Chalé 3... de novo.

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- J-j-j-á? - O treinador Hedge gaguejou. Então... Venham! KAYLA x JAKE!
Os semideuses foram pra arena e a luta começou. Kayla era ótima com flechas, usava o arco quase divinamente como seu pai, Apolo.
Percebi alguém encostar em mim.
- Oi. - Nem precisei olhar pra saber quem era. - Está me evitando?
- Hum... Não. - Menti.
- Pra falar a verdade, acho que está. - Percy revidou. - Olha pra mim.
Olhei.
- Qual é o problema? - Ele perguntou. - Claro, além do fato de eu não me lembrar de nada... Está me culpando por isso?
Eu? Culpando o Percy por ter esquecido de tudo? Jamais faria isso.
- Claro que não. Hum, desculpa?
Ele suspirou.
- Olha, eu descobri uma coisa. Você quer ver?
O encarei sem entender.
- Bem, minha luta é daqui a pouco.
- Ainda tem essa luta e outra. A primeira luta era meio óbvio que o seu irmão iria perder. Ele não tinha nem um pouco de postura pra lutar. Estava com a guarda extremamente baixa. - Me surpreendi com o comentário. Parecia que o Percy ainda tinha alguma noção de batalha, afinal.
- Muitos filhos de Atena treinam mais o cérebro do que o corpo. Malcom é um desses.
- Acredito que você não seja assim. Enfim, vamos? Voltamos logo.
Ele fez um gesto para que eu o seguisse e foi o que eu fiz. Chegamos ao chalé de Poseidon, ele fechou a porta assim que eu passei.
- Hum, não é legal uma filha de Atena estar no chalé de Poseidon, ainda mais estando sozinha com você.
Percy deu de ombros.
- Até onde eu sei, meu pai é um cara tranquilo e eu preciso mesmo te mostrar uma coisa. Por falar em Poseidon, é dele mesmo que vamos falar.
- De Poseidon? - Perguntei decepcionada.
- É. Também. Vem, senta aqui. Quero te mostrar umas coisas que achei, bagunçando na escrivaninha.
Suspirei e sentei ao lado dele na cama.
Ele pegou um envelope azul e me entregou. Peguei receosa e o abri.
Lá dentro haviam fotos. Fotos nossas. Do dia em que nos jogaram no lago e finalmente começamos a namorar, na casa dele em Nova York, no cinema, no Central Park, com Grover, no acampamento, enfim.. várias fotos nossas. Surpreendentemente haviam 2 fotos só minhas.
- Achei isso enquanto vasculhava de bobeira por aqui, mas não foi só isso. - Ele me entregou um papel dobrado e me incentivou a abrir.
- O que é isso? - Perguntei.
- Uma carta. Uma carta que escrevi para Poseidon. Apareceu na fonte de água salgada há 2 dias. - Ele disse, apontando para a fonte que recebera de presente do seu pai. - Eu logo saquei que meu pai encontrou uma forma de enviá-la pra mim, mesmo estando desaparecido do nosso mundo.
A abri. E comecei a ler. Logo meus olhos ficaram marejados.
"Caro Poseidon, quer dizer, pai...
Você acredita no amor? Quer dizer amor mesmo? Aquele amor que não importa de onde seja ou com quem seja? Eu acho que finalmente o encontrei. Lamento que tenha sido com a filha da sua maior inimiga, mas é verdade. Já faz uma semana. Uma semana em que tomei coragem para tentar me declarar, porque conseguir mesmo eu não consegui. Porque ela não facilita as coisas... Nunca. Os olhos cinzas daquela garota me paralisam. Eu olho pra eles e parece que nada mais faz sentido. Eu esqueço como se fala, como se anda, como se respira. Desde os 12 anos, quando acordei no acampamento Meio-Sangue, a acho linda. Mas, a ficha realmente caiu quando ela me beijou no refeitório. Ela me beijou de verdade e eu soube que era o cara mais feliz do mundo. Pai, eu não consigo mais viver sem ela. Estou maluco? Acho que sim. Mas, devo estar maluco de amor. Annabeth mexeu comigo como nenhuma garota mexeu. Ela já me salvou diversas vezes, se jogou na frente de uma lâmina por mim, é linda e inteligente. E, deuses, eu faria tudo para vê-la sorrir. Eu me preocupo com ela e me jogaria na frente de uma bala só para não vê-la morrer. Aliás, segurei o céu por ela, não é? Eu não tinha a quem desabafar, não quero falar dessas coisas com a minha mãe, sabe? Eu ficaria bem constrangido. Mas, a verdade é que estou apaixonado e provavelmente Atena vai me matar quando descobrir que quero enfrentar deuses, monstros e titãs por ela, e que, pra mim, o que mais importa agora é vê-la sorrir. Só queria que você soubesse que eu estou feliz e que não me arrependo de nada. Bom, obrigado por ler meu desabafo, ou melhor, minha expressão de felicidade.
Seu filho, herói de sempre...
Percy Jackson.
Fechei a carta.
- Por que está fazendo isso? - Perguntei, já chorando.
- Porque eu só confirmei o que já sabia. - Percy respondeu.
- O quê? - Tentei falar, mas saiu apenas um sussurro.
- Eu me apaixonei de novo por você, Annabeth.
Me levantei.
- Eu sei que você queria que eu me lembrasse de tudo primeiro, mas... - Ele se interrompeu. - Foi mal.
Alguém bateu na porta.
Tentei parar de chorar, mas não conseguia. Após a terceira batida, Percy pareceu sair do transe e foi abrir, mas não deixou a pessoa entrar.
- Percy, acredito que Annabeth está aí com você. Vi vocês saindo juntos. - Era a voz da amiga dele, Hazel. - Acontece que... Tá tudo bem?
Ela parecia conhecer bem o amigo, logo percebeu que havia algo errado.
- Tudo bem. - Ele sussurrou.
- Ér.. bom, acontece que a luta entre Kayla e Jake já acabou. Kayla venceu fácil e agora Will já tá lutando. A próxima luta é a da Annabeth. É melhor vocês voltarem.
- Tá, obrigado. - Ele disse. Só o vi fechando a porta, aparentemente Hazel havia ido embora. - Bom, sua luta tá próxima de começar.
Limpei as lágrimas.
- É melhor a gente voltar. - Falei.
Ele pareceu desapontado... De novo.
Fui na frente e, calados, voltamos para a arena.



Me Apaixonando Outra VezOnde histórias criam vida. Descubra agora