Acordei do meu necessitado sono em minha cama sentindo cutucadas e empurrões. Apesar de ter acordado, nem sequer abri os olhos. Eu não queria me levantar, por conta do sono. Então fiz birra:
— Só mais cinco minutinhos, mamãe! E eu tô de férias. Deixa eu dormir mais um pouco. — eu disse, puxando o cobertor para o mesmo cobrir a minha cabeça inteira.
Ouvi risos.
— "Mamãe"? Sou eu, Marcos! A gente não ia jogar hoje?
Como eu estava praticamente bêbado de tanto sono, naquele momento eu não consegui assimilar a voz a ninguém e temi que fosse Maria, tornando assim a situação bem constrangedora.
— Qual é, Marcos? — meu cobertor foi puxado de maneira tão bruta que quase caí da cama. — Você disse que hoje a gente ia jogar, bora! Levanta, dorminhoco!
Com o meu cobertor já no chão, abracei meu travesseiro com toda a força, por conta da vergonha. Mas tomei coragem de abrir aos poucos os meus olhos e...
— DAN, VOCÊ TÁ MALUCO?! — exclamei e me sentei na cama. Ele riu.
— Qual o problema? Eu te acordo às vezes. E você não tinha virado o senhor "acordo cedo"?
— É que são... — olhei para o relógio na minha mesa de cabeceira. — Sete e meia da manhã! Você é doente?!
Ele estava olhando para mim e se sentindo incomodado por conta da minha aparência desleixada de ter acordado há pouquíssimos minutos.
— Você tá cheio de remelas. Até pra dormir você faz bagunça. — levou sua mão até meus olhos para tirá-las, mas empurrei seu braço.
Suspirou e disse de braços cruzados:
— Você é mesmo uma bagunça. Mas... — deu umas risadinhas. — você abraçando o travesseiro foi hilário! — e riu mais alto ainda.
— Hahaha. — ri sarcasticamente. — Que desespero pra jogar videogame, hein?
— Ah, e respondendo à sua pergunta, como você sabe, eu normalmente já acordo bem cedo, mas ontem eu dormi mais cedo ainda e nem toquei no computador e já que você tinha acordado cedo ontem, achei que ia manter o hábito, mas acho que não é o caso, né. Então não, não sou doente. — respondeu me zoando. — E além disso, todo mundo na sua casa acorda tipo, umas cinco da manhã. Menos você, é claro. Então sabia que não teria problema vir tão cedo.
— Pera, você não usou o computador?
— Não. Por quê?
— Hum... a Maria vem jogar com a gente hoje. — olhei para o teto tentando disfarçar o quão sem jeito eu estava. — Eu te mandei umas mensagens no ICQ, mas já que você nem tocou no computador...
— Maria? Quem é Maria? — depois de nem um segundo sequer se passar, ele se lembrou. — Ah! — estalou os dedos, por ter lembrado. — É o nome da garota que você foi ter um encontro ontem?
— Não foi um encontro!
— Tá bem, tá bem. Então você foi... hm... — pôs a mão em seu queixo para pensar. — Se encontrar com ela e bater papos. Melhor assim?
— Nem um pouco. — eu estava ficando sem paciência para as brincadeiras dele às sete da manhã já.
— Então espera, você pensou que eu fosse... — mais uma vez, ele começou a gargalhar.
— É, pensei, tá?! Você tem uma voz relativamente fina e eu 'tava intoxicado com o sono!
— Ei! E você não tem uma voz grave também não!
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A Flor Que Nos Uniu
RomanceNo final de dezembro de 1996, sob um Sol infernal e o canto das cigarras, dois jovens - Marcos e Maria - se encontram. Com esse fatídico encontro em uma calma tarde, grandes tremores viriam. Felizes céus azuis, tempestades de prantos, confusões...