e eu também caí

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— Alô? — a voz do outro lado da linha tornou a perguntar, chamando a atenção de Tony.

Ele não sabia o que dizer, muito menos se deveria, de fato, dizer algo. Havia atendido o telefone em um ímpeto de sua mente perturbada, pensando estar fazendo o que devia desde que tudo aconteceu. Ele nunca realmente falou com Bucky sobre o assunto, sempre empurrando com a barriga por meio do intermédio de Steve. Mas talvez houvesse sido daquele jeito por algum motivo. Além disso, havia funcionado muito bem até agora — ou quase. Então, por que possivelmente piorar tudo, não é mesmo? Tony suspirou resignado, ainda ouvido os ininterruptos “alô” que o Soldado Invernal despejava do outro lado da linha.

Antes que ele pudesse responder, o celular fora gentilmente removido de suas mãos e afastado de seu ouvido. Ele ergueu os olhos para encarar Steve, já devidamente vestido e com os cabelos úmidos. Rogers lançou-lhe um olhar carinhoso, ainda que imerso em confusão e, principalmente, preocupação. Ele levou o telefone ao ouvido e virou as costas, caminhando para fora do quarto. Tony, uma vez sozinho, respirou fundo e deixou que seu corpo caísse sobre a cama.

Talvez houvesse sido melhor daquela forma.

— Tony? — Steve voltara minutos depois, jogando o aparelho sobre a cama e ficando de pé para encarar o rosto de Stark.

— Steve — fora tudo o que disse, sem fazer contato visual. Rogers apenas sorriu e sentou na beirada da cama.

— Eu entendo que queria falar com ele, Tony.

— Eu não queria. Foi no automático. Você sabe. Tenho dessas. — Tony deu de ombros. Steve assentiu e deitou-se a seu lado.

— Sei sim. Inclusive, sei que você fala pausadamente quando tenta esconder alguma coisa de mim. Não tem necessidade, Tony, seja sincero. Sabe que pode ser comigo. — Tony continuou a olhar para o teto, nunca cruzando os olhos com os do maior. Houve um momento de silêncio, apenas suas respirações eram audíveis. Então, Stark finalmente virou-se para encará-lo.

— Certo. Então, Bucky ligou. Normal. Ele é seu amigo. Primeiramente, eu não quis atender. Sei lá. Acho que fiquei perplexo demais. Depois, a chamada caiu. E eu também caí. Na realidade. — suspirou, tentando encontrar a entonação certa. — Então, eu pensei: talvez se eu falasse com ele sobre o assunto, talvez se eu pudesse ouvir a versão dele... Talvez tudo se resolvesse. Ou piorasse. Enfim. Mas fiquei pensando nisso tempo demais, porque você apareceu e tomou o telefone das minhas mãos. — terminou com um longo suspiro, deixando que toda sua tensão fosse esvaindo aos poucos.

— É justo. — Steve concluiu, nunca quebrando o contato visual. — Mas, se quer minha opinião, eu acho que essa não seria a hora certa. Muito menos a oportunidade.

— Por quê?

— Bom, começando pelo fato de que você nunca me contaria sobre essa conversa... — Stark olhou-o ofendido.

— Como tem tanta certeza disso?!

— Vamos, Tony, eu conheço você há anos. Sei das suas dificuldades com atitudes impetuosas. — Tony ficou em silêncio, rendendo-se. — Certo, agora por que não esquecemos isso e aproveitamos nossas férias? Faz um dia que estamos aqui e só falamos de problemas e mais problemas — ele disse, subindo levemente sobre o corpo do menor e segurando seu rosto entre as mãos.

— Eu acho uma ótima ideia, até porque quando voltarmos, não vamos ter mais tanto tempo juntos... — sussurrou contra os lábios do Capitão, deixando um pequeno selinho ali. Steve apenas assentiu e levantou-se da cama, trazendo o corpo de Tony para perto do seu. — Eu amo você. — murmurou contra seu peito, deixando beijos por todo tecido da camiseta do maior.

BABACA | 𝘀𝘁𝗼𝗻𝘆Onde histórias criam vida. Descubra agora