Após ter saído do banho já arrumado, e com uma camisa azul, só pra irritar o Dan, que vive dizendo que eu só uso camisas vermelhas; abri a porta do banheiro e o vi deitado na minha cama, com fones de ouvido ligados ao meu walkmen, que ele não pediu emprestado, e de olhos fechados.
Joguei a toalha que estava em meus ombros sobre o abusado. Ele tomou um susto, tirou os fones, mas se ligou que era eu.
— Ei! Eu 'tava ouvindo música. — reclamou.
— Você pediu emprestado o walkmen?
— Acho que eu mereço ouvir um pouquinho de Guns como recompensa por ter ajudado a arrumar seu quarto, não acha? — jogou a toalha de volta para mim, na qual peguei com a minha mão direita, antes que batesse no meu rosto. — E você não vai pentear esse cabelo não?
— Não, ué.
— Típico... — bufou. — Ah, acho que seu ICQ apitou. Não tenho certeza. 'Tava muito na minha.
— E você não me avisou?! — elevei a voz.
— Você 'tava no meio do banho, Marcos. Ia fazer o quê? Arrastar o computador até o banheiro?
— Mas você não poderia ter me avisado assim que eu abri a porta?!
— Você demorou um pouquinho, então fechei os olhos pra ver se o tempo passava mais rápido.
— Eu não demorei!
— Por isso que eu disse "Um pouquinho". Calma.
Joguei a toalha de qualquer jeito no banheiro e corri para o meu computador e vi o meu ICQ, no qual eu tinha deixado aberto.
"Tô saindo de casa, desculpa a demora. Logo chego aí pra falar com vc."
Estava escrito na mensagem. E foi enviada onze e quarenta. Chequei o relógio e...
— Já são meio-dia e meia! Ela vai chegar a qualquer momento!
— Eu disse que você demorou um pouco, não disse?
— E se ela já tocou a campainha e voltou pra casa?! Você ouviu alguma coisa?
— Querido, eu 'tava ouvindo Patience. E é algo que você deveria ter agora.
Saí correndo do meu quarto, desci as escadas com muita pressa e fui até a sala de estar, onde minha mãe estava assistindo televisão.
— Mamãe, a campainha tocou?! — perguntei, ofegante por conta da minha apressada corrida.
— Huh? Não tocou não. — Ela se sentou no sofá que estava deitada para assistir TV e olhou pra mim. — É por causa da sua amiga que vem hoje?
— É. — fiquei aliviado, mas minha respiração continuou ofegante.
Do nada, senti duas mãos em meus ombros.
— Buu! — uma voz feminina disse, me assustando.
Dei um pequeno pulo pra frente e me virei para trás. Era ela.
— Mamãe, você armou contra mim?!
— Queria ver a sua cara de susto. — riu bastante. — Ela chegou tem uns dez minutos. Ficamos conversando. Você fez uma ótima amiga. — disse sorrindo.
Só pude pensar "Por que eu ainda me surpreendo com a minha mãe?". Ela sabe mentir e blefar como ninguém. Tanto que as amigas dela, o meu pai e os amigos do meu pai vivendo perdendo pra ela quando vêm aqui jogar pôquer.
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A Flor Que Nos Uniu
RomanceNo final de dezembro de 1996, sob um Sol infernal e o canto das cigarras, dois jovens - Marcos e Maria - se encontram. Com esse fatídico encontro em uma calma tarde, grandes tremores viriam. Felizes céus azuis, tempestades de prantos, confusões...