— Marcos!
— Ah, oi.
— OLHA POR ONDE ANDA! — Dan me segurou pelo braço pra eu não cair da escada.
— Foi mal, foi mal! Desculpa!
— Por que você tá me encarando tanto ao ponto de quase ter caído da escada e ter se estabacando por completo feito jaca madura?
— Ah, são seus óculos.
— Meus...? — corou um pouco. — Eu tô estranho com eles?
— Não, não! Você tá ótimo! — fiz um sinal de positivo com o polegar. — Só sou eu que sou estranho e vou demorar um pouquinho pra acostumar.
— Certo... — bufou. — Ah, desta vez você vai comer ou vai sumir que nem algumas vezes antes do Carnaval?
— Comer?
— Sabe... recreio. Onde 'tamos indo, descendo escadas. As que você quase caiu.
— AH, É. Vou comer contigo sim! É que eu tô muito concentrado em outras coisas, foi mal. Coisas que envolvem eu não ter comido contigo. Projetos secretos, hehehe...
— Ai ai... já tenho até ideia do que deve ser, mas você vai acabar negando de qualquer jeito — ajeitou os óculos.
Chegamos na cantina da escola e havia uma fila gigantesca, como sempre.
— Marcos, eu pego a mesa hoje e você guarda o lugar na fila. Amanhã a gente troca.
Uns minutos depois, compramos nossos lanches e pudemos finalmente comer em paz. Sentamos um em frente ao outro.
— Então, — disse ele, limpando a boca depois de ter engolido a mordida que havia tirado de seu croissant — quantos dias da semana você comerá e quantos dias você ficará trabalhando nesse "projeto secreto"?
— Não faço ideia! — engoli o resto de hambúrguer seco na boca. — Eu vou de acordo com o que precisar.
— Aham... — ele olhou para mim, prestando estranhamente muita atenção. — Eu vou ter que cuidar até se você come, agora?
— Ei, eu não preciso de alguém que cuide de mim! — peguei o copo de refrigerante para dar um gole.
— Claro que precisa — sorriu.
— Preciso não!
— Claro que precisa! Você não é responsável!
— Você tá falando igual minha mãe...
— Hehehe... mãe ou "mamãe"?
— VOCÊ TAMBÉM?!
— Huh?
— Maria disse a mesma coisa com esse olhar "condescente"
— Quê? Ah... você quer dizer "condescendente"?
— Deve ser isso aí.
— Seria uma boa prestar mais atenção nas aulas de português.
— Seria uma boa cuidar mais da sua própria vida, quatro olhos.
— EI! — bateu na mesa. — Eu me preocupo demais contigo, sua ANTA!
— Anta?! Ei! Vai se ferrar! — vi que ele estava bem sério. — Mas tá... desculpa. Eu sei que você se preocupa.
— Humpf. — deu um gole em seu suco de guaraná, parecendo sério. Após engoli-lo, voltou ao seu tom leve de sempre. — Mas e aí, como foi o Carnaval? — perguntou com o copo ainda na mão.
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A Flor Que Nos Uniu
RomanceNo final de dezembro de 1996, sob um Sol infernal e o canto das cigarras, dois jovens - Marcos e Maria - se encontram. Com esse fatídico encontro em uma calma tarde, grandes tremores viriam. Felizes céus azuis, tempestades de prantos, confusões...