let it be love・jikook

• Quinta, 14:08 da tarde.

   — Park Jimin?

   A enfermeira da escola finalmente me chamou. Toda aquela conversa dela com a ajudante sobre menstruação e enfiar o dedo não sei aonde, já estava me entediando.

   Me levantei do banco de espera e entrei em sua sala, fechando a porta logo em seguida.

   — Pode se sentar — ela apontou para a cadeira do outro lado de sua mesa.

   — Obrigado — me sentei.

   — Como posso te ajudar?

   — Tenho tido problemas para dormir. Muitos problemas. E isso tem afetado a escola.

   — Que droga...

   — É... achei que poderia me dar uns comprimidos mesmo que o problema de sono não seja o pior.

   — Problemas para dormir são muito sérios, Jimin. Pense em quantos acidentes poderiam ser evitados no volante, por exemplo.

   — Mas eu não dirijo.

   — Não, mas é parte do tráfego. É só um segundo, e então BAM! Bate num caminhão, quebra o pescoço e estará paralisado em uma cadeira de rodas. Aconteceu com uma amiga, ela está paralisada agora. — ela virou com a cadeira para digitar algo em seu computador — Então, Jimin, há quanto tempo está tendo problemas para dormir?

   — Há um tempo, na verdade, mas piorou nas últimas semanas. Noite passada dormi por 1 hora.

   — É, vamos te mandar a uma clínica psicológica.

   — O que quer dizer?

   — Quer dizer que você falará com alguém que pode te ajudar com os seus pensamentos.

   Olhei assustado.

   — Não, não farei nada disso. Não.

   Ela parou de digitar e voltou a olhar para mim.

   — Jimin... você gosta das outras pessoas?

   — Claro. Gosto.

   — Você precisa entender que todo homem é uma ilha. E a única ponte entre elas são as palavras. Se não falarmos uns com os outros, ficaremos sozinhos em ilhas de pílulas ferradas. Tipo em Ibiza. Entende o que digo?

   — Não.

   — Não? Tentei ligar isso a um poema do Inger Hagrup, mas não fez muito sentido. Mas a questão é que você não pode continuar se isolando. Tudo é mais difícil sozinho. Entende? — ela deu uma pausa para eu processar as palavras, e então retomou — Você não tem alguém com quem pode conversar, Jimin?

   Olhei para baixo sem saber direito o que responder.

   Eu tinha alguém para conversar sobre meus pensamentos? Sobre esse turbilhão de emoções que eu estava sentindo? Eu podia confiar em alguém e dizer que estava complemente apaixonado por um garoto?

   E então alguém surgiu na minha cabeça. Alguém que eu sabia que podia confiar de verdade.