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MOSCOU, RÚSSIA.
10H:33MINS AM.

CLAIRE ADAMS

      NO MOMENTO em que abro os olhos, minha cabeça lateja exageradamente. É uma dor enjoada e irritante que me faz ficar pelo menos um ou dois minutos de olhos fechados.

     Por um momento, olhando ao redor do quarto escuro, me pergunto onde diabos eu me meti. As cortinas pesadas que impedem que a luz do sol queime minhas retinas é estranha, com essa cor entre verde e preto, assim como o carpete escuro e o papel de parede amarelado. Um vinco em minha testa se forma enquanto observo o cômodo, desconhecendo os móveis e a decoração esquisita. Mas então, como um flash, as imagens dos últimos dias me fazem ficar, de certa forma, mais calma.

     Minha cabeça parece querer explodir quando me sento na ponta da cama. Me faz lembrar que beber vinho demais não é um bom negócio, embora eu estivesse psicologicamente necessitando de todo aquele álcool.

     Esfrego minhas mãos em meu rosto, me sentindo mais acabada do que nunca. Empurrando para o lado o edredom grosso, fico surpresa ao constatar que a única coisa que me veste é uma blusa preta grande.

     — Oh Deus — Ofego, começando a criar mil e um pensamentos macabros.

     Onde estão as minhas roupas?!

     — Tire essas patas sujas daí, se não você vai acordar amanhã sem esses seus dentes que você tanto ostenta por aí! — O grito masculino claramente irritado é distante, e me faz ficar em alerta, já que não é nada parecida com a voz de Dylan.

     Olho ao redor do quarto mais uma vez, desta vez procurando por Philip. Fico um pouco assustada por ter esquecido por um momento do meu irmão, e com um tipo de gelidez abraçando meu peito, caminho até a porta do quarto. Minha pulsação acelera tanto que no caminho tenso até a porta, consigo escutar com clareza os meus batimentos cardíacos.

     O trinco gira com um barulho agudo que me faz encolher os ombros. 

     O corredor pequeno e estreito está iluminado pela luz do dia por conta da janela no final do corredor. Logo na frente da porta do quarto estão as escadas que levam para o primeiro andar, e, sem me preocupar em procurar por chinelos ou mesmo uma roupa descente, desço os degraus de madeira com hesitação, sentindo o frio maltratar meu corpo.

     A sala de estar pequena parece ser algo de outra época, com a mobília antiga e a decoração vintage. Não há ninguém no cômodo, e aproveitando essa brecha, procuro por qualquer coisa que possa vir a usar para me defender caso eu precise. Não há rastro de Dylan ou Philip, e isso me faz sentir um medo terrivelmente irracional.

     Meus olhos focam na pistola sobre a mesinha de centro da sala, e mesmo que eu não saiba manusear armas de fogo ou objetos parecidos, não penso duas vezes em pegá-la. Não é leve e nem pesada, e de certa forma, quando ponho meu dedo no gatilho, meu corpo todo parece tremer.

     — Merda, Jake, você sujou meu dispositivo... — A voz masculina vai aumentando gradativamente, e então, como eu esperei, o homem surge na sala vindo do cômodo ao lado.

     Ele veste uma calça jeans frouxa, moletom preto folgado e carrega um objeto quadrado estranho na mão esquerda que não faço a mínima ideia do que seja. Seu rosto é um misto de surpresa e estranheza, talvez por eu estar vestida tão indiscretamente, talvez por eu estar apontando uma arma para ele.

Damaged Soul {t.h} [ PAUSADA ]Onde histórias criam vida. Descubra agora