Coração Vingativo (RELEITURA)

Capítulo 20- Medicamentos

Coração Vingativo
Capítulo 20- Medicamentos (Final)

Tracy Stuart.
O meu baque tinha sido inevitável. Eu o vi morto. Tracy viveu comigo uma vida toda. Eu não podia acreditar no que via. Tudo acabou ficando confuso demais. Tracy era QR, ele matava as pessoas o tempo todo.

- Você tá surpreso? Eu imagino que sim. - Tracy falou sem dar muita importância.
- Você... - parei antes mesmo de começar. Não encontrava palavras. Acho que não existia.
- Eu vou te contar tudo do começo. - ele sorriu. - É muito simples, somos irmãos!

Tracy soltou um riso estridente. Uma pontada forte em meu coração me fez ficar tonto. Eu estava atônito, eu não sabia o que fazer naquele momento. Todos os meus sentidos estavam desligados.

- É impossível!- eu gritei. - Minha mãe nunca teve ninguém depois do meu pai e... Ah, meu Deus...Meu pai. - me toquei. Ele sorriu, confirmando. Eu persisti. Tracy, você é mais velho do que eu, não tem como...
- Deixa de ser bobo, Carter!- ele falou. - Você acha mesmo que o Reide só traiu a sua mãe há, sei lá, dois anos atrás? Quando ele casou com a sua mãe, já tinha conhecido a minha. Sua mãe foi enganada por 18 anos, Carter.

Fazia sentido. Tracy tinha 19 anos e eu tinha 17. Ele era dois anos mais velho que eu. Por um momento, eu me calei. Então ele prosseguiu.

- Lembra daquele dia no ginásio. - ele dizia com a voz falha. - Quando você ia entrar, então...
- Você se ofereceu pra ir no meu lugar. - sussurro, recobrando a memória.
- Sim. Eu só tinha ido estudar lá por causa de você, porque desde o dia que você nasceu, eu já gostava tanto de você. Era difícil sobreviver sem poder te dizer a verdade. Então eu arrumei um jeito de ficar por perto, mesmo que você não percebesse.- ele suspira. - Naquele dia eu vi o medo nos seus olhos. Eu te ajudei por que não queria te ver mal.- sorri. - Eu cheguei tão feliz em casa, mas eu não podia contar para o Raide, senão ele iria te afastar de mim. Por isso eu me calei.
- Por anos? Eu tinha doze anos!- gritei. - Eu tinha... - era agoniante falar. - me apaixonado por você. Você disse que sempre soube!
- Sim, eu sempre soube. Era mais um motivo pra eu me manter em silêncio.

Eu choro, me abraçando. Tracy hesita em chegar perto. Ele vira- se e mete a mão no vaso de vidro.

- Droga!- grita com raiva.
- Eu quero saber. - minha voz saiu com tanto ódio que eu não sabia se ele tinha entendido. - Me conte tudo!
- Eu descobri no oitavo ano. Sabe Carter, eu sei que você me observava. Discreto, de longe. Mas eu também te observava, discreto, mas de perto.

Levantei a cabeça quando disse. Minhas lágrimas escorriam e eu não tinha o entendido.

- Eu ia à sua casa às vezes. Aprendi a ser silencioso. Eu entrava e saia, e ninguém me via. Teve um dia que você tinha saído e a sua mãe tinha ido trabalhar. Eu vi a chance perfeita de te conhecer mais, então eu entrei sem medo e subi até seu quarto. Eu te vigiava.- ele sorri com choro.- Eu encontrei seu diário. Você escrevia nele tudo. Foi assim que eu descobri sobre aquelas barrinhas que você adorava. O encontro naquela loja também não foi proposital.

Eu lembro que só tinha uma barrinha e nós dois pegamos ao mesmo tempo, deixei ele levar ela. Eu só não imaginava que ele tinha pensado em tudo, em cada mínino detalhe. Desde como eu era apaixonado por ele até o cheiro daquele perfume tonteador. Era assustador o jeito que ele descrevia, falava de tudo.

- Como viveu com isso? Sabendo que...
- Eu soube lidar. Era só não chegar muito perto de você. - ele respondeu. Era por isso que eu deixava o idiota do Zac te zoar e te chamar de...
- Airy- Fairy. - completo.

De repente eu me senti tão sujo e tão desamparado ao lembrar do homecoming. O dia que fez minha vida virar de cabeça pra baixo. Não me seguro e choro, desabando alí mesmo. Tracy imediatamente se ajoelhou ao meu lado e levantou minha cabeça com o dedo.