Capítulo 36

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Cai de joelhos com o grito em minha garganta, seco pela paralização, preso pela minha dor.

- não, não! – soltei mesmo que as palavras não quisessem sair e engatinhei em direção a ela pegando seu corpo ensanguentado e mais leve no colo. – por favor... – chorei ao encontrar seu olhar aberto e fixo no nada acima. O sangue já não saia, não havia o que sair. – eu sinto muito, sinto muito Ross...

Encostei minha cabeça na dela sentindo-a tão fria. A dor em meu coração parecia só aumentar, era como se ele fosse explodir a qualquer momento.

- Mon, temos que leva-la para dentro. A casa tem escuto de proteção contra visão dos mortais, mas não vai durar. – Meu pai disse calmo demais colocando a mão em meu ombro.

- não! – gritei me livrando da mão dele. – não toque nela, ninguém toca nela... – chorei irracional.

Ouvi a porta da frente se abrir e fechei os olhos esperando.

Houve o ofego da minha mãe, o engasgo de Nick e pior, o desespero de Chris. O ouvi gritar algo com Nick que devia o estar segurando porque eles não chegaram até mim.

- Mon. – meu pai agachou ao meu lado, o olhei entre as lagrimas, mas mal podia vê-lo. – deixe-me leva-la para dentro. – ele disse firme e solidário. – por favor.

Eu sabia que era o certo a fazer. Não queria solta-la, não queria acreditar que ela estava mesmo morta. Mas consegui assentir minimamente e meu pai a tirou dos meus braços com a maior delicadeza possível.

Mesmo quando ele saiu fiquei ali no chão, demorando um tempo para me levantar e olhar em volta.

- Nate? – soltei confusa vendo que ele não estava ali, não estava em lugar nenhum. Virei-me para a casa vendo minha mãe me olhar como se pensasse no que deveria fazer. – onde ele está?

Ela balançou a cabeça vindo até mim e me ajudando a levantar já me guiando para dentro.

- ele não estava aqui quando voltamos. – ela disse baixo, a olhei rapidamente questionando. – sim, nós sentimos.

Dentro da casa meu pai colocou o corpo de Rose no chão da sala. Ao redor dela estava Chris chorando e soluçando silenciosamente, Nick do outro lado a olhando sem acreditar também tinha lagrimas nos olhos. Meu pai os olhava com pena antes de se virar para mim.

Percebi que estava desmoronando de novo. Minha mãe me abraçou de lado, confortando.

- Ali? – perguntei a ela que alisou meu braço.

- está la em cima. – garantiu.

Assenti sem ter mais o que dizer. Só podia sentir a grande dor e o buraco fundo em meu peito.

Horas se passaram. Eu sabia disso, mas não tinha muita noção do que acontecia ao meu redor. Sentei na poltrona de frente para o corpo de Rose e fiquei ali, encarando. Nick havia fechado seus olhos, mas de alguma forma ela ainda parecia angustiada.

Tive consciência quando meu pai contava a Chris sobre tudo, achei que ele estava lidando bem com aquilo considerando que descobriu que era adotado e que seu pai era um anjo e sua mãe um demônio.

Chris é bom. – afirmei a mim mesma. – ele é bom de todas as formas possíveis.

Esperei que ele brigasse, gritasse, xingasse quem quer que fosse, fizesse alguma coisa. Porem, essa não era uma reação que viria dele. Eu deveria saber, mas não sabia. Chris ficou quieto o tempo todo que meu pai falava em conjunto intercalado com Nick, eu não consegui olha-lo para saber sua expressão.

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