Capítulo 3: Chegada

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Após ter saído do banho já arrumado, e com uma camisa azul, só pra irritar o Dan, que vive dizendo que eu só uso camisas vermelhas; abri a porta do banheiro e o vi deitado na minha cama, com fones de ouvido ligados ao meu walkmen, que ele não pediu emprestado, e de olhos fechados.

Joguei a toalha que estava em meus ombros sobre o abusado. Ele tomou um susto, tirou os fones, mas se ligou que era eu.

— Ei! Eu 'tava ouvindo música. — reclamou.

— Você pediu emprestado o walkmen?

— Acho que eu mereço ouvir um pouquinho de Guns como recompensa por ter ajudado a arrumar seu quarto, não acha? — jogou a toalha de volta para mim, na qual peguei com a minha mão direita, antes que batesse no meu rosto. — E você não vai pentear esse cabelo não?

— Não, ué.

— Típico... — bufou. — Ah, acho que seu ICQ apitou. Não tenho certeza. 'Tava muito na minha.

— E você não me avisou?! — elevei a voz.

— Você 'tava no meio do banho, Marcos. Ia fazer o quê? Arrastar o computador até o banheiro?

— Mas você não poderia ter me avisado assim que eu abri a porta?!

— Você demorou um pouquinho, então fechei os olhos pra ver se o tempo passava mais rápido.

— Eu não demorei!

— Por isso que eu disse "Um pouquinho". Calma.

Joguei a toalha de qualquer jeito no banheiro e corri para o meu computador e vi o meu ICQ, no qual eu tinha deixado aberto.

"Tô saindo de casa, desculpa a demora. Logo chego aí pra falar com vc."

Estava escrito na mensagem. E foi enviada onze e quarenta. Chequei o relógio e...

— Já são meio-dia e meia! Ela vai chegar a qualquer momento!

— Eu disse que você demorou um pouco, não disse?

— E se ela já tocou a campainha e voltou pra casa?! Você ouviu alguma coisa?

— Querido, eu 'tava ouvindo Patience. E é algo que você deveria ter agora.

Saí correndo do meu quarto, desci as escadas com muita pressa e fui até a sala de estar, onde minha mãe estava assistindo televisão.

— Mamãe, a campainha tocou?! — perguntei, ofegante por conta da minha apressada corrida.

— Huh? Não tocou não. — Ela se sentou no sofá que estava deitada para assistir TV e olhou pra mim. — É por causa da sua amiga que vem hoje?

— É. — fiquei aliviado, mas minha respiração continuou ofegante.

Do nada, senti duas mãos em meus ombros.

— Buu! — uma voz feminina disse, me assustando.

Dei um pequeno pulo pra frente e me virei para trás. Era ela.

— Mamãe, você armou contra mim?!

— Queria ver a sua cara de susto. — riu bastante. — Ela chegou tem uns dez minutos. Ficamos conversando. Você fez uma ótima amiga. — disse sorrindo.

Só pude pensar "Por que eu ainda me surpreendo com a minha mãe?". Ela sabe mentir e blefar como ninguém. Tanto que as amigas dela, o meu pai e os amigos do meu pai vivendo perdendo pra ela quando vêm aqui jogar pôquer.

A Flor Que Nos UniuOnde histórias criam vida. Descubra agora