vamos ficar bem, mãe! - ela disse

- Nós vamos! - respondeu Oya

E então seguiram seus caminhos.

Toda a floresta ia de encontro ao rio. Alamoju então vê uma mulher de rosa sentada a beira do rio.

- MÃE, VEJA, OSÚN - Alamoju sai correndo ao encontro dela

Oya ri e acompanha sua filha.

A mulher vira-se pra Alamoju e com um sorriso estonteante e com sua pele negra, cheia de vida, diz:

- Que coisa mais graciosa vejo aqui, que linda menina! -

- Mãe, não é Osún, é... espera, é a senhora?! - pergunta Alamoju muito confusa - Yá, ela parece vocês duas, como é possível? - continua

- (risos) Ah, menina... Eu sou Onira, prazer. Sou a ninfa das águas. - responde Onira olhando para os olhos brilhantes e impressionados de Alamoju

- Mas a s-s-senhora parece minha Yá Oya e também Osún, como? - Alamoju continua o questionamento

- Filha, ela sou eu e Osún em uma sintonia só. Ela tem as duas personalidades, os dois trejeitos. Ela é bela, sensual, guerreira, vaidosa, pura, raivosa como Oyá e como Osún.- responde Oya

- Como? - pergunta ainda mais

- Ela é o encanto das águas e da guerra. Ela também é a borboleta mais bela que voa por cima dos rios. Ela é a brisa que paira quando eu formo as tempestades. - termina Oya

- Nossa! Que lindo. - diz Alamoju impressionada sem tirar os olhos de Onira

- Ah, sou apenas a junção perfeita de duas mulheres incríveis desses arredores e cuido e protejo daqueles que precisam de um equilíbrio entre a calmaria e furacão - Onira fala com um sorriso

- Que roupa linda. Nossa! - diz Alamoju

- Deixe disso menina, vai assustar Onira... - fala Oya um pouco incomodada com toda a fissura de Alamoju

- Que nada, cara amiga. Deixe a jovem, ela só estáa impressionada de ver sua mãe e Osún em uma só mulher. Todas as minhas roupas são rosa assim... foi por culpa de um castigo - conta a ninfa

- Castigo? -

- É, eu falo sobre dar equilíbrio à outras pessoas porque eu que era a desequilibrada. De Ósun eu não tinha nada, menina. Eu era só a simples princesa de Irá que vivia furiosa e matando todos que via pela frente. Até que um dia eu fiz uma tal matança que a minha roupa de branca passou a vermelha de puro sangue, acredita? Foi aí que fui consultar um babalawo e ele me disse que Olorun ordenou que eu aprendesse com Osún a ser mais calma, vaidosa e piedosa.Ele me comparou dizendo que eu era "muito Oya" (risos), eu nem sabia quem era Oya, mas ela já era muito conhecida. Então o adivinho que eu me consultava pegou um punhado de Efun, aquele pózinho branco, sabe? E jogou em mim. Minha roupa de vermelha passou a rosa, e essa agora é minha marca registrada, percebeu? Vermelho nunca mais! - contou Onira rindo de sua forma de falar

- E foi procurar Osún? -

- Fui, ela me ensinou muitas coisas, além de me apresentar Oya e vi que éramos realmente muito parecidas, mas agora eu pareço com as duas. - terminou a ninfa

Isso é lindo! - Disse Egungun

- Sim! Muitas coisas e fundamentos foram feitos para que eu fosse o equilíbrio perfeito entre as duas. Por isso sou chamada de ninfa... encantada. Hoje eu sou o verdadeiro encanto e fruto da parceria das deusas Osún e Oyá. - terminou Onira




OYA - A mãe dos nove filhosOnde histórias criam vida. Descubra agora