Bônus

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Da mesma forma de antes, fazia as minha malas na mesma intensidade. Resolvi ouvir o que meu pai tinha me dito. Coloca minhas roupas um encima da outra, com um sorriso no rosto. Não sei o que eu achava que iria encontrar, mas algo saiu de cima de mim, e me sinto mais leve. Thomas pode ainda está a ser um bruto, mas tudo que eu conseguia pensar, é que eu estou fazendo o meu melhor para que o meu relacionamento der certo. Pode ter consequências, eu sei disso, posso não ser bem recebida, mas como meu pai disse " Siga o seu coração, sem arrependimentos" e é exatamente o que eu vou fazer.

— Então é verdade. — minha mãe resmungou atrás de mim.

Opto por não olhar o seu rosto, guardando as minhas respostas para mim. Não quero sair daqui brigada com ninguém, e se minha mãe continuar a fazer esse tipo de coisa, sabendo que sempre responderei as suas implicâncias, nunca haverá um dia em que não estaremos com rancor uma dá outra. Fecho minha mala, sorrindo para Rose, a segurar um vestido, a uns passos atrás da minha mãe.

— Vai me ignorar? — perguntou, descrente. — Eu estou tentando fazer o melhor para você, e tudo que eu recebo em troca é isso?

Molho meus lábios, inclinando minha cabeça pra cima. Um suspiro é deixado por mim, assim como meus ombros que também caiem com o olhar reprovador que recebo.

— O que você quer que eu diga, mamãe? Que eu estou mesmo indo embora, acho que isso já está bem claro.

— Você realmente não entende que Thomas não é bom pra você, e quando ele pode te deixar ir, você vai voltar? Aproveita a oportunidade que ele está te dando, Ashley. Thomas decidiu te deixar, nem sequer uma ligação você recebeu essas semanas, e agora você vai?

Passo minhas mãos pelo meu rosto. Eu sei que ele não me ligou, nem me mandou nenhuma pequena mensagem. Mas eu sei que ele precisa de mim. E que tipo de esposa eu seria se o largasse no primeiro problema que aparece? Eu não sou assim, sempre estive para aqueles que sempre estiveram para mim, hoje não pode ser diferente.

— Obrigada por si importar comigo, mãe. — sorrio. — Mas eu sei o que eu quero, eu sei como devo viver a minha vida. Acho que já sou capaz de cuidar de mim mesma, de decide o que eu quero para mim, e eu quero voltar para minha casa, para o meu marido. — respondo, tentando ao máximo não acrescentar outras coisas que poderiam magoar nós duas. — Me desculpa se isso não é o que você quer. Mas eu fiz o máximo que eu pude, mamãe. Desculpa.

Caminho até ela em passos largos. Paro em frente a seu rosto, lhe dano um abraço e um beijo rápido na bochecha.

— Eu amo você. — sussurro. — Espero que um dia todos nós podemos viver uma vida normal.

                            ****

Colocando meus pés para fora do carro, observava a frente da casa, parecendo que a deixei há anos. Meus olhos passam pelo jardim, e meu peito dá um salto. Naquele dia eu senti tanta raiva, pelo meu jardim, pelo meu orgulho, pelo fracasso que estava meu casamento, e aonde nós tínhamos chegado. Hoje eu estou aqui, deixando tudo isso para trás, para tentar mudar o que já estava indo de mal a pior. Em primeiro lugar, não deveria nunca ter achado que tudo seria bom com o tempo, deixar as minhas esperanças em algo tão ridículo como isso. Talvez o tempo ajude, mas não quando o estrago já foi feito desdo começo, eu substimei os problemas de Thomas, eu lhe substimei. Eu nunca soube do que ele precisava, porque eu não achava que era algo que deveria me preocupar, achei que não tentar bancar a esposa curiosa me daria uns pontos a mais. Mas eu acho que tudo que o Thomas precisava de mim, era interesse, em seus assuntos, no seu passado, talvez assim não teria motivos para magoar um ao outro.

Solto um suspiro longo, seguindo meu caminho. Não acho que uma hora dessas ele esteja em casa, mas acabo de chegar, e essa também é minha casa, então não tenho porque ficar nervosa sobre isso. Paro de frente para a porta, encontrando um pouco de ironia ao perceber que eu tinha tocado a campainha. Revirei meus olhos, abrindo a porta antes mesmo de alguém chegar para me atender. Em três passos que dou para frente, volto quatro ao dá de cara com a pessoa que foi o responsável por eu ter ido, como por eu ter voltado. Thomas me olhava admirado, um pouco assustado com a minha presença também, aparentemente, pois tudo que faz, é me olhar nos olhos. Eu também não fico atrás, eu estava decidida, tinha pensado em como falaria assim que o visse, mas não achei que seria tão abrupto o nosso encontro.

— Oi. — Resmunguei, ao ver que ele não daria a primeira palavra.

— Oi. — retrucou após um tempo, com um meio sorriso.

Uma das minhas mãos seguraram a mala e a outra apertava o celular. Ninguém falava mais nada, eu ainda estava do lado de fora, como Thomas ainda permanecia distante. Desvio nossos olhares, com o toque do meu celular. Olho para a tela, atendendo o imediatamente com um sorriso descontraído. Meu pai me ligava, era tudo que deu precisava para sair dessa coisa estranha que nós estávamos fazendo.

— Em perfeito estado. — respondi uma das suas perguntas.

Steve não me dava tempo de responder mais nenhuma pergunta depois de deduzir que eu já estava em casa. Sorria, desviando novamente meus olhos de Thomas que já não tinha mais uma expressão tranquila em seu rosto.

— Pai. — O parei. — posso ligar mais tarde? Eu acabei de chegar, estou praticamente na porta da rua. — brinquei, para não parecer nervosa.  — Eu ligo pra você, assim que eu descobri o que fazer da minha vida, eu prometo.

Dessa vez, nada me impedia de entrar na minha casa. Após deixar aqueles olhares para o passado, fecho a porta atrás de mim.

— Precisamos conversa. — declarei.

Gente, pelo amor de Deus, alguém de alma bondosa me indiquem um livro para curar a minha ressaca literária. Eu não consigo mais ler nada, bate uma preguiça, sei lá.

Um Dia Tudo MudaráOnde histórias criam vida. Descubra agora