Capítulo 20: Pré-folia // Pós-ardor

21 0 0
                                    

Eu e Dan estávamos dentro da escola. Perto da porta e sob um Sol forte, com nossos uniformes brancos com detalhes lilases e extremamente abafados.

— Essas aulas já são um inferno no começo do ano. — reclamei, com cabeça baixa.

— Não vejo problema. Só detesto não poder usar meu boné. — Dan respondeu.

— Claro. Você é o senhor certinho.

— Tsc. Como tá a Maria?

— Acho que está igual você. Conseguindo acompanhar o ritmo. Não reclamou de nada nas nossas últimas conversas, né.

— Casalzinhoooo... — me provocou, olhando pra cima e deixando o Sol bater em seu rosto.

— P-para com isso! Achei que ia parar depois daquele "Com quem será?" no meu aniversário.

— É só brincadeira. Eu sei que vocês são só grandes amigos. Né?

— É...

— E o aniversário dela é em menos de um mês. Algum ideia pra presente?

— Tenho sim! Eu falei com meus pais e a gente vai dar um Nintendo 64 pra ela.

— Um... O QUÊ?

— Impressionante, não? Eles disseram que não tinha problema algum. — me gabei.

— Eu não esperava por isso. — começou a dar uma risada maléfica. — Eu vou dar um Playstation pra ela!

— QUÊ?! Qual é?! Não vale! Vai diminuir a importância do meu presente!

— A intenção era o meu presente ser o melhor, mas pelo visto deixaremos ela decidir.

— Desgraçado...

Ouvimos uma buzina vindo do lado de fora da escola. Era a buzina do carro dos pais do Dan.

— Opa, tô indo. — se levantou e pôs sua mochila nas costas. — Até amanhã, Marcos.

— Até.

Relaxei e respirei um pouco. Mas me perguntei por que o Dan não iria pra casa de bicicleta comigo. Esse rápido questionamento saiu da minha cabeça quando pedalei em direção ao parque, sentindo o vento no cabelo e no estranhamente confortável uniforme, junto da leveza típica de mochilas no começo do ano. Os barulhos metálicos da bicicleta me acalmavam, tanto quanto o barulho das folhas daquela distante e especial parte do parque que em poucos momentos já ouviria.

Fiquei sentado apoiado no tronco da já minha amiga árvore em frente ao canteiro, esperando de olhos fechados apenas o som daquela familiar voz.

— Marcos? — ouvi de longe a fina voz. Logo depois, passos se aproximando de mim com uma certa cautela. Ela estava vindo de fininho. Os passos da passarela de concreto viraram passos na grama e quando eu senti a presença dela perto de mim, não consegui conter o riso. Sorri e falei:

— Buu! — a assustei, ao menos um pouco. Apenas se moveu pra trás de maneira quase imperceptível.

— 'Tava na cara que você não 'tava dormindo, bobão.

— Qual é, eu sou um bom ator.

— Neeem um pouco.

— Exigente demais você. — fiz uma cara emburrada.

— Como foi a semana? Apesar de não ter acabado ainda.

— Uma droga. Segunda semana de aula já tem matéria mesmo. Gosto é da preguiça da primeira semana.

— Reclamando de barriga cheia! Semana que vem é carnaval.

— Tá parecendo minha mãe!

— "Mãe" ou "Mamãe"? Hehe. — deu um sorriso maléfico.

A Flor Que Nos UniuOnde histórias criam vida. Descubra agora