No Estábulo

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Blackjack agora estava limpo e novo em folha. Eu havia acabado de limpar seu estábulo e dado banho no cavalo alado.
- Pois é, Blackjack. Percy não se lembra de quem é. Nós queríamos muito encontrá-lo, mas não assim, né? - Falei.
   O Pégaso relinchou, como se concordasse
- É, pelo menos ele está vivo e bem.
- Tá falando de mim? - Olhei para a porta do estábulo. Percy Jackson estava encostado no batente, de calça jeans, all star preto e não usava mais a camisa do Acampamento Júpiter. Agora ele usava nossa camisa laranja.
- Hey, tem algo de diferente em você. - Falei, olhando pra camisa.
- Ah... - ele sorriu e esticou o nome do acampamento. - Semideus grego no acampamento grego, não é mesmo? Você gostou?
  Sorri, guardando o balde e demais acessórios no depósito.
- Gostei. Agora as coisas se encaixam bem.
- Trouxemos uma camisa roxa pra o Jason, Frank já deu entregou a ele . O que é certo é certo, não é?
   Confirmei, me aproximando. A trombeta do café-da-manhã soou pelo acampamento.
- Tá com fome? - Ele perguntou.
- Na verdade, não. - Respondi. - E você?
  Ele balançou a cabeça negativamente.
- Então vamos direto pra casa da sua mãe?
  Percy suspirou.
- Annabeth, sobre ontem... - O interrompi.
- Percy, sobre isso... esquece, tá? - Toquei seu rosto. - Eu tô magoada, como qualquer pessoa ficaria. E não posso culpar você. A culpa disso tudo é da Hera. É difícil lidar com isso, mas eu vou conseguir. Eu te amo e nada vai mudar isso. - Admiti.
- Tá. - Ele beijou minha testa. - Eu prometo que vou fazer o possível pra me lembrar. Você é uma garota incrível, Annabeth.
  Sorri.
- Vamos? Vou pegar minha mochila no meu chalé, você precisa pegar alguma coisa?
- Acho que não. Carteira que inclue dracmas num bolso, ambrosia no outro e a caneta pendurada bem aqui. - Ele mostrou a caneta presa no seu bolso esquerdo.
- Então vamos até o meu chalé.
  Seguimos até o chalé de Atena. O acampamento estava deserto, pois a maioria dos campistas estavam no refeitório.
- Então... O que você mais gosta de fazer? - Percy perguntou, após caminharmos alguns minutos em silêncio.
Olhei pra ele, incrédula.
- Estamos nos conhecendo de novo, não estamos? - Ele perguntou, dando de ombros.
  Suspirei. Isto já estava virando um hábito: Suspirar o tempo todo.
- Depende da situação. Mas, se estiver falando de um passatempo, devo dizer que gosto muito de ler.
- Sua cor preferida?
- Verde-mar. - Respondi, sem pensar duas vezes e o olhei. Logo ele se tocou e sorriu, constrangido. - Não acha que devia fazer perguntas mais importantes que isso?
- Tá, então qual é a data do seu aniversário? - Ele perguntou.
- Isso é mesmo importante pra alguém que se esqueceu de tudo sobre si? - Perguntei.
- Claro que é. Sabe o que acontece quando se esquece o aniversário de uma mulher? É beco sem saída. Principalmente se ela é sua mãe, namorada, melhor amiga...? - ele perguntou.
   Eu ri.
- Claro que é. Tudo bem. Meu aniversário é no dia 12 de julho.
- Nosso aniversário de namoro?
- 18 de agosto, que, a propósito, é a data do seu aniversário.
- Onde foi nosso primeiro beijo?
- No Monte St. Helena, você estava correndo perigo.- Pausei. - Do nada ficou curioso? - Perguntei.
- Eu já estou curioso há muito tempo, Annabeth Chase. Só não tive oportunidade de perguntar. Você disse que ia me ajudar a lembrar, não foi?
- Sim, mas você só está perguntando coisas sobre nós dois. Que não vem ao caso agora.
- Por que não?
  O olhei.
- Claro que você pode perguntar, mas tem muita coisa que você precisa saber antes de chegar nessa parte, não é? Tipo... Por que você não pergunta onde sua mãe mora, se você tem tios, primos, o que você fazia no acampamento antes de sumir... Tem tanta coisa. - Falei.
  Ele parou pra pensar no assunto.
- Você pode me responder tudo isso. São muitas perguntas, não dá pra lembrar de todas.
  Sorri.
- Mas, mesmo assim, você só lembrou de perguntar sobre nossa relação.
  Percy olhou pra mim e pela primeira vez ele abriu o sorriso. Achei que ele não sabia o dar, com a memória apagada. O sorriso que eu mais amava, era o sorriso que ele só dirigia a mim.
- Vamos pra casa da minha mãe ou não? - Ele perguntou, animado.

Me Apaixonando Outra VezOnde histórias criam vida. Descubra agora