Capítulo 24: Casa Aberta

5 0 0
                                    

— Marcos!

— Ah, oi.

— OLHA POR ONDE ANDA! — Dan me segurou pelo braço pra eu não cair da escada.

— Foi mal, foi mal! Desculpa!

— Por que você tá me encarando tanto ao ponto de quase ter caído da escada e ter se estabacando por completo feito jaca madura?

— Ah, são seus óculos.

— Meus...? — corou um pouco. — Eu tô estranho com eles?

— Não, não! Você tá ótimo! — fiz um sinal de positivo com o polegar. — Só sou eu que sou estranho e vou demorar um pouquinho pra acostumar.

— Certo... — bufou. — Ah, desta vez você vai comer ou vai sumir que nem algumas vezes antes do Carnaval?

— Comer?

— Sabe... recreio. Onde 'tamos indo, descendo escadas. As que você quase caiu.

— AH, É. Vou comer contigo sim! É que eu tô muito concentrado em outras coisas, foi mal. Coisas que envolvem eu não ter comido contigo. Projetos secretos, hehehe...

— Ai ai... já tenho até ideia do que deve ser, mas você vai acabar negando de qualquer jeito — ajeitou os óculos.

Chegamos na cantina da escola e havia uma fila gigantesca, como sempre.

— Marcos, eu pego a mesa hoje e você guarda o lugar na fila. Amanhã a gente troca.

Uns minutos depois, compramos nossos lanches e pudemos finalmente comer em paz. Sentamos um em frente ao outro.

— Então, — disse ele, limpando a boca depois de ter engolido a mordida que havia tirado de seu croissant — quantos dias da semana você comerá e quantos dias você ficará trabalhando nesse "projeto secreto"?

— Não faço ideia! — engoli o resto de hambúrguer seco na boca. — Eu vou de acordo com o que precisar.

— Aham... — ele olhou para mim, prestando estranhamente muita atenção. — Eu vou ter que cuidar até se você come, agora?

— Ei, eu não preciso de alguém que cuide de mim! — peguei o copo de refrigerante para dar um gole.

— Claro que precisa — sorriu.

— Preciso não!

— Claro que precisa! Você não é responsável!

— Você tá falando igual minha mãe...

— Hehehe... mãe ou "mamãe"?

— VOCÊ TAMBÉM?!

— Huh?

— Maria disse a mesma coisa com esse olhar "condescente"

— Quê? Ah... você quer dizer "condescendente"?

— Deve ser isso aí.

— Seria uma boa prestar mais atenção nas aulas de português.

— Seria uma boa cuidar mais da sua própria vida, quatro olhos.

— EI! — bateu na mesa. — Eu me preocupo demais contigo, sua ANTA!

— Anta?! Ei! Vai se ferrar! — vi que ele estava bem sério. — Mas tá... desculpa. Eu sei que você se preocupa.

— Humpf. — deu um gole em seu suco de guaraná, parecendo sério. Após engoli-lo, voltou ao seu tom leve de sempre. — Mas e aí, como foi o Carnaval? — perguntou com o copo ainda na mão.

A Flor Que Nos UniuOnde histórias criam vida. Descubra agora