Pétalas de Cerejeira

Capítulo 25

   Não consigo entender o que se passa comigo, nunca fiquei assim, quando o assunto se trata dele eu não me consigo conter nem controlar, algo toma conta do meu corpo e mente e perco a capacidade de me auto-comandar, como se ele tivesse uma grande influência sobre mim. O facto de ele ser importante para mim é evidente, ele esteve presente na maior parte da minha vida, no entanto, depois destes anos, acho que o sentimento que eu já havia esquecido ou talvez ignorado durante o tempo em que estivemos separados, de alguma forma, se tivesse intensificado e despertado assim que nos voltámos a encontrar.

   O vento frio da noite soprava em direção ao interior do meu quarto, passando pela janela aberta e fazendo com que o clima ficasse gélido. O seu rosto parecia pensativo, talvez estivesse um tanto arrependido por me ter beijado, de qualquer maneira não tive oportunidade de o questionar porque o meu pai entrou no quarto chamando-nos para jantar.

   Uma vez no andar de baixo, já na sala de jantar, ele e o meu pai punham a conversa em dia, o mais velho referia os seus feitos na empresa e o quanto ela tinha crescido, enquanto isso Taichi escutava atentamente parabenizando-o. Tenho de admitir que estava curiosa para saber o que ele tinha feito nos anos em que estivemos longe, mas ele não os referia, não referia nada para além das suas excelentes notas escolares, que agora não estavam tão boas quanto isso. A conversa é interrompida por "Island - Winner" , fiquei surpresa por ainda termos os mesmos gostos musicais, era o toque de Taichi, ele estava a receber uma chamada. Encarou o telemóvel por uns segundos e ignorou a chamada, dando continuidade à música, que em seguida voltou a tocar uma e outra vez, mas era sempre ignorada. -- Quem será que está a ligar-lhe, e porque é que ele não atende, ele esteve estranho o dia inteiro...


*Taichi*

   Ele voltou a ligar, depois de semanas sem se preocupar com o seu próprio filho... Recuso-me a falar com ele depois do que ele fez. Sinto me mal pelo dia de hoje, tudo parecia estar a correr tão bem, finalmente estava a conseguir aproximar-me dela, foi a melhor noite da minha vida, poder dormir ao seu lado, sentir o seu cheiro e poder tê-la entre meus braços foi a coisa mais reconfortante que senti em muito tempo. Apenas ela me faz sorrir, a cara que ela faz ao olhar para mim, o sorriso que se forma no seu rosto e as suas bochechas rosadas fazem me esquecer todos os problemas. Tudo estava a correr bem até hoje de manhã, depois de alguns minutos da aula começar recebi uma mensagem do meu pai, pensei que ele já se tivesse esquecido que tinha um filho. Eu ignorei todas as mensagens e chamadas o dia inteiro, não o vou perdoar, ele escolheu afastar-se de mim e não vou deixar que isso mude. Depois daquele beijo, após quase saciar a fome que tinha pelos seus lábios, não sei se foi a coisa mais correta a fazer. Provavelmente ela havia me tirado da cabeça há anos e eu só estava a alimentar os meus sentimentos não correspondidos. Não sei o que pensar, apesar das suas atitudes, quem me garante que ela não está apenas a tolerar os meus atos porque não quer que me magoe.

*Yoona*

   Após todas as chamadas, tentei aliviar o clima aproveitando o facto de ainda gostar-mos do mesmo estilo de música, tentei falar um pouco sobre os nossos grupos favoritos e confirmei, os nossos gostos mantinham-se semelhantes. Estava a ficar tarde, o meu pai não parava de falar...

   -Então, tenho de acordar cedo, mesmo sendo sábado amanhã eu tenho algumas coisas para fazer, o curativo está pronto, continuo a achar que talvez amanhã devesses ir ao hospital, de qualquer maneira vou ligar para a tua mãe para te vir buscar. -finalmente o Sr.Park tinha tomado consciência que era tarde e que o Taichi tinha uma vida para à qual tinha de voltar.

   -Sr.Park, se não se importasse, poderia não dizer nada a minha mãe? Não quero que ela se preocupe sem motivo, não é nada de especial, acha que seria muito incomodo ficar aqui por uns dias enquanto o meu braço fica melhor? -Não esperava que ele disse-se isto, mas compreendo que ele não queira preocupar ainda mais a mãe, tendo em conta que ela estava a passar por tempos difíceis.

   -Claro que não há problema, eu entendo, de qualquer maneira vou ligar-lhe a avisar que vais ficar aqui, não quero que ela fique preocupada. -Taichi assentiu com a cabeça e subiu as escadas.

   O meu pai emprestou-lhe algumas roupas para ele poder dormir e foi-se deitar. Parece que vamos ter de dormir juntos por mais uns dias, não entendo o porque de ele insistir em dormir na minha cama, apesar de me sentir confortável é um pouco constrangedor para ambos. Para surpresa minha, assim que ele vestiu um dos pijamas de ceda do meu pai, deitou-se encolhido no pequeno sofá que havia debaixo da grande janela do meu quarto e apenas fechou os olhos na tentativa de adormecer sem sequer se despedir de mim. Apesar de ter estranhado talvez seja melhor assim, no entanto pergunto-me o porquê de ele o ter feito, será que está com vergonha de dormir comigo depois de me ter beijado? Será que se sente arrependido? Apenas gostaria de perceber o que se passa na sua cabeça...

~Love is Not Over...