One

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Foi algo muito instantâneo; eu caí,fechei os olhos e ao abrir já estava aqui,nesta situação,numa cama de hospital rodeado de paramédicos. Eu mal lembro a causa de estar aqui,até um deles me esclarecer um pouco.

- Mark,quantos remédios você tomou? Se lembra? - uma mulher com olhos cor de mel,dando-me a impressão de já ter visto pares parecidos pronunciou.

Flashbacks surgiram em minha mente,bem vagos,mas surgiram.

- Eu não sei,eu apenas peguei..a maior quantidade que pude. - engoli seco ao relembrar,começando a me auto indagar porque havia feito aquilo,eu não conseguia me lembrar do que havia acontecido antes,nada chegava até mim como resposta.

Apenas meu nome sobressaía de meu consciente,até porque o pronunciavam a todo instante. Fora isso,nada lembrava,só se me questionassem algo relativo a algum acontecimento passado.

Foram ouvidas três batidas na porta daquele quarto hospitalar,a mulher posicionada ao meu lado logo focou seu olhar ali, direcionando-se até lá.

- Parece que você tem visita. - sorriu ao ver quem era.

- Prosseguiremos os exames depois,tudo bem? - declarou,prestes a sair do quarto dando lugar a outra pessoa,que ao ver nitidamente que era agora minha mãe.

- Meu filho..- ao ela se aproximar de mim,me senti confuso,parte de seu rosto se encontrava desfocado através de meus olhos,mas aos poucos era como se algo começasse a desenhar com foco os traços de seu rosto,tendo uma visão mais clara.

- Você..você quase me matou,sabia? Ah meu Deus,não devia ter saído de casa. - levou sua mãos até a testa,logo elevando para meu rosto,onde acariciava,fixando seu olhar no meu,como se analisasse algo em mim; afinal,mãe é mãe.

- Eu estou bem agora,mãe. Não se preocupe. - fiz uma mínima força para tocar seu braço que estava estendido para acariciar minha pele.

- Me desculpe por isso,me perdoe. Eu não queria fazer a senhora se sentir assim,tão preocupada. - meus olhos estavam levemente pesados,isto era a causa de certas lágrimas acumuladas dentro de mim,eu via em seu olhar sua preocupação,mas também seu alívio por estar vivo em sua frente,ao vivo e em cores.

- Eu espero que faça mais nada igual novamente. - deitou sua cabeça em meu peito,fazendo-me sentir aquele calor satisfatório,aquele calor de segurança,calor de proteção,calor de mãe.

- Eu falei com Hyun-Jae sobre sua situação,ela ficou agitada por isso,sua pressão chegou até a cair. - mamãe dizia ao se recompor para a posição anterior.

"Hyun-Jae",quem era? Nunca nem se quer havia escutado este nome em minha vida,era completamente bizarro aquilo. Tentava achar algo em minha mente,alguma resposta,alguma lembrança relativa a este nome,mas,nada.

- Mãe,quem é Hyun-Jae? - apertei os olhos,a encarando.

- M-Mark! Hyun-Jae era.. - pausou sua fala,como se uma trava a impedisse de prosseguir.

- Uh? - esbocei um pedido para que continuasse a dizer.

- V-você..não se lembra? - ela gaguejava freneticamente,seus olhos estavam semicerrados.

- Não mãe,me diga,quem é Hyun-Jae? - mais uma vez questionei sobre o nome que lutava para não entrar em minhas memórias.

- Eu preciso falar com algum médico. Eu já volto,uh? - suas palavras se tornaram rápidas ao serem pronunciadas,logo partindo por sair daquele quarto,me deixando completamente sozinho e sem resposta.

O que havia de tão errado? Por que eu havia ficado sem a resolução da questão? Há algo que eu não sei ou...Droga! Eu me sinto confuso agora.

- Mark Tuan..- pronunciou um homem de estatura alta adentrar o local dando a entender que era um dos médicos,afinal,seu jaleco extremamente branco já dizia tudo.

- Farei breves perguntas para você,apenas para uma rápida análise. Tudo bem? - declarou,se posicionando ao meu lado.

- Certo. - assenti para que pudesse prosseguir.

- Você se lembra o que aconteceu antes de se deparar numa cama hospitalar? - me encarou.

- Eu..não me lembro,doutor. - fui claro,afinal,não me lembrava mesmo.

- Se lembra ao menos o que tomou? - indagou,firme.

- Eram..eram..anti-depressivos. - fazia um certo esforço para me lembrar,mas foi apenas isso que captei.

- Certo. Eu acho que já tenho resposta para seu caso,mas,antes; você consegue ao menos se esforçar para lembrar o que te levou a tomar anti-depressivos em excesso? - posicionou sua mão em seu queixo,esboçando estar pensativo.

- Eu realmente não consigo,já tentei,muito. - desviei meu olhar para um canto qualquer,me sentia fracassado por não conseguir lembrar de acontecimentos que ocorreram comigo,estes não há tanto tempo.

Vejo que a porta se abriu novamente,agora era minha mãe que tornara a voltar para o ambiente.

- Que bom que chegou,senhora Tuan. - esboçou um riso satisfeito.

- Assim posso logo lhe dar a resposta exata em relação a situação deste garoto. - pronunciou,com seu tom de voz grave.

- Então,o que há? - indagou,pude perceber que estava insegura.

- Mark acabou por perder a memória de seus momentos angustiantes,tudo oque o feriu,tudo que o prejudicou foi apagado repentinamente. - declarou,sendo direto.

- O quê? Ah..- mamãe havia virado uma completa estátua.

- Isto é ruim? - indaguei,direcionando meu olhar até o doutor.

- Depende. Se estes momentos estão ligadas a pessoas que já foram importantes para você,lembrar de momentos bons com ela também não irão voltar. Apenas será uma lacuna que não pode ser preenchida. - esboçou um riso forçado,como se sentisse que aquilo não era algo tão favorável.

Então Hyun-Jae deve ser esta lacuna,ela e mais alguém,mais indivíduos que me fizeram se sentir angustiado. Mas quem era ela? O que ela fez? E onde ela estava agora? Ela tinha algo relacionado com meu estado atual? Eu não sei.

Me sinto ainda mais confuso agora,eu apenas quero respostas, lembranças.

- Mãe. - direcionei meu olhar até ela,percebendo que estávamos a sós.

- S-sim?

- Diga para Hyun-Jae vir aqui. - estava decidido,eu precisava saber quem era.

❝ Remember? ❞ + [Mark Tuan]Onde histórias criam vida. Descubra agora