Tony acordou suado, seu coração batendo forte e seu corpo todo tremendo. Uau, aquilo era uma novidade.
Quanto tempo fazia que não tinha pesadelos? Passava de meses. Nunca mais aconteceu — e principalmente, nunca aconteceu enquanto ele estava nos braços de Steve. Ele acordou igualmente assustado e preocupado, seus olhos perdidos encarando o rosto de Stark iluminado pela luz fraca da lua lá fora. Tony tinha lágrimas nos olhos, mas lutava contra si mesmo para não derramá-las.
— Tony? Você está bem? — a voz alarmada de Steve fez-se presente, distante como se estivesse a milhas longe do gênio. Tony olhava o rosto de Rogers em silêncio, sua testa franzida e seus dentes mordendo o lábio inferior. Steve, mais nervoso do que antes, segurou o menor pelos ombros e insistiu: — Você está me assustando, Tony. O que aconteceu? Você teve um sonho ruim?
Há. Era essa a forma eufemista que usavam para referir-se a uma ilusão criada pela mente para foder com o psicológico de alguém? Interessante. Tony continuou encarando-o em silêncio, mas soltou um longo suspiro antes de apenas levantar-se da cama e descer até a cozinha. Steve, confuso e um pouco irritado, seguiu atrás do gênio. Uma vez no andar de baixo, Tony virou-se bruscamente para Steve e seus corpos esbarraram um no outro. Stark deu dois passos pra trás e cruzou os braços, fazendo força para não derramar suas malditas lágrimas.
Steve esperou paciente que ele dissesse algo, mas com certeza havia se arrependido depois de ouvir suas seguintes palavras:
— Eu sabotei o acordo pra que você voltasse, por isso fui atrás de você. Eu já sabia de todas as contradições no acordo, porque fui eu que as implantei nele. É isso. — Steve encarou-o boqueaberto, seus olhos tão perdidos quanto antes. Porém, agora, uma onda de raiva subia por seu corpo, deixando-o incapaz de pensar claramente e perceber as lágrimas de Tony caírem por seu rosto.
— Você... Tony, o que você fez? Por quê?! — Tony limitou-se a continuar em silêncio, esperando todas as palavras de desprezo e ódio que receberia dali em diante. — Por que você não me disse? Como pode fazer uma coisa dessas? Como pode cometer um crime?! — os olhos de Stark fitaram-no sério, sua expressão vulnerável de outrora dando lugar a um sorriso amargurado.
— Você quer vir falar de crimes comigo, Steve? Você realmente quer? Eu fiz o que fiz porque não aguentava mais você longe, porque eu morria por dentro cada dia que eu ia tinha que ir dormir sem ter noção de onde você estava. Se estava bem. — sua voz estava instável, parecia que quebraria a qualquer momento, mas Tony não conseguiria sustentar uma pose de forte agora.
Ele sabia muito bem qual seria a reação de Steve quando soubesse. Mesmo que não estivesse planejando contar, sabia que assim que Steve ouvisse as palavras saídas de sua boca tudo o que eles haviam construído até ali simplesmente desmoronaria — de imediato, como se fosse algo tão frágil ou mesmo insignificante. Apesar de não poder culpá-lo, Tony sentia-se sem importância naquele momento. Tudo o que fizera para estar perto de Steve, afinal, parecia ser exatamente o que acabaria afastando-os de vez.
— Não é essa a questão, Tony. — Steve disse, seu tom controlado.
Claro, desde quando o Capitão América perdia o controle?
— Então me diga qual é. — Steve ficou em silêncio, Tony sorriu triste. — Você está mesmo pensando em esquecer tudo o que passamos juntos por causa disso?
— Você mentiu pra mim.
— E você, idiota?! O que fez enquanto escondia de mim o assassinato dos meus pais?! — Tony explodiu, como de praxe. Os olhos frios do Capitão fitavam-no quase sem piscar, mas ele já não esperava nenhuma reação diferente. Era ele quem geralmente fazia o papel de histérico nas discussões.