Capítulo 4: Um velho conhecido

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Simón era o melhor amigo de Luna e um dos mais próximos de Matteo. Ele vivia no México, mas quando criança estudou alguns anos com a gente. Ele sempre arrumava um pretexto pra se aproximar de mim, mas eu nunca deixava porque achava que ele não era do meu nível. Mas acho que ele seria um dos poucos que a Âmbar criança gostaria de receber um cartão de São Valentim. Antes de completar catorze anos, ele voltou ao México e nunca mais nos vimos. O que era ótimo, já que não conseguia mais aguentar a Jazmín de quase treze anos dizendo o quanto ele era lindo e que queria ser a namorada dele. Como se ele olhasse pra ela.

Revirei os olhos ao despertar dessas lembranças e percebi que estava olhando para um ponto fixo na parede. Jazmín me encarou e eu apenas fui andando, me afastando e tentando organizar meus pensamentos. Ele estava muito bonito. Tudo bem que ele sempre foi aceitável, mas agora estava bonito. E se vestindo bem. Nem tão bem, mas mesmo assim, bem. Aceitável, eu diria. Tanto que nem tinha o reconhecido. Já não era aquele garoto um pouco esquisito, cheio de espinhas na cara e com as roupas sujas de terra por jogar futebol no quintal. Voltei a sacudir a cabeça tentando despertar daqueles devaneios. Por que eu estava dando tanta importância ao que ele vestia ou deixava de vestir?

Uma música diferente começou a tocar na festa e percebi que era ao vivo. Virei na direção do pequeno palco montado de forma improvisada e vi Pedro, o amigo de Pedro e Simón. O último cantava enquanto os outros dois tocavam os instrumentos. Delfina olhava encantada na direção de Pedro e todos estavam gostando da música. Até eu estava gostando, eles eram bons, devo admitir. E Simón cantava bem. Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos e parar de pensar em coisas que não deveria. Voltei a olhar na direção do palco e percebi que Simón estava olhando para mim. Encarei-o da mesma forma e ele riu. Tudo isso enquanto ele cantava. Só então percebi que era estranho o fato dele conhecer Pedro e o amigo do Pedro. Fui até Delfina sem aguentar a curiosidade e ela sorriu para mim.

- Ele não é incrível? — Delfi questionou sem parar de olhar na direção de Pedro.
- Todos são. — Disse, tentando não mostrar indiferença a Pedro. - Mas, posso te perguntar uma coisa, Delfi?
- Claro. — Ela concordou. - O que é?
- O que o Simón tá fazendo aqui? — Perguntei e ela me olhou como se estivesse dizendo a coisa mais absurda do mundo.
- Âmbar, o Simón e os meninos têm uma banda. — Delfi respondeu ainda sem parecer acreditar na minha pergunta.
- Mas o Simón não mora no México?
- Amiga, ele voltou faz uns três meses. — Delfi riu, balançando a cabeça negativamente. - Você nunca presta atenção no que a gente diz, né? Mas, enfim, ele voltou de Cancún e agora tá morando aqui. Conheceu os meninos no Roller e agora têm uma banda.
- Três meses? — Minha mente ignorou todo o resto que Delfi tinha dito e focou na quantidade de tempo que ele já estava lá. Três meses. Tudo bem que minha tia tinha me proibido de ir ao Roller por conta de duas notas baixas, mas como eu não fiquei sabendo que ele já estava há três meses lá? Voltei a olhar para o palco e lembrei do buquê de flores que tinha ganhado. O que ele queria comigo? Por que tinha me dado um buquê de flores? Por que ele se importava? Era ele a surpresa que Pedro disse que tinha?
- Sim, três meses. — Delfina confirmou enquanto minha mente continuava a tentar se organizar. - A Jazmín já até fez dois vídeos pro canal sobre a banda, pensei que você tinha visto.
- Não. — Apenas neguei e senti alguém tocando meu ombro. Era Jazmín.
- Do que vocês estão falando? — A ruiva questionou e Delfi riu.
- Sobre a Âmbar não saber que o Simón voltou de Cancún.
- Ela é bastante desligada. — Jazmín olhou para mim e sorriu. - Ele não é incrível, meninas?
- O Pedro também é. — Delfi suspirou.
- - Já perceberam que nós somos três e eles também são três? - Jaz perguntou e olhou pra mim. - Pra você sobrou o Nico.
- Aham. — Apenas concordei para que o assunto não se estendesse e olhei para Simón. Do jeito que os últimos trinta minutos tinham corrido, duvidava muito que Simón quisesse alguma coisa com Jaz. Guardei aquele pensamento para mim e apenas aproveitei o show da banda.

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