Acordei com o toque do meu despertador e abri um leve sorriso. Eu tinha oficialmente dezoito anos. Aquela sensação era empolgante demais e eu não conseguia descrever. Levantei da cama, troquei de roupa e desci as escadas da mansão. O café da manhã já estava servido, mas não havia nem sinal da minha tia. A empregada abriu um sorriso ao me ver e eu forcei outro.
- Parabéns, Âmbar. – A empregada me cumprimentou. – Muitas felicidades.
- Obrigada. – Olhei para a mulher sem saber como agradecer. – Onde tá minha tia?
- Ela saiu cedo e disse que não tem previsão de volta. – A mulher respondeu e eu apenas assenti. Sentei a mesa e engoli a seco. Já devia ter me acostumado a passar meu aniversário sozinha.
- Mas ela te deixou um presente. – A empregada apontou para uma caixinha em cima da mesa.
- Obrigada, pode se retirar. – Pedi e a mulher seguiu seu caminho sem pensar duas vezes.
Toda a empolgação que eu tinha dentro de mim tinha ido embora. Por que ela sempre tinha que pensar que presentes poderiam compensar sua ausência? Rolei os olhos, tentando afastar aqueles pensamentos de mim e comi meu café da manhã. Assim que terminei, puxei a caixinha para perto de mim e bufei. Eu já podia imaginar o que tinha ali. Puxei a fitinha da caixinha e a abri, vendo mais um conjunto de joias. Ganhava todo ano a mesma coisa. Encarei aquele conjunto e balancei a cabeça negativamente.
- Parabéns! – Ouvi um grito perto de mim e despertei de meus pensamentos. Pude ver Jazmín e Delfina a minha frente e dei um leve sorriso.
- Nós sabemos que vai ter bolo a noite, mas trouxemos um pra cortar agora. – Delfina colocou o bolo em cima da mesa e as duas me abraçaram ao mesmo tempo.
- Aí amiga, finalmente você tem dezoito anos. – Jaz comemorou. – Agora vamos poder frequentar mais lugares juntas. Já tava chato sem você.
- Ninguém mandou ela ser a caçulinha das três. – Delfina brincou e apontou pro bolo. – Não me leva a mal, tá tudo muito lindo, mas será que você pode cortar o bolo? Queríamos chegar cedo e nem tomei café.
- Claro. – Apenas concordei.
- Eu pego a faca. – Jazmín tomou a frente e foi até a cozinha.
- Então, como você se sente? – Delfi sentou à minha frente. – Quer dizer, agora você também tem dezoito anos. É uma sensação um pouco esquisita no começo, mas é bem gostoso.
- Me sinto empolgada, mas no fundo com medo. – Engoli a seco. – Bom, é medo de não conseguir realizar meus sonhos, sabe? Nunca disse isso, mas eu tô com medo.
- Você me vem mudando tanto. – A morena apontou. – Você não era assim do jeito que tá. Alguma coisa boa tá acontecendo em você e tenho certeza que alguma recompensa vai aparecer a qualquer momento. Você tá mais receptiva, tá falando mais, parece estar dando mais valor à nossa amizade e as outras coisas também. Você quando era criança parecia que só conhecia você mesma e não admitia nem emprestar nada, nem dar um simples cartão de São Valentim. Você nunca deu um cartão pra ninguém. Âmbar, eu não sei o que tá acontecendo com você, mas continua.
- Do que estamos falando? – Jaz voltou com a faca, garfos e pratos nas mãos.
- Da mudança da Âmbar. – Delfi respondeu naturalmente.
- Ah, claro, viemos falando um pouco sobre isso. – Jazmin contou. – Você tá bem mudada. A gente te conhece desde criança e você sempre foi insuportável. Mas tá melhorando.
- Jazmín. – Delfina puxou o braço da ruiva como se a quisesse parar. – Já chega. Vamos cortar o bolo e comer porque, me perdoa, mas tô com fome.
- Tá bom. – Apenas concordei com Delfi e cortei o bolo depois que elas fizeram um coro de parabéns. – Obrigada por estarem aqui.
- Sua tia não tá? – Delfi perguntou e eu balancei a cabeça, negando. – Ah, mas você tem a gente. Jamais deixaríamos você passar seu aniversário sozinha.
- Nunca deixamos. – Jazmín comeu um pedaço do bolo. – Mesmo quando você aquela criança insuportável, egoísta e fria, nunca te deixamos sozinha.
- Obrigada, eu acho. – Dei de ombros e também comi um pouco do bolo.
As meninas passaram o dia inteiro comigo assistindo a séries e conversando sobre assuntos aleatórios. Jamais tinha dito, mas me sentia bem com a companhia delas. E era grata também por não me deixarem sozinha quando todos deixavam. Quando estava chegando a hora da festa, subimos para o segundo andar e nos dividimos em três quartos. Tirei meu vestido azul do cabide e o coloquei em cima da cama. Uma parte das minhas expectativas estava ali na minha frente, no vestido feito especialmente pra mim e do jeito que eu queria. Abri um sorriso ao imaginar que estava chegando a hora da festa e só desejava que aquela noite fosse inesquecível. Pude ouvir a música começando a tocar no andar abaixo e o sorriso se alargou.
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Crime Perfeito | Simbar
Teen FictionSinopse: Prestes a completar dezoito anos, Âmbar quer terminar a escola e se livrar da imagem perfeita que sua tia a impôs desde pequena. Ela nunca acreditou em conto de fadas, em príncipes encantados ou no amor. Criada em meio a um mundo de luxo e...