Capítulo 6: Questionamentos

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- Simón. – Pronunciei o nome do garoto que estava a minha frente. – Não imaginava te encontrar aqui.

- A música é boa, né? – Ele questionou, ignorando o que eu tinha dito.

- Sim. – Confirmei. A música era realmente boa e era por esse motivo que eu estava ali.

- É uma música nova. – Simón contou. – Eu ainda tô compondo, mas a melodia eu já encontrei.

- Não sabia que você tinha voltado. – Disse repentinamente. – Quer dizer, três meses e eu não fiquei sabendo de nada? Não te vi pela escola, nem em lugar nenhum.

- Eu já terminei a escola. – Ele deu um meio sorriso. – Sou um ano mais velho que você, lembra? E eu tô sempre aqui pelo Roller, mas você não vem faz um tempo.

- É, tenho que me concentrar na escola. – Não consegui responder olhando nos olhos dele. – É o meu último ano e preciso tirar notas realmente altas. Não tenho tanto tempo pra ficar aqui.

- Entendo. – Ele assentiu e voltou a olhar para seu violão.

- Eu tenho que te fazer uma pergunta. – Sentei ao lado dele e o encarei.

- Pode fazer, senhorita. – Ele respondeu.

- Por que você me deu um buquê de flores e sumiu? – Simón se virou em minha direção parecendo estar surpreso com minha pergunta. Ajeitei minha postura e continuei a encará-lo.

- Eu não tinha ideia do que te dar de aniversário e lembrei que você gosta dessas flores e pra não chegar de mão vazia, comprei e te dei. – Ele respondeu tentando parecer confortável, mas eu via que ele não estava. – Só isso, Âmbar. Você jogou as flores num canto e eu fui curtir a festa com meus amigos.

- Não, claro que eu sabia que tinha sido por isso, mas você sumiu. – Ri sem humor. – Quer dizer, não entendi nada que aconteceu.

- Não aconteceu nada, Âmbar. – Ele piscou um dos olhos para mim. – Isso deve ser coisa da sua cabeça.

- Coisa da minha cabeça? – Ri, enquanto voltava a encará-lo. – Você aparece na minha festa sem ser convidado, tem umas atitudes estranhas e tudo é coisa da minha cabeça?

- Continua a mesma marrenta de sempre, né? – Ele sorriu e balançou a cabeça negativamente.

- Marrenta? – Perguntei sem acreditar que tinha ouvido aquilo. – Eu não sou marrenta.

- Claro que é. – Ele colocou o violão ao seu lado. – E além de marrenta, é mimada.

- Você nem me conhece pra dizer o que eu sou ou deixo de ser. – Olhei para ele com um olhar superior. – Você passou os últimos anos enfurnado numa minúscula casa no México e acha que sabe alguma coisa da minha vida. Não mereço, Simón. Me poupa disso.

- Tudo bem, senhorita Smith. – Ele estava se contendo para não rir. – Não precisa ficar tão... Alterada. Eu só disse o que eu acho.

- Achou errado. – Cruzei os braços. – E quer saber, não sei nem porque eu tô perdendo meu tempo com você. Tenho coisas mais interessantes a fazer.

- Suas duas amiguinhas estão olhando pra cá. – Ele contou, olhando em meus olhos.

- Delfina e Jazmín? – Questionei baixinho e ele assentiu. Já estava vendo Jazmín tendo um surto comigo por estar falando com Simón. As coisas podiam ficar piores? – Elas ainda estão olhando?

- Foram embora. – Ele respondeu. – Ou, pelo menos, saíram de vista. Te incomoda?

- Não é que me incomode. – Suspirei. – Mas incomoda a uma delas e eu não quero ter que ouvir surtos a essa hora da tarde.

- Surtos? Por que? – Simón perguntou rindo. – Não sou do seu nível? O Pedro também não é e elas falam com ele.

- Antes fosse isso, Simón. – Levantei. – Eu preciso ir embora.

- Até mais, senhorita Smith. – Ele acenou.

- Até. – Concordei e virei, mas alguma coisa me impediu de ir embora. – Simón, obrigada pelas flores, mas eu nem sei onde os empregados jogaram. Mas mesmo assim, obrigada.

- Âmbar, que presença ilustre. – Nico debochou e me virei em sua direção.

- Eu já estava de saída. – Olhei para Nico e Pedro e sai andando o mais rápido que consegui.

- Âmbar! – Um deles me chamou, mas já estava longe demais para voltar atrás.

Entrei no carro que me esperava fora do lugar e voltei para casa. Entrei na mansão e vi minha tia conversando com um advogado. Sabia disso porque ela tinha nos apresentado uma vez, mas fazia bastante tempo. Estranhei aquilo e me aproximei da mesa da sala onde eles estavam.

- Tia? – Questionei olhando para Sharon. O advogado guardou os papeis rapidamente dentro de uma maleta e levantou indo embora sem dizer nada.

- Não me chame de tia. – Sharon me encarou. – Quantas vezes já disse pra você não se intrometer quando estou com visita em casa? Estávamos tratando de um negócio importante, Âmbar. E na próxima vez que você me chamar de tia...

- Desculpa. – Balancei a cabeça negativamente tentando me livrar de algumas lembranças. – Perdão, Sharon. Eu não queria atrapalhar.

- Vai pro seu quarto. – Ela apontou para as escadas. – É a sua punição por ter descumprido as regras. Pro quarto! E não saia até amanhã. Não desça nem pra jantar.

- Sim, senhora. – Concordei e corri pelas escadas chegando em meu quarto.

Meu celular vibrou e vi mensagens de um número desconhecido aparecendo em meu aplicativo de mensagens. Sentei em minha cama e abri as mensagens.

"Parece que você esqueceu isso..." e uma foto anexada. Abri a foto e vi minha pulseira com o pingente de um A. Olhei para meu braço e a pulseira realmente não estava lá. Mas quem estava com a minha pulseira? Tentei salvar o número e descobrir quem era, mas a pessoa não tinha foto no perfil. Então, fiz a única coisa que podia fazer: Perguntei quem era. A pessoa respondeu que no dia seguinte eu descobriria e enquanto isso podia ficar tranquila porque estaria cuidando bem da minha joia.

Crime Perfeito | SimbarOnde histórias criam vida. Descubra agora