Capítulo 03- Epílogo Final

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Capítulo 03-
Epílogo Final

Ouvia gritos ecoando por toda a casa, cômodos, sala, quartos, banheiro... Eram meus. Gritos esses de dor, de ódio, de humilhação. Eu só queria me afogar dentro dessa banheira, e quantas vezes eu já tentei. Fui traído diversas vezes e diversas vezes havia levantado, mas no momento, não há nada que me faça querer levantar, nada que me faça encarar as pessoas, que me faça ver sentido nisso tudo. E ninguém me diz o que fazer. Desde cedo sozinho no mundo, tendo que sempre arranjar um jeito de sobreviver, mas eu estava cansado, cansado de arranjar um jeito, cansado de sempre dar um jeito. Então alguém me diga como fazer.

Esfrego com força a esponja em meu corpo. Não era só para tirar o cheiro de podre de mim, mas para tirar o cheiro de humilhação, não adiantou, nem com mil anos sairia isso de mim. Esse cheiro era vitalício e eu estava fadado a conviver com ele o resto da minha vida. Fawcett não tinha o direito, ela jamais poderia ter roubado aquelas fitas do meu quarto e entregue a Jesse, mas acho que ela cansou de ser fracassada, pois saiba ela que não vai funcionar. Agora ela é uma fracassada estúpida e mesmo que ela tente esquecer o que fez isso não vai ser esquecido, assim como não vou nunca me esquecer dessa noite, nem Jesse, nem Tracy e nem mamãe, por que simplesmente essa noite nunca vai passar pra mim... Hoje eu decidi que não veria o dia amanhecer, e as pessoas também não me veriam acordar.


De: Carter Bristol
Para: Mamãe.

Embora todas as minhas declarações de amor tenham sido ditas todos os dias, achei que não era suficiente para fazê-la entender. Por isso, mamãe, quando não me encontrar amanhã de manhã e não reclamar do meu quarto bagunçado, saiba que hoje à noite eu decidi deixar tudo em seu lugar e as toalhas finalmente estarão penduradas no local correto, mas também não estarei mais aqui quando amanhã de manhã você vir me acordar por que me esqueci de ligar o alarme, e também não se preocupe com isso, não vou mais precisar ligar, por isso não terá que vir me acordar, por que simplesmente não vou querer ser acordado. Então, mamãe, quando acordar amanhã de manhã, não precisará colocar duas xícaras de café e me perguntar se vou querer com ou sem leite, mesmo sabendo que sempre escolherei com leite, e também não precisará comprar mais leite, pois sei que a senhora não gosta. Escute, talvez quando amanhã de manhã o carro da polícia bater na nossa porta, à senhora estará com essa carta em mãos e terá esperanças, mas a notícia comprovará o que estarei adiantando. Chame o papai, avise as pessoas, as certas talvez se sintam culpadas ou apenas rirão de minha cara. Mas saiba que mesmo não estando aqui amanhã de manhã e nem em mais nenhum lugar, meu eu te amo será eterno e durará quantas manhãs e noites quiser que dure .


Pus tudo que precisaria dentro de uma mochila e pulei a janela. Não guardaria mais nada de mim, nem minha própria vida.



Coração Vingativo (RELEITURA)Onde histórias criam vida. Descubra agora