Capítulo 8: Três dias de comemoração

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Como os pais do Dan são muito festeiros, eles convidaram eu e Maria pra ficarmos lá na casa deles do dia quatorze até o dia dezesseis.

O papai me deixou no portão da casa do Dan com um monte de tralha que a mamãe fez questão que eu levasse.

Olhei pro portão, sob um sol dos infernos, segurando um monte de bolsas. E um monte de coisas que a mamãe ficou me azucrinando ficaram pairando sobre a minha cabeça.

"Não esqueça de tomar banho e escovar os dentes todo dia! [...] Não seja mal educado! [...] Penteia esse cabelo! [...] Só entregue o presente no dia quinze! [...] Não fique muito largado! [...] Não durma demais! [...] Não esqueça de comer! [...] Não ande de cueca pela casa!"

Balancei a cabeça de um lado pro outro pra tirar a voz dela da minha cabeça e falei sozinho.

— Eu sei, mamãe...

Larguei as bolsas por um instante e toquei a campainha. Em pouquíssimo tempo depois, pelas grades ao lado da porta, na qual saem os carros dos pais dele, o vi correndo pelo quintal em direção ao portão.

Assim que ele abriu o portão, ele praticamente se jogou em mim com um abraço bem forte.

— Oi, Marcos!

— D-Dan — tentei falar, por estar sem ar devido ao abraço forte. — A gente se viu anteontem. Por que um abraço tão forte?

— Foi mal. — me soltou e olhou para o monte de bolsas que 'tavam ao meu lado na calçada. — Vishe, quanta coisa. Deve estar pesado. Deixa que eu te ajudo.

— Ufa. Obrigado.

Entreguei algumas das tralhas pra ele me ajudar, mas quando ele ia pegar na bolsa de plástico, eu me lembrei da voz ameaçadora da mamãe na minha cabeça.

"NÃO DEIXE ELE TOCAR NO PRESENTE ANTES DO DIA QUINZE!"

— D-deixa que essa eu levo! — a peguei rápido.

— Hm? — ele me olhou confuso. — Tá bem, né.

Enquanto andávamos pelo quintal em direção à porta, ele disse:

— Você trouxe coisas pra passar três dias ou três meses?

— Culpa da mamãe.

— Essas bolsas todas são só de roupas?

— E toalhas, sabonetes, shampoos, condicionadores e...

— Você sabe muito bem que tem tudo isso aqui separado pra você.

— Diz isso pra ela!

Quando chegamos à porta, ele a abriu e entrou primeiro. Assim que entrei e me deparei com a sala de estar, mais uma pessoa se jogou pra me abraçar. Desta vez, Maria.

— Por que... vocês... dão... abraços... tão... apertados? — tentei falar.

— Desculpa, desculpa. — me soltou e começou a rir.

Dan também riu um pouco.

— Não tem graça! — esbravejei. — Dói, poxa!

— Eu hein. Se acostume com afeto humano. — Dan brincou.

Maria estava olhando pra quantidade de coisas que eu e ele trouxemos e perguntou:

— Hum... por que tantas bolsas?

— A mamãe... — eu disse.

— A tia Carla... — Dan disse ao mesmo tempo que eu.

— Tem uns parafusos a menos. — falamos juntos.

A Flor Que Nos UniuOnde histórias criam vida. Descubra agora