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MOSCOU, RÚSSIA.
20H:14 MINS PM.

DYLAN SMITH


     SOBRE O olhar irritante de Jake, eu tento me concentrar na tarefa de desmontar a minha Glock 25.

     Jake havia me importunado o dia todo, falando sem parar que, ou eu era gay e ainda não sabia, ou tinha algum problema por não me sentir sexualmente atraído por Claire.

     Faziam prováveis vinte minutos desde que eu havia voltado de uma caminhada pela trilha do lado de fora, uns cinco quilômetros distante da casa, e tinha realmente me sentindo mais relaxado depois de quase uma hora e meia de corrida e caminhada, mas Jake, com o sorriso debochado e as risadinhas cheias de insinuação, tinha feito a porra do favor de levar toda a minha paz embora!

     Eu gostaria de poder arranjar esses dentes brancos dele com um soco!

     — Fala sério Jake! Você é um idiota! Claire pode escutar todas as merdas que você tem dito! Ela já se sente desconfortável por estar aqui com a gente, então você podia pelo menos ter a decência de ter respeito! Além disso, ela é o nosso trabalho! — Billy reclama para ele, entrando na sala de estar.

     Ele tem uma granada desmontada nas mãos, e se Billy não fosse um cara inteligente e sempre soubesse o que estava fazendo, começaria a ficar nervoso por isso.

     — Vocês dois são gays! — Jake retruca, arregalando os olhos.

     Reviro os olhos para ele, sentindo a irritação tomar conta dos meus ombros como uma manta pesada. As últimas semanas haviam me deixado tão tensionado que quase não podia lembrar de como é viver em paz.  Termino de desmontar a G25, e em silêncio, ignorando a conversa de Billy e Jake cheia de troca de farpas, começo a montar com destreza as primeiras peças da Glock, mas um barulho vindo do andar de cima me faz levantar do sofá de supetão.

     A conversa de McDonald e West cessa quase que imediatamente, e Jake é rápido em fisgar sua arma de dentro da gaveta na mesinha ao lado do sofá. Billy, por outro lado, corre para pegar seu notebook sobre a mesinha de centro.

     — Mas que merda! Os alarmes do lado de fora não me mostram nada, muito menos os sensores de calor! — Billy sussurra, digitando alguma coisa apressadamente no notebooke.

     Ignoro os dois, me abaixando para pegar a .45 que havia escondido ontem na madrugada, apenas por precaução. Eu deveria fazer um agradecimento aos meus instintos depois.

     Fazendo sinais com os dedos para Jake ir checar o lado de fora da casa, avanço para as escadas. Agora que todos estão em silêncio, consigo escutar passos pesados no andar de cima, como se alguém estivesse correndo pelo quarto. O grito de Philip que se segue me faz avançar com mais rapidez, de modo que não ligo para a madeira dos degraus rangendo sob meu peso.

     Checando com rapidez o corredor pouco iluminado, sem pensar muito, sentindo meu corpo preenchido pela  sensação familiar de estar na ativa, como se meu corpo fosse uma bomba prestes a explodir, derrubo a porta velha do quarto com um chute duro e potente.

     O grito assustado de Claire me faz engatilhar a arma cegamente, e a cena que se segue me deixa confuso e parado no lugar: Ela está parada no meio do quarto como uma estátua, os olhos tão arregalados para mim que poderiam sair facilmente de órbita.

     — Dylan! — Ela grita para mim, afetada pelo susto, olhando entre a arma apontada para ela e o meu rosto, que provavelmente tem essa expressão estúpida de surpresa.

Damaged Soul {t.h} [ PAUSADA ]Onde histórias criam vida. Descubra agora