Capítulo 25

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Bato meus dedos sobre a minha barriga, com meus pés para cima, colados na parede. Repasso na minha cabeça o que teria acontecido com os pais do Thomas, procurando por algo que me dê algumas pista. Thomas não me contou sobre nada, mas talvez tenha deixado algo para trás e não viu, nem eu mesma percebi, porque antes eu não estava procurando nada. O problema, provavelmente, sempre esteve na minha frente, mas eu nunca soube o que é. E agora Franklin, que fica sussurrando coisas para mim a cada momento em que tem uma oportunidade, me deixando mais curiosa e, ainda mais preocupada. Eu não sei o que ele pretende com isso, talvez por isso, eu esteja dessa forma. Eu não o conheço, mas pelo que ele demostrou, não está tentando fazer algo para o bem do seu sobrinho, muito pelo contrário.

- O que está fazendo aí? - Mary, resmungou, sentando com dificuldade ao meu lado.

- Pensando. - sussurrei, forçando um sorriso.

- Você não está bem, não é? Sente falta dele? - perguntou, encostando suas costas na parede, para olhar melhor o meu rosto.

Mordo meus lábios. Eu não diria que isso é saudades, mas..

- Talvez.. - fecho meus olhos. - Já teve a sensação de está fazendo o certo, mas ele parece tão errado? Eu sinto isso em estar aqui, mãe. Eu não sei se deveria estar ao seu lado, o apoiando para seja lá o que tiver acontecendo, mas em vez disso, eu fugi.

- Você sabe o que eu acho sobre o seu namorado...

- Ele é meu marido.. - murmurei contra a sua resposta.

- Desdo início você sabia que ele não era o melhor pra você, mas por sei lá o quer, você ainda insistiu em ficar com ele. Eu e seu pai te avisamos, Ashley. Thomas nunca foi alguém confiável pra nós, você também tinha noção disso, mas mesmo assim, ficou com ele, casou-se com ele. E o que você quer que eu te diga? Que volte para lá?

Suspiro fundo.

- Você gostava dele, todos gostavam dele. Thomas erra uma vez e vocês já o atacaram, o que você mamãe, queria que ele fizesse?

- Eu queira que ele te deixasse. - esbravejou. - Queria que ele tivesse ido para bem longe de você.

Abro meus olhos, me colocando sentada de frente para ela.

- Fico feliz que ele não tenha feito. - refultei. - Thomas foi a única pessoa que sempre esteve comigo, fora o papai. Mas você nunca tinha tempo pra mim, mãe. E quando tinha só sabia falar uma única coisa, que Thomas não era para mim, que teria outros garotos por quem eu me interessaria, mas alguma vez você perguntou pra mim porque eu amo o Thomas? Você já sentou comigo e me perguntou o que eu sentia quando o via, quando estávamos juntos? Não, mãe! Você nunca se preocupou em fazer essas perguntas, porque achou que tudo que eu sentia era passageiro... E quando você viu que talvez não era, começou a se aproximar, me fazendo ter dúvidas. Você não estava preocupada comigo, tudo que você queria era um genro perfeito, mas eu não consegui te dá isso.

- É isso que você pensa de mim? Da sua mãe?

Cubro meus olhos com minhas mãos. Eu não queira ter dito nada parecido com isso. No entanto, as palavras saíram facilmente. Mas sempre foi assim, minha adolescência toda, tudo que importava pra ela, era o que ela vestiria no dia seguinte, o que de novo teria para comprar no outro dia, o que suas amigas pensaria. Eu posso está sendo dura, mas essa sempre foi a verdade, ela está tentando mudar isso agora, porque já está mais velha, provavelmente, as coisas que antes ela tinha interesse, passou a ser fútil. Mas isso não torna a verdade menos verdadeira. Quando eu precisava dela, ela não tinha tempo, porém depois que eu me casei, às coisas passaram a ser diferentes. Parece que eu ganhei uma mãe de presente.

- É por isso, Ashley. - reclamou. -Thomas começou a ter um efeito negativo em você.

- Mãe... - suspirei. - Eu já expliquei para o meu pai, talvez eu tenha que dizer isso pra você também. Eu amo o Thomas, e tudo bem parecer ridículo pra você, mas isso não vai me fazer para de amá-lo, entende? Eu sei que Thomas é um idiota, que ele não tem nada de perfeito, mas o que eu posso fazer? Às vezes eu também queria deixar de amá-lo, mas não é assim que as coisas funcionam, você e nem ninguém pode mandar no que eu sinto. Eu sinto muito... - resmunguei, chorosa.

Levanto do chão, caminhando para fora do quarto. Ninguém escolhe quem deve amar e quem deve odiar, às coisas acontecem. Talvez várias pessoas queriam poder ter isso, esquecer quem quiser, amar quem quiser, mas daí, não seria amar, seria escolha.

****

Procuro meu celular, adiantando já em pensamentos o que responder a Harry, e o que enviar a Thomas. Aparentemente, Harry quer manter contato comigo, porque acha que assim conseguirá ter mais chances de se aproximar do seu irmão, ter uma boa relação com a cunhada deve ser um bom caminho, pelo menos é o que ele pensa. Porém se ele soubesse o que está acontecendo com nós dois, ele não viria até mim pedir ajuda.

Harry têm vinte e um anos e não sabe como falar com o irmão mais velho. Parece até uma criança, é engraçado a forma como ele ver isso. Respondia que voltaria assim que possível, como se tivesse algo me impedindo de voltar, talvez o meu orgulho. Eu queria que Thomas me pedisse para fazer tal coisa, não queria ser eu a decidir ir primeiro. Eu quero que ele sinta a minha falta.

Com esse pensamento, deixo meu celular de lado, assim que término de digitar para Harry. Eu pensei em rever as minhas ações e enviar-lhe algo parecido com um "eu estou aqui pra você", mas não seria algo que eu deveria fazer com base nos meus feitos anteriores. Eu quero que ele peça pra eu voltar, não que eu me ofereça pra isso.

Eu sei que ele têm problemas, mas enquanto ele não me pedir para voltar, eu vou ficar aqui, até o meu orgulho permitir.

Não saberia qual seria a sua reação ao ver que mal passou três semanas, e sua esposa que se ofereceu livremente para ir embora, iria lhe acordar com uma mensagem de bom dia.

Eu nunca pensei em ter esse tipo de problema no meu casamento, talvez tenhamos casado muito cedo, mesmo sabendo que isso iria acontecer de uma forma ou de outra, deveríamos ter esperado. Mas parecia tanto tempo que estávamos juntos, e tudo que tinha acontecido eram brigas por motivos banais, nunca foi algo que nos distanciasse por tanto tempo. Por que diabos isso tinha que ter acontecido agora?

Eu e Thomas nos conhecemos a seis anos, cinco de namoro e um de casados, e parece que não nós conhecemos de verdade. Eu não o conheço, porque ele sabe tudo sobre mim, exatamente tudo. Só queria que ele confiasse em mim, assim como eu confio nele.

Talvez assim, não teríamos esses problemas.

- Como você está? - meu pai perguntou, beijando brevemente a minha testa.

Sorriu, segurando a sua mão em meu rosto.

- Muito bem.

- Você não parece bem. - murmurou, sentando ao meu lado do sofá.

- Não quero falar sobre isso, pai. - sussurrei, deitando minha cabeça em seus ombros. - Dá última vez, minha mãe ficou sem falar comigo.

Ouço o seu riso, e acabo deixando um pequeno sorriso brotar em meus lábios.

- Nada do que você faça ou fale vai me afastar de você, querida. Eu sou o seu pai, ficarei ao seu lado independente de qualquer coisa. E, nós dois sabemos como é a sua mãe, tudo que a contraria, já lhe é um motivo para fazer um bom drama.

Sorriu novamente. Agarro em suas mãos, com nós dois em silêncio.

- Nunca faça o que os outros esperam que você faça, Ashley. Siga somente o seu coração, e se nada ser certo, nunca pense no que poderia ter feito de diferente, apenas aceite o destino sem arrependimentos.

Olho para ele, dando lhe um beijo demorado na sua bochecha esquerda.

- Eu amo você, pai.

Um Dia Tudo MudaráOnde histórias criam vida. Descubra agora