Capítulo 5: Polos Opostos

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A festa acabou quando a manhã estava chegando. Delfina tinha ido embora com Pedro e apenas ficamos eu e Jazmín na mansão. Simón foi embora sem se despedir. Ele basicamente sumiu no meio de tanta gente e saiu sem ser notado. Ainda estava sem entender algumas coisas, mas resolvi não pensar nisso e deitar em minha cama. Jazmín estava sentada a frente de minha penteadeira tirando a maquiagem com demaquilante. Ela abriu um leve sorriso e olhou na minha direção.

- Não consigo tirar a apresentação da banda da cabeça. – Ela disse animada. – Foi tão bonito. O Simón tava tão bonito. Tava tudo muito bonito. A festa foi incrível.

- Hm. – Resmunguei sem aguentar mais ficar de olho aberto. Precisava dormir e logo.

- Ele tá ainda mais bonito que antes, Âmbar. – Ela suspirou. – Sempre sonhei com o dia que ele voltasse pra cá. Ele foi embora tão do nada na outra vez. Espero que dessa vez seja pra ficar.

- Hm.

- Âmbar, posso te fazer uma pergunta? – Jaz questionou e eu fiquei em silêncio. Será que ela não podia deixar de falar pelo menos por alguns minutos? – Olha, eu vi e queria saber. Você sabe que eu sou curiosa.

- Pergunta. – Disse com a voz arrastada.

- Eu vi um buquê de flores muito bonito jogado num canto da sala. – Jaz contou e eu arregalei os olhos. Ela não desconfiava de nada, mas a pergunta me pegou de surpresa.  – Quem te deu o buquê? Foi o Gastón ou o Nico ou o Ramiro?

- Não foi nenhum desses. – Respondi e virei para o outro lado da cama. – Jaz, eu quero dormir. Por favor, eu tô exausta.

- Mas quem te deu o buquê? – Ela insistiu.

- Eu não sei nem de que buquê você tá falando. – Menti. – Agora me deixa dormir.

- Tá bom. – Ela concordou. – Vou pro quarto de visitas.

- Boa noite. – Bocejei e ela saiu, apagando as luzes.

Acordei algumas horas depois. Levantei da cama e peguei uma muda de roupas, indo pro banheiro. Tomei banho, me vesti e desci as escadas da mansão. Minha tia estava sentada no sofá da sala lendo um papel com muitas coisas escritas. Cheguei perto dela e Sharon escondeu o papel dentro de um envelope. Pude ler o nome de algum hospital no envelope e ela forçou um sorriso para mim.

- Tá tudo bem? – Questionei, desconfiada daquela atitude.

- Sim, Âmbar. – Ela respondeu sem demonstrar qualquer emoção. Como sempre.

- Obrigada pelo conjunto de joias. – Agradeci. – É um conjunto lindo, obrigada, por lembrar.

- De nada. – Ela levantou do sofá com o envelope em mãos. – Vou subir e descansar. Tenha uma boa noite e não durma tarde.

- Até amanhã, Sharon. – Disse e ela assentiu, subindo as escadas.

Olhei a sala e não vi o buquê em nenhum lugar. A casa já estava limpa e algum dos empregados deveria ter jogado fora. Balancei a cabeça negativamente e ri. Por que eu me importava tanto com algumas flores presas com um laço? Entrei na cozinha e vi o buquê dentro de um vaso. Eram minhas flores preferidas. Rosas azuis. A empregada entrou na cozinha e olhou em minha direção.

- Sabia que você tinha gostado. – A mulher comentou enquanto abria um dos armários. – Por isso não deixei que jogassem fora. São suas flores preferidas, não?

- Sim. – Confirmei. – Mas eu não sei quem me deu. Não tem cartão ou nada desse tipo? – Dissimulei.

- Não. – Ela negou. – O buquê estava jogado num canto da sala e eu coloquei num vaso. Isso é tudo que eu sei.

- Ah. – Assenti. – Ei, posso te perguntar uma coisa?

- O que quiser, Senhorita Âmbar. – Ela concordou em responder minha pergunta e eu suspirei.

- Você sabe aonde a minha tia foi ontem? – Perguntei e a mulher negou. – Ela sumiu por tanto tempo. Achei estranho que ela tenha passado tanto tempo fora.

- Eu não sei de nada, Senhorita Âmbar. – A mulher voltou a assegurar que não sabia de nada.

- Ok, obrigada. – Peguei um copo no armário e coloquei um pouco dágua. – Pode servir o jantar.

- Num instante. – Ela disse e eu sai da cozinha.

Sentei numa das cadeiras da sala de jantar e terminei de beber a água que estava no copo. A empregada serviu o jantar e comi ainda pensando no que estava acontecendo com minha tia. Quando terminei de comer, subi as escadas e voltei para meu quarto. Meu celular estava cheio de mensagens, mas eu não tinha animo pra responder a nenhuma delas. Fui até o banheiro, escovei os dentes e deitei em minha cama, fechando os olhos a espera de outro dia.

Estava me arrumando para ir ao Roller. O dia na escola tinha sido cansativo e eu queria me divertir um pouco. Minha tia novamente não estava em casa e os empregados não sabiam do paradeiro dela. Desci as escadas da mansão com meu celular e fiz com que o motorista me levasse até onde queria. Sai do carro e entrei apressada. Nem Jazmín, nem Delfina estavam lá. As duas tinham ido ao shopping. Ouvi alguém tocando violão e segui a música. Parecia um imã me arrastando. Era tão agradável que não consegui ficar onde estava. Quando cheguei até onde a música estava vindo, vi um garoto tocando violão e franzi a testa. Ele parou de tocar e olhou na minha direção.

- Âmbar? – Ele questionou parecendo estar surpreso com a minha presença. Eu sentia o mesmo.

Crime Perfeito | SimbarOnde histórias criam vida. Descubra agora