Capítulo 23

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   E cá estou eu, sentada à janela enquanto vejo toda a gente sair, tinha acabado mais um monótono dia de escola. A Jiwoo acenava para mim do portão  para se despedir, depois de dizer algumas palavras impercetíveis, virou costas e foi embora, assim como todos os outros alunos. Eu teria de ficar até mais tarde para limpar os corredores, não teria chegado atrasada se não fosse ele, no entanto, ainda nem sinal do Taichi, temo que ele tenha sido um dos alunos que eu observava à pouco. Depois de um bom tempo de espera, dirigi-me até à sala de limpeza para ir buscar algumas coisas que iria precisar, sinto me um pouco constrangida por estar tão próxima do local onde aquilo aconteceu... Suspirei fundo e abri a porta, não foi tão difícil assim, apenas encarei com as esfregonas e vassouras que testemunharam o sucedido.


   -Calma Yoona, foco, quanto mais rápido terminar isto mais cedo posso ir para casa acabar o meu anime. -disse, um pouco irritada por ter de o fazer sozinha, iria demorar horas.


   Coloquei me em bicos de pés para poder alcançar os produtos de limpeza, a sala estava uma confusão, havia caixas por todo o lado, enquanto tentava alcançar o produto, desequilibrei-me e apoiei-me em uma das muitas caixas que se encontravam por ali, com isto fiz com que outras caixas desempilhassem e estivessem prestes a cair sobre mim. Não consegui reagir, senti que não tinha tempo para tal, simplesmente me conformei com o que iria acontecer e mantive a minha posição fechando os olhos. Enquanto isto a única coisa que ocorria na minha cabeça era a estimativa de quanto peso iria estar na caixa, e do quão ia ser doloroso tê-lo sobre mim. Os meus olhos estavam fechados com força, estava preparada para o que ia acontecer, no entanto, sinto de repente um braço forte a agarrar-me pela cintura e uma respiração profunda no meu pescoço. Nisto, o silêncio tomou conta, nada de caixas a encontrarem-se com o chão, tudo o que ouvi foram alguns vidros a partirem se no chão atrás de mim, abri os olhos lentamente e olhei para cima, apesar de estar um pouco escuro consegui ver claramente, o braço que estava a minha volta e a respiração ofegante que aquecia o meu pescoço pertenciam ao Taichi. 


   -Porque raio é que foste tão descuidada, se eu não estivesse aqui poderias ter-te magoado! - disse com um tom furioso e assustado.

   -Talvez isto não tivesse acontecido se eu não estivesses a tentar fugir às tuas responsabilidades, eu nem teria de estar aqui se não fosses tu. - retorqui com um tom igualmente nervoso.

   -Eu não fugi a nada, estou aqui não estou? - a sua expressão ficou séria e com alguns traços de preocupação.


   Pergunto-me o porquê de ele ter demorado tanto, e o porquê de ter estado o dia inteiro com uma expressão tão fechada, quando ainda há poucas horas estava com um sorriso brilhante e carinhoso. Ele cuidadosamente retira algumas caixas do caminho e alcança os produtos de limpeza, assim que ele retirou a caixa que estava por cima de nós, pude ver claramente um corte no seu braço, provavelmente causado pelos objetos de vidro que caíram da caixa,  a sua manga estava inundada em sangue e tudo aquilo estava a assustar-me imenso. 


   -O teu braço! Estás magoado, não estás com dores?


   -Não é nada, não te preocupes com isso. - era impossível levar as suas palavras a sério quando conseguia ver claramente a sua camisa a encher-se de sangue e um tom de dor na sua voz.

   -Esquece as limpezas por hoje, tens de tratar disso o mais rápido possível, queres ir ao hospital? - o tom de preocupação era evidente na minha voz.

   -Já disse que não é nada, se não queres limpar não precisas de arranjar desculpas! - gritou com um tom de raiva.


   Sem dizer mais nada, apenas lancei uma expressão de desprezo sobre ele e liguei para o meu pai, não poderia-mos ir a pé com o braço dele naquele estado, já era tarde e ele devia estar em casa. Dirigi-mo-nos ao jardim enquanto esperava-mos o meu pai, ele recusava-se a dizer uma palavra, apenas acatava as minhas ordens. Estou bastante preocupada, apesar do silêncio a expressão de dor era clara no seu rosto, no entanto ele recusava-se a ir ao hospital, só nos restava esperar.

Pétalas de CerejeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora