E DE REPENTE MINHA CASA TINHA MAIS GENTE DO QUE A PRÓPRIA ESCOLA.
Era algo extraordinariamente inacreditável. Jesse poderia movimentar uma cidade em poucos segundos. Me perguntava se isso era realmente o certo a se fazer, claro que não, mas era necessário. Fingir que gostava de Jesse, assim como ela finge que gosta de Tracy era preciso, eu a destruiria mais rápido desse jeito, seria o fim de tudo depois que isso se completasse, nem sei se eu existiria mais. Mas se para fazer Jesse deixar de existir, eu também teria que sumir, eu sumiria, eu vou fazer de tudo para que isso acontecer, pois o veneno já não retardaria. Estava me consumindo por inteiro.
Da janela do meu quarto vi a praia lotada. Geralmente, metade dessa gente só vinha aqui nos fins de ano. Muitos adolescentes dançando freneticamente a música que tocava e infestava todos os cômodos da casa. Terminei de me aprontar e desci as escadas. Casa lotada, bebidas por toda parte, alcoólicas ou não; gente de todos os tipos, populares principalmente, lésbicas ou não, gays ou não, que seja. Tinham vindo aqui por Jesse e era só isso. Observei a todos lentamente. Os rostos lindos sorrindo. Que mentiras deviam esconder? Era um jogo de máscaras complicado demais para alguém ganhar. E eis que meio aquele caos adolescente a atração quase principal da noite cruza a porta de entrada. Selena Drame. Avisei a ela da festa de Jesse, deduzi que ela não havia a convidado.
- Selena!- gritou Jesse.
Selena olhou de soslaio para mim e seguiu em direção a Jesse. Cheguei um pouco mais perto. Selena falava séria com Jesse, que parecia estar um pouco nervosa, ou fingia. Típico.
- Não me convidou par a sua festa! Quis me deixar de fora por que achava que eu estava gorda. Fora dos seus padrões, Jesse!
Selena gritou alto o suficiente para que todos que estavam por perto pararem imediatamente o que faziam e prestassem atenção nelas. A música foi cortada.
- Claro que não, Selena... Pare com isso. - Jesse falou baixo. - Está complicando o que não é tão complicado assim.
- Ah, sério? As coisas ficaram complicadas pra você, não é verdade? As coisas estavam fugindo do padrão, não é isso? Você estava conseguindo mais controlar as coisas como antes. - Selena disse. O embate estava ficando empolgante.
- A gente não precisa fazer isso.
- Não me visitou no hospital uma única vez, Jesse. - Selena começou a chorar. Entendia sua revolta, mas ela estava realmente descontrolada, parecia que sua mente não estava em perfeitas condições. - Me excluiu do grupo sem que ao menos eu pudesse me explicar. Sabia o quanto precisava disso, você sabia! Sabia que não era tão simples... Eu tinha te contado... Eu tinha confiado em você.
Não sabia o que existia por trás de tudo, mas devia ser algo muito sério. Selena não estava bem e isso de alguma forma afetava um tanto Jesse. Becky não falou um só momento, parecia saber de algo, mas preferia não se meter. Estava um pouco recolhida, defensiva. Estava igual aquela garota do sexto ano que vivia aguçada. Atenta a qualquer garoto que se aproximasse para chamá-la de pneu de trator. Era assim que todos a chamavam, antes de mim, Becky era o saco de pancadas. Por vezes a vi chorando no banheiro baixinho, porque qualquer coisa era motivo de zoá-la. Ela não queria que escutassem, não queria que eles vissem a baleia esguichando água. Depois que ela emagreceu e passou a andar com Jesse, a minha vez chegou e depois tinha entendido o que é não querer que suas lágrimas caiam, mesmo contrariando sua vontade, mesmo com tudo insistindo para isso acontecer. Porque as lágrimas não doem, o que dói é motivo que a faz cair.
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Coração Vingativo (RELEITURA)
Teen FictionUm assassino misterioso comete crimes brutais na cidade de Hamptons, porém seu principal alvo é Carter Bristol e as pessoas à sua volta. Quais suas motivações? É o que Carter tentará descobrir enquanto nutre uma paixão explosiva pelo cara mais bonit...