Capítulo 19: Branco e Preto

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Acordei no outro dia a tarde e levantei da cama. Peguei meu celular e vi que estava sem bateria. Tinha esquecido de colocar para carregar quando cheguei do enterro. Coloquei o celular para carregar e desci as escadas. Vi que o almoço estava servido e fui até o banheiro lavar as mãos. Voltei e almocei calmamente. Levantei da mesa e um empregado veio em minha direção.

- Chegaram aquelas flores ali, senhorita. – Ele apontou para um buquê de flores brancas.

- Pode pedir pra mandarem pro cemitério. – Respondi.

- Não, senhorita, essas são pra você. – O empregado forçou um sorriso. – A coroa de flores já foi enviada pro cemitério, mas essas são pra você. Um rapaz deixou aqui.

- Que gentil. – Sorri e fui na direção das flores. Só poderia ter sido o Simón.

- Com licença.

Não sei quais flores eram aquelas, mas eram belíssimas. Vi um envelope no meio das flores e o puxei. Abri o envelope, tirei um cartão de dentro dele e li: Essas são as camélias brancas que aludem ao significado da beleza perfeita. Quando vi, logo pensei em você. Sinto muito pelo que aconteceu, mas, se precisar, estarei aqui. Com carinho, Léon.

- Ah. – Disse sozinha ao terminar de ler. – São do Léon. Não deixa de ser simpático, né? – Assenti para mim mesma e deixei as flores onde estavam. Logo um empregado recolheria e colocaria em algum canto da casa.

Ri de mim mesma ao perceber que estava errada e subi as escadas, voltando para meu quarto. Meu celular já tinha ligado novamente enquanto carregava e vi várias mensagens e notificações aparecendo. A maioria eram pessoas que diziam estar profundamente tristes pelo que havia acontecido e me desejavam forças. Vi uma mensagem de Simón perguntando se poderia me ligar e apenas respondi com um sim. Não demorou muito e ele ligou.

- Ei. – Disse ao atender. – O que foi?

- Só pra saber como você tá. – Ele respondeu.

- Continuando. – Foi o que resumia meu sentimento. – Acordei agora pouco, por isso, não respondi antes.

- Tudo bem. Mas você tá precisando de alguma coisa?

- Talvez um pouco de sossego. – Ri. – Dormir mais e descansar. Tô exausta, ontem foi um dia bem cheio.

- Vou te deixar descansar, então. – Ele fez uma pausa. – Mas qualquer coisa que você precisar, pode me ligar ou mandar uma mensagem que eu vou correndo, tá bom?

- Tá bom, Simón. Obrigada mesmo. – Suspirei. – Você sabe se o Pedro tem alguma notícia da Delfina? Ela não falou mais nada depois de ontem.

- Não, não sei. – Ele negou. – Não estive com o Pedro hoje.

- Ah. – Engoli a seco. – Obrigada, vou descansar.

- Bons sonhos. – Simón disse e desligou.

Pensei em mandar uma mensagem para Delfi ou Jazmín, mas desisti. Pelo jeito que elas falaram comigo no enterro, deixava claro que as duas não queriam papo comigo. A situação me deixava triste, mas resolvi dar o tempo delas. Coloquei um instrumental de piano no celular e deitei na cama, voltando a descansar. Fechei os olhos e desejei dormir e só acordar no outro dia.

Acordei na madrugada, desliguei a música e fiz um lanche. Não comia nada desde o almoço. Voltei para meu quarto e tomei um banho. Coloquei outro pijama e voltei a dormir.

Só voltei a acordar no outro dia a tarde. Desci as escadas, almocei, subi de volta para meu quarto e vi algumas mensagens de Simón. Naquele dia eu estava um pouco desanimada com tudo. Não respondi as mensagens dele e voltei a dormir. Não queria falar com ninguém.

Crime Perfeito | SimbarOnde histórias criam vida. Descubra agora