Capítulo 18: Gotas d'água

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Acordei tarde num dia chuvoso. Os pingos de chuva faziam um ótimo som. Como estava chovendo, percebi que eu não precisaria sair.

Me levantei, envolto pelo meu cobertor e liguei o computador, estando sonolento. Depois de alguns minutos e de eu quase ter dormido sentado, abri o ICQ. Maria não estava online, como esperado. Então, mandei uma mensagem:

"Tá chovendo, mas vai ficar tudo bem."

Com isso, me levantei da cadeira, saí do meu quarto e desci as escadas. Fui até a cozinha e já estava tendo confusão em casa.

— Pai, eu tô pedindo com SEIS MESES de antecedência. Por que você não deixa?

— Porque eu tenho medo dessas suas festas, Rebeca.

— Não terá nada demais! Só que todo mundo da escola vai a essa festa!

— E você precisa ir por isso?

— Eu quero me divertir!

— Eu não teria problema, se você já não tivesse histórico...

— Por favor! Eu vou me comportar até lá e depois também! Confia em mim!

— Não, filha. É pro seu próprio bem.

— Por que você me odeia tanto?!

Suspirei e fui até a sala de estar, onde os dois discutiam.

— Papai... — os interrompi. — Se eu for com ela, você deixa?

— Por que você quer, Marcos?

— Porque ela é minha irmã e realmente não é justo eu sair toda hora e ela não poder. Eu cuido dela.

— Pirralho... — ela disse, olhando pra mim.

— Marcos, você também não é a face da responsabilidade...

— Então eu vou com o Dan e com a Maria junto! Pode confiar em nós! Por favor, ao menos pensa.

— Bom... — ele bufou. — São seis meses de antecedência. Posso pensar até lá...

— Obrigado, papai.

— "Pensar"?! Mas—

— Rebeca! — a adverti.

— C-certo.

Voltei até a cozinha e ela me seguiu.

— Por que você fez isso?

— Eu 'tava sendo honesto, sabe? Não acho que é justo. E eu quero diminuir um pouco o estresse daqui de casa. — respondi, calmamente fazendo um mingau de farinha láctea.

— Sério? Bom, obrigada...

— Você ainda é minha irmã, idiota.

— E você tá estranho hoje...

— Acho que é a chuva.

— Como?

— Nada. Onde tá a mamãe?

— Foi ao mercado. Mas, sério, obrigada... pirralho.

— De nada.

Ao terminar de preparar meu café da manhã, levei a tigela em minhas mãos em direção à escada. Ela me parou.

— Você... tá diferente.

— Tô?

— Sim. De um jeito bom, pirralho. E você parece mais feliz.

A Flor Que Nos UniuOnde histórias criam vida. Descubra agora