Não sei ao certo quanto tempo andei até chegar lá. Também não sei quantas ligações do meu motorista rejeitei. E tantas outras de números desconhecidos. Empurrei a porta e entrei no lugar. Parei, olhando para todos os lados e suspirei. Era uma aposta, não tinha certeza se ele estava ali. Ao encontra-lo, corri com o resto das forças que me sobravam e abracei Simón. Todas as pessoas que estavam lá pararam para olhar aquela cena. Ele não perguntou nada e me abraçou de volta. Segurei o garoto a minha frente como se fosse tudo que eu tinha, e talvez fosse mesmo.
- O que aconteceu? – Ele sussurrou em meu ouvido e me soltou. Simón olhou em meus olhos e eu não consegui responder. – Nico, corre e pega um copo dágua pra ela.
- Eu não consigo. – Disse assim que Nico saiu. – Eu não consigo, Simón.
- Vai ficar tudo bem. – Ele prometeu e segurou meu rosto, me fazendo olhar para ele.
- Eu não sei se vai. – Fui sincera. Eu não sabia como seria dali a frente.
- Aqui. – Nico entregou o copo dágua para mim e eu tomei com calma.
- Vem. – Simón puxou meu braço e saiu comigo da lanchonete.
Caminhamos em silêncio até um parque próximo e ele sentou em um banco de madeira. Simón apontou para seu lado e eu me sentei. Olhei para ele, continuando a chorar e balancei a cabeça. Voltei a passar as mãos pelo cabelo e ele percebeu. Simón segurou minha mão e secou minhas lágrimas com seu polegar.
- A minha tia... – Comecei a falar enquanto ele secava minhas lágrimas. – Ela faleceu.
- Âmbar. – Ele me olhou com dó.
- Só me abraça. – Pedi e continuei a chorar.
Simón me abraçou o mais forte que podia e o segurei com toda força também. Ele fez carinho em meu braço com seu polegar e deitei minha cabeça em seu ombro. Meu celular voltou a tocar. Simón me soltou e forçou um sorriso triste para mim.
- Eu não quero atender. – Rejeitei.
- Pode ser alguém preocupado com você. – Ele insistiu que eu atendesse.
- Quem, Simón? – Perguntei, olhando fixamente para ele. – Quem? – Voltei a questionar quase sem voz. – Nem mesmo minha tia se importava comigo, Simón. Ela disse que não queria me ver. O amigo advogado dela me disse que ela pediu pra ninguém me contar nada porque ela não queria me ver. – Ele me olhou sem saber o que dizer.
- Talvez ela quisesse que você guardasse os momentos bons que teve com ela. – Ele sugeriu e eu neguei.
- Que momentos bons? – Fechei os olhos. – Ela era a única família que eu tinha e mesmo assim, nunca se importou comigo. Ela parecia querer mais uma boneca manipulável que uma sobrinha. – Respirei fundo enquanto as lágrimas continuavam a cair. – O que adianta ter tanto dinheiro, a melhor casa na região, ser popular, se ninguém te ama de verdade?
- Eu tô aqui. – Ele afirmou. – E eu me importo.
- Obrigada. – Agradeci. – Eu nunca pensei que isso fosse acontecer.
- A gente nunca pensa. – O celular voltou a tocar. – Você quer que eu atenda?
- Deve ser o advogado. – Dei de ombros. – Perguntando onde eu tô. Ele ficou responsável por me levar pra casa, mas eu não me senti bem e tive que sair de lá.
- Você ligou pras suas amigas? – Neguei. – Quer que eu ligue? – Voltei a negar.
- Simón, eu já não sei tenho amigas. – Confessei. – Tivemos uma briga e eu não acho que elas queriam falar comigo.
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Crime Perfeito | Simbar
Teen FictionSinopse: Prestes a completar dezoito anos, Âmbar quer terminar a escola e se livrar da imagem perfeita que sua tia a impôs desde pequena. Ela nunca acreditou em conto de fadas, em príncipes encantados ou no amor. Criada em meio a um mundo de luxo e...