05

231 28 8
                                    

MANCHESTER, REINO UNIDO.
23:26 MINS PM.

CLAIRE ADAMS

     SUSPIRANDO PELO que parece ser a décima vez em menos de dez minutos, viro de lado na cama macia, mas essa também não é uma boa posição que pode me trazer conforto ou sono.

     Olhando para baixo, para a cabeça do meu irmão mais novo descançando sobre minha barriga, eu observo na penumbra o rosto de Philip. Ele tem um semblante sereno enquanto dorme, e de certa forma, fico feliz que meu irmão não possa entender de verdade a gravidade da nossa atual situação.

     Cansada de observá-lo, eu lentamente me levanto da cama, na intensão de não acordá-lo. Pondo os pés no chão frio, pego meu cardigan pendurado na poltrona perto da cama e o visto, caminhando devagar e sem fazer qualquer ruído para fora do quarto. Olho mais uma vez para trás, para a cama grande em que meu irmão está deitado, suspiro novamente, e então fecho a porta com cuidado.

     Caminho pelo corredor extenso da casa pequena e vejo Dylan sentado no sofá, uma garrafa de cerveja sobre a mesinha de centro da sala, um notebook descansando em suas pernas, enquanto ele parece ler alguma coisa com bastante atenção. Ele não me nota quando caminho para a cozinha, e agradeço internamente por isso.

     Fiquei surpresa quando Dylan nos trouxe para essa casa hoje mais cedo. E fiquei ainda mais surpresa quando ele disse que a casa é sua. Quer dizer, o homem não parece ser inglês, nem sotaque ter, tem. Então eu presumi que a propriedade é como um lar temporário para sua vida instável.

     Buscando qualquer líquido que não seja água na geladeira, eu pego uma garrafa grande de suco de laranja que foi comprada antes de virmos para a casa. Despejo uma boa quantidade do conteúdo em um copo de vidro do armário, e coloco a garrafa na geladeira novamente.

     — Pensei que estivesse dormindo — Meu sangue gela e meu coração bombeia mais rápido pelo susto, e então volta ao normal tão rápido quanto se descontrolou.

     — Você me assustou — Eu digo, com a mão no peito, virando-me para encará-lo.

     Vendo seu tronco descoberto, meus olhos instintivamente vão para seu braço direito, mais especificamente a enorme tatuagem desenhada nele. Além dela, há mais em seu peitoral, a tinta preta decorando sua pele um tanto bronzeada. A calça moletom cinza escura agarra-se em suas coxas grossas, e ficam frouxas nas panturrilhas.

     — Desculpe — Ele diz, e eu dou de ombros, estranhando o seu pedido. Porque, até agora, Dylan não se mostrou o tipo que se desculpa por qualquer coisa errada que tenha feito.

     Não sabendo realmente o que fazer, porque, bem, ele ainda é um estranho, e tal fato me deixa um tanto quanto nervosa, eu começo a fazer meu caminho para fora da cozinha, fazendo questão de me distanciar de seu corpo pouco coberto. Mas, antes que eu possa escapar para longe dele, Dylan segura meu braço. O contato é quente, e mesmo que o pano do meu cartigan esteja cobrindo minha pele, o calor de sua mão passa pelo tecido para a minha pele como se não houvesse nada ali para impedir.

     Quase que mecanicamente, eu tento me afastar de seu bote, mas ele não cede, então eu paro, buscando algum tipo de paciência, e espero pelo que vem á seguir.

     — Esteja pronta ás oito horas, em ponto. Nós vamos seguir para o aeroporto. — Os seus olhos vagam muito lentamente pelo meu rosto e então param bem nos meus olhos.

Damaged Soul {t.h} [ PAUSADA ]Onde histórias criam vida. Descubra agora