Capítulo 13: Céus azuis

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Ela ficou me encarando em pé, de braços cruzados com uma cara de desconfiança e preocupação.

— Tem certeza que é bom mesmo chamá-lo? Seria melhor você ir pra casa.

— Se eu for, a mamãe me mata.

— Mas, o que ele pode fazer, Marcos?

— Bom, primeiro eu quero contar pra vocês uma novidade. E segundo, ele vai trazer comida.

— Como tem tanta certeza disso?

— Ele é o Dan, oras. Não vai me deixar nessa situação. — sorri e coloquei as mãos na minha nuca. — E ainda mais, ele adora esfregar na minha cara que sou irresponsável. Certeza que ele não vai querer perder essa chance.

— Certo... — bufou. — Então, tô indo. — começou a andar, mas eu gritei:

— PERA!

— O que foi? — se virou.

— Se você ligar pra casa dele, é provável que os pais dele ouçam e acabem falando isso pra mamãe e pro papai!

— Então o que você sugere, senhor desmaio? — cruzou novamente os braços.

— Ele tem um telefone no quarto dele, se lembra? E a linha é diferente da linha da casa dele. Então, não tem como os pais dele ouvirem.

— Bom, mas eu não tenho o telefone...

— Eu sei de cabeça! Você tá com o seu caderninho de anotações?

— Eu sempre tô com o meu caderninho.

— Então, pode me dar pra eu anotar?

— P-posso, mas...

Ela corou, pegou o caderno de anotações, rasgou uma folha e me deu a caneta rosa que ela usa para escrever nele.

Escrevi rapidamente o número no papel.

— Aqui. — entreguei na mão dela.

— Okay. — ela encarou o papel. — Mas... nossa.

— O que foi?

— Eu esperava que você tivesse uma letra feia. É estranhamente muito bonita.

— Ei!

— Bom, você é uma bagunça, né.

— Pior que eu sou... ah... err... você tem cartão pra usar no orelhão? Eu meio que esqueci o meu em casa, nessa correria. Desculpa...

— Tenho sim, não tem problema. Já volto. Fique aí. E NEM PENSE EM LEVANTAR.

— Certo, certo.

Vi ela se distanciando e sumindo por entre as árvores. O parque sempre deu uma sensação de calmaria, e essa não foi uma exceção. Olhei pro canteiro de flores e cada uma estava linda. Aos poucos, minha respiração foi ficando mais lenta, minhas pálpebras ficaram pesadas e resolvi descansar um pouco.

Mas, como sempre, ficar em paz dormindo ou sequer dando um cochilo é algo impossível pra mim. Cutuques e empurros me perturbaram.

— Marcos. Marcos! Você dorme com tanta facilidade assim?!

Acabei tomando um susto, caí de lado e acabei falando com medo:

— M-mamãe, por favor, só não tira meu computador!

Ao perceber a cena ridícula que eu acabei de passar, já era tarde demais. Ela já estava com uma de suas mãos cobrindo sua boca e dando risadas. Como caí de lado, aproveitei e me deitei no chão gramado.

A Flor Que Nos UniuOnde histórias criam vida. Descubra agora