Hora de Voltar

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- Annabeth? Annabeth!

   Acordei com Leo me balançando. Eu não fazia ideia do que tinha acontecido. Aos poucos, minha vista conseguiu ficar nítida e eu encarei Leo, me levantando lentamente, com sua ajuda.

- Onde estamos? - Perguntei.

- Te arrastamos pra longe do incêndio. Esqueci que vocês não respiram bem perto do fogo.

   "Claro que não, Leo!" - pensei. - "Nós precisamos de oxigênio para sobreviver, pois somos humanos." 

Ele estava parecendo com Percy, antes de desaparecer. Às vezes, me jogava no lago e esquecia que eu não conseguia respirar tanto tempo embaixo d'água. Bom, até ele nos envolver com uma bolha e me beijar como o nosso beijo subaquático de todos os tempos. *Suspiro*
Eu sempre sou a vítima. Queria ter poderes como esses garotos para sentir a sensação. Quem sabe ser a semideusa que consegue respirar na Lua... Da próxima vez que eu encontrar Artemis, teremos uma conversinha.

- Paramos nesse beco, porque tem uma lojinha de festa aqui do lado. - Ele acrescentou.

   Observei o beco, várias janelas com varais pendurados, algumas latas de lixo. Um típico e elegante beco dos Estados Unidos.

- Que bom que acordou. - Olhei para onde a voz me direcionou.

    Percy estava de pé com uma sacola nas mãos, dando aquele meio sorriso que eu tanto amava.

- Conseguiu? - Leo perguntou.

   Percy confirmou, mostrando o saquinho. Levantei. Leo me acompanhou.

- Pra que você precisa de coisas de festa? - Perguntei.

- Bom, meu navio foi criado com peças... hum... inusitadas.

- O que você comprou?

    Ele abriu a sacola.
- Vamos ver... Dois balões do maior tamanho que consegui, um apito, três línguas de sogra bem resistentes e... Isso. - Ele mostrou um brinquedo que eu reconheci logo.

- Eu não pedi isso. - Leo falou, olhando para o objeto. - O que é isso?

   Percy colocou os dedos dentro do brinquedo e rapidamente tirou, rindo.

- Uma algema chinesa. Vou dar de presente pro Frank, já que ele tem descendência chinesa. É um tipo de zueira com ele. Hazel e eu vivemos fazendo referência chinesa a ele. Ele fica muito revoltado. - Percy explicou, sorridente, como se fosse aprontar uma com o Frank. Ah, é! Ele iria.

    Leo pegou o brinquedo e observou.
- Hum... - Colocou os dois indicadores dentro da algema. - Não deve ser tão difícil.

   Ele puxou os dedos e eu manuseei a cabeça. Percy sorriu.
Ele puxou com mais força e eu ri. Leo nos olhou.

- Estão achando engraçado? - Ele pensou um pouco. - Hum, se não sai puxando, então talvez eu devesse... - E, então ele juntou os dedos e a algema fogou. Ele a puxou com os polegares e conseguiu sair.

- Parabéns, Valdez. Você já consegue sair de uma prisão chinesa. - Percy bateu palmas.

    Eu ri.
- Meninos, está ficando tarde. Temos que encontrar outra loja de peças, já que o Leo destruiu a anterior.

- Ah, qual é, gata? Não me subestime. - Ele bateu em seu cinto. - Já temos tudo o que preciso. Podemos voltar.

    Assenti.
- Esse cinto é incrível. - Admiti.

- Consegui pegar tudo o que precisava, antes de tudo pegar fogo. E algumas peças, no meio da correria.

   Percy respirou fundo.
- Então, vamos. Mas, como? Não quero enjoar no táxi daquelas senhoras de novo.

- Hum... Eu tive uma ideia. Você poderia chamar a Sra. O'leary. - Falei pra Percy.

- Quem? - Perguntou, confuso.

    Às vezes eu me esquecia de que ele ainda não se lembrava totalmente de quem era. Ele não se esforçava para se adaptar. Ele simplesmente era ele mesmo o tempo todo. E era isso que eu amava nele.

- Vai dizer que não lembra da Sra. O'leary? Sua cadela infernal! Vocês já passaram por vários bocados juntos!

   Percy me olhou, impressionado.
- Eu tenho uma cadela infernal?

   Confirmei com a cabeça.

- Gente, esse papo tá legal, mas dá pra adiantar? - Leo perguntou.

   Percy suspirou.
- Tá, e como chamo ela?

   Pensei um pouco, tentando me lembrar.
- Bom, acho que você chamava ela assobiando longamente, com toda a sua força. Talvez, pensando nela, não sei.

- Tá, vamos tentar. - Ele disse. Colocou os dedos nos lábios e assobiou. Esperamos alguns segundos e logo uma sombra apareceu no chão e a Sra. O'leary surgiu perto de nós.
   Ela se jogou em cima do Percy e começou a lambê-lo.

- Ai. - Percy falou, tentando desviar o rosto e se levantar, mas seu peito estava preso pelas patas da cadela gigante. Logo, ele riu com as cócegas. Depois, ela ficou o olhando animada, o soltando.

   Percy levantou, limpado o rosto com a manga da jaqueta.
  Os dois se olharam por um tempo, logo os olhos de Percy brilharam.
- Sra O'leary! - Falou, animado. E abraçou o pescoço da cadela infernal.

- Sra. O'leary, pode nos levar até o Argo II, o navio onde nossos amigos estão? - Leo perguntou.

   Ela soltou um latido.

- Duvido que ela saiba onde fica. - Falei. Ela latiu de mal humor pra mim.

   Percy riu, já subindo nela.
- Acho que ela sabe. - Falou, já em cima dela.

- Então, vamos, bebês! - Leo exclamou, subindo atrás do Percy.

   Eu chamo a cadela e ela ainda reclama comigo? Acho que ela não gosta de mim. Revirei os olhos e subi atrás de Leo.

- Partiu! - Leo disse, animado.

- Podemos ir, Sra. O'leary. - Percy anunciou. - Ah, e Leo... Nunca mais chame a Annabeth de gata ou eu destroço você.

   Sorri. Então, desaparecemos na escuridão.





  



Me Apaixonando Outra VezOnde histórias criam vida. Descubra agora