drama queen

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Tony estacionou em frente ao apartamento de Steve. Não sabia como o clima havia oscilado tanto durante aquele encontro, semelhante a um acrobata de um circo luxuoso. De repente as risadas e confissões descontraídas, as brincadeiras, as provocações e os olhares cheios de luxúria haviam se limitado a uma expressão séria e desconfortável enquanto olhavam para a frente, sentados um do lado do outro. Talvez eles devessem conversar, e tanto Tony quanto Steve tinham conhecimento disso, mas quem daria o primeiro passo? Um não queria pressionar, o outro não tinha a coragem — Steve Rogers, mais conhecido como drama queen.

O silêncio começava a tornar-se cada vez mais e mais insuportável, quase como se ironicamente estivesse deixando Tony surdo. Ele olhou para Steve de relance, percebendo suas orbes azuis encarando a rua deserta à sua frente. Já passava das onze e o único som lá fora era de alguns cachorros latindo, o vento forte e vez por outra os passos de alguém contra o asfalto úmido pela noite fria. Com um suspiro, Stark apertou o volante e finalmente virou-se para encarar o maior. Quando seus olhos se encontraram, houve um certo choque. De ambas as partes — o porquê era irrelevante no momento. A sensação fora tão forte e incrivelmente realista que eles piscaram em uníssono, tentando retomar a frequência que perderam do momento.

— Obrigado pela noite. — Steve disse, sua voz tão baixa e tênue como se tivesse até medo de desafinar uma nota que fosse.

— Obrigado a você pela noite, me diverti bastante. Eu amo sua companhia, Steve, deveríamos sair mais vezes. — Tony foi sincero, oferecendo um meio sorriso que sem dúvidas assombraria a mente de Rogers por dias em diante.

Stark destravou o carro como em um sinal para que saíssem e Steve rapidamente o fez, fechando a porta do veículo devagar e caminhando em direção à sua casa. Ele podia ouvir os passos de Tony atrás de si, completamente em silêncio. Quando subiu os três degraus para sua porta, ele apanhou as chaves e olhou uma vez mais para Tony. Eles trocaram um sorriso tímido e o gênio aproximou-se dele, pousando a mão em seu ombro.

— Você não quer entrar? Podemos conversar mais um pouco... — Steve convidou, tão encabulado e incerto do que estava falando que Tony teve de rir de seu comportamento desnecessariamente envergonhado.

— Claro! Por que não? — Rogers sorriu e destrancou a porta, dando passagem para que Tony entrasse primeiro.

Uma vez lá dentro, Stark deu uma boa olhada ao redor do apartamento de Steve. Algumas lembranças envolveram sua mente e ele sorriu nostálgico, tentando esconder ao máximo quão ele só queria poder voltar no tempo e viver tudo aquilo de novo. Rogers fechou a porta atrás de si e trancou-a novamente, tirando os sapatos e colocando-os em um canto. Tony percebeu seu erro de sempre e fez o mesmo, dando um pequeno sorriso de desculpas a Steve por quase ter sujado seu carpete verde-limão — pela milésima vez.

— Fique à vontade. — Steve disse, apontando para o sofá enquanto se direcionava à cozinha. Tony fez o que lhe foi ordenado e esfregou as mãos uma na outra, pensando no que poderia acontecer dali pra frente. Era evidente que Steve não iria investir, então certamente não rolaria nada. Stark não se arriscaria a tentar algo e muito possivelmente ser rejeitado. Seria demais para aguentar, ainda mais vindo de Steve. Seus devaneios foram cortados por Rogers voltando da cozinha, com duas latas de refrigerante na mão. — Aqui, vamos finalmente tomar alguma coisa. — brincou, oferecendo uma lata a Tony.

— Obrigado. — ele sorriu agradecido e tomou um gole. Steve sentou-se a seu lado no sofá e também bebericou sua bebida, repousando-a sobre a mesinha de centro. — Então, o que você ia me falar mais cedo? No restaurante. — Stark aproveitou o momento menos tenso para trazer o tópico à tona, embora soubesse que qualquer passo em falso poderia ser um tiro no pé. Era um saco não saber como funcionava a mente de Steve.

BABACA | 𝘀𝘁𝗼𝗻𝘆Onde histórias criam vida. Descubra agora