Capítulo 24

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   Um carro preto se aproximou do grande portão da escola, era o meu pai, que esperava-mos à quase uma hora impacientemente. Sem hesitar, o Taichi abriu a porta de trás e sentou-se, ainda sem olhar para mim, eu fiz o mesmo e assim que entrei o carro arrancou. 


   -Não seria melhor ires ao hospital? A quantidade de sangue na tua roupa está a assustar-me. -disse o meu pai enquanto analisava o estado em que Taichi estava.

   -Não é necessário senhor, não é nada de grave. -a sua expressão não enganava, ele estava claramente a mentir.

   -Bem, talvez seja melhor ligar para o teu pai, não falamos há imenso tempo, como é que ele está? -ele tocou num assunto terrível, numa altura terrível.

   -Não sei senhor, não nos falamos há algum tempo... -disse baixando drasticamente o tom de voz.

   -Ah! Lamento imenso. -suponho que não havia nada pior para se dizer no meio daquele clima de constrangimento. 



   Chegamos a minha casa, depois de várias tentativas falhadas de lavá-lo ao hospital, fomos em direção à casa de banho onde se encontravam os primeiros socorros, assim que o meu pai alcançou tudo o que era necessário deixou-me encarregue de cuidar dele e foi preparar o jantar. O sangue nunca me atrapalhou, mas vou admitir que a quantidade de sangue em sua camisa me deixou um pouco desconfortável, depois de encher uma pequena bacia com água fomos para o meu quarto para que ele pudesse ficar mais confortável enquanto eu cuidava do corte.



   -Estás à espera do que? Tira a minha camisa. -o tom dele elevou-se como se estivesse chateado com algo.

   -C-Camisa? Porque é que eu haveria de te tirar a camisa? -os meus nervos eram evidentes, pela segunda vez em um dia tinha um homem que eu considerava praticamente desconhecido no meu quarto.

   -A sensação do sangue contra o meu braço não é confortável...

   -Ah, pois o sangue, peço desculpa. -como eu sou idiota...



   Aproximei-me dele e desapertei a sua camisa, botão por botão, fiz isto lentamente graças a toda a timidez com que estava no momento, depois de desapertada, tentei tirá-la lentamente para não o magoar, enquanto o fazia ele soltou alguns pequenos gemidos de dor causados pela sensação do tecido molhado a descer sobre o corte. Atirei a sua camisa para o chão para não sujar a cama e afastei-me um pouco, agora podia mais uma vez, ver claramente o seu corpo musculado, os seus lindos abdominais e os seus braços fortes, perdi-me completamente nas suas feições. *Eu estava a sentir-me quente*, confusa, até que ele fez um movimento com a cabeça como se esperasse algo, nesse momento eu voltei a mim e lembrei-me do propósito pelo qual estava-mos naquela situação. 



   Sentá-mo-nos na ponta da cama enquanto eu lavava o sangue de seu braço, ele tinha razão, o corte não era grave, no entanto poderia infecionar então deveria ser tratado. Tocar nos seus braços dava me arrepios, enquanto limpava a sua ferida ele dava alguns gemidos de dor, vou admitir que até isso me deixou quente. Na tentativa de o acalmar encarei-o por completo enquanto tratava do seu braço, os nossos olhares estavam cruzados, conseguia ver claramente o meu reflexo nos seus lindos olhos, o seu rosto estava agora mais sereno como se o meu olhar o tivesse acalmado. 



*Cada vez mais quente...*



 Perdi totalmente a consciência de mim, perdia algures nos seus olhos, sinto que esta sensação é reciproca, o olhar um tanto tolo e confuso mas ao mesmo tempo calmo que ele lançava sobre mim deu-me a entender que eu não era a única que me havia perdido. Tanto o meu corpo como a minha cara estão a arder, sinto que até as minhas mãos estão a tremer, os seus olhos não queriam parar de se encontrar com os meus, era como se ele lê-se os meus pensamentos através deles. 




*Muito quente...*



   O seu corpo aproximou-se lentamente do meu e por alguns momentos hesitou como se me pedi-se aprovação, eu já não estava totalmente consciente de mim mesma e tudo o que eu queria naquele momento era poder voltar a sentir os seus lábios doces que me levavam a sonhar acordada. Aproximei-me do mesmo e selei os nossos lábios, tinham passado apenas alguns dias mas eu sentia necessidade de os sentir de novo, eles eram como um vicio, um encanto, eu precisava deles. Foi um beijo bem longo e calmo, estava a deixar-me louca, eu necessitava de mais, eu queria mais e consegui sentir que ele me correspondia. Os nossos rostos afastaram-se e os seus olhos encaravam agora o chão, a falta dos seus lábios era torturante...



Pétalas de CerejeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora