Capítulo 12- Anjo da Morte.

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"Olhe Por Cima do Seu Ombro. Está Sendo Observado Agora".
                                        - QR.

Vamos tragar alguma coisa que nos faça cair no fim da noite, vamos morrer e depois voltar só pra praticar quando acontecer, e talvez realmente aconteça, mas você não vai saber quando, porque a morte não bate na porta, não pede licença e nem marca hora, pois a morte não é uma vizinha, não é sua amiga, e você não pode confiar nela.

-Não!- gritei com a voz rouca.- Pare, por favor!

É noite. Eu corro desesperadamente pelo campo de futebol do colégio. Olho para trás freneticamente. Estou sendo perseguido por ele. O assassino de Phillips. Vestia uma roupa branca, escondia o rosto por trás de uma máscara de coelho e usava luvas com um código QR desenhado.

-Pare! Socorro! Pare! Alguém me ajuda!

Eu não podia mais vê-lo, porém sentia estar sendo perseguido. Meu corpo já não obedecia aos meus comandos e continuava correndo.

Olhe por cima do seu ombro. Está sendo observado agora.

Acha que tudo vai ficar bem? Que isso é tudo e seus pecados serão perdoados?

-Por favor!- minhas pernas doíam.

Olhe por cima do seu ombro. Acha que está sozinho?

Ouço barulhos de uma serra elétrica. Me desespero. Foi só imaginação?

Está sendo observado agora.

Cada minuto sinto a morte me alcançar e ela não demoraria até conseguir isso.

Sorria para ela.

O barulho soa mais forte.

-Pare com isso? O que você quer? Oh, meu Deus!

Não adianta rezar. Seu julgamento está chegando e seu destino foi traçado.

Olhe por cima do seu ombro agora.

Acha que só porque está sentado aí vendo isso acontecer está mais seguro que eu?

Pois lhe digo, não está meu bem, porque ele está te observando e você não está olhando por cima do ombro.

Algo acerta minha cabeça e me faz cair tonto no gramado. Tudo gira e não consigo acompanhar meu olhar, mas sei exatamente porque derramam lágrimas.

Sentia que estava perto.

Levanto-me numa tentativa vã de correr, mas sinto suas mãos apertarem meu pescoço com um fio de náilon.

Não pode olhar por cima do ombro, não é mesmo? E agora?!

-Não… por favor.

Sentia o sangue subir na garganta. Ele não ia parar e eu cederia. Já não via nada a minha volta. Tudo escureceu.

***

Sentia algo formigando. Não conseguia me mexer e a respiração era difícil. Concentrei em identificar onde estava. Abri os olhos enfim. Melhor se não tivesse feito.

Gritei quando percebi onde estava, mas minha boca  entubada com um pano.

Era uma cova e eu estava dentro dela, junto com mais três cobras que ameaçavam me morder. Choro, pois tinha também os pés atados, e as mãos. Via em seus olhos o desejo. Eu não sobreviveria se fossem venenosas.

Prendi a respiração e evitei ao máximo me mexer. Elas chegaram perto de mim e suas línguas quase encostava em meu rosto.

Olhe por cima do seu ombro agora. É capaz de fazer isso? Veja quantos inimigos anda fazendo, menino. Será mesmo que vale a pena? Então observe o quanto de vida está perdendo.

Coração Vingativo (RELEITURA)Onde histórias criam vida. Descubra agora