Não sabia o que fazer, não sabia o que pensar e ainda não sabia como devia me sentir em relação a tudo. Era final de semana e não teria aula naquele dia. Resolvi que ficaria o resto do dia em minha cama. Não queria encarar o mundo e nem minhas amigas. Delfi e Jazmín falariam sobre meu encontro com Nico, que nunca existiu; eu lembraria do beijo com Simón e não saberia como olhar para Jazmín. Rolei os olhos e levantei da cama. Sabia que não podia fugir pra sempre dos meus problemas, por mais que quisesse.
Levantei da cama, tomei um banho e me vesti. Desci as escadas e vi que o café da manhã estava servido. Sentei a mesa e comi em silêncio. Voltei para meu quarto e peguei meu celular. Vi várias mensagens de Simón pedindo que eu atendesse ás suas ligações e rolei os olhos. Por mais que eu não quisesse falar com ele, eu precisava. Precisava esclarecer melhor as coisas e entender também.
Simón me convidou para um encontro que teria com os outros integrantes da banda e eu aceitei. Estar com outras pessoas era uma boa maneira de não me sentir constrangida. Ele me mandou o endereço e eu encaminhei ao meu motorista. Voltei ao meu quarto, troquei de roupa e coloquei uns óculos escuros á espera que meu motorista chegasse. Meia hora depois, entrei no carro e meu motorista me deixou em frente a um parque. Já tinha ido ali uma vez com Jazmín e Delfina, mas não lembrava muito bem. Vi os três integrantes da banda reunidos e rindo de alguma coisa com papeis nas mãos. Simón me viu de longe e quando cheguei perto, se levantou e me abraçou forte. Não correspondi da mesma maneira que antes e forcei um sorriso quando ele me soltou. Os outros garotos me cumprimentaram com um sorrisinho e sentei num banco os observando. Eles pareciam estar compondo alguma música nova.
- Eu tenho certeza que fica melhor dessa forma. – Pedro disse de repente. Parecia que eles estavam tendo uma discussão há um tempo.
- Faz o que o Simón falou. – Nico pediu e mostrou alguma coisa no papel ao amigo.
- Mas eu acho que esse acorde fica melhor. – Pedro insistiu.
- Melhor você focar na composição. – Nico sorriu. – Deixa essa outra parte com o Simón.
- Certo. – Pedro concordou com um pouco de raiva. – O Simón sempre está certo. – Ri disfarçadamente, tirando os óculos. Pareciam garotas brigando.
Pouco tempo depois, os três já estavam se entendendo de novo. Eles terminaram de compor a música e ensaiaram outras que já tinham. Simón cochichou alguma coisa com os amigos e eles concordaram. Ele olhou de relance para mim e voltou a olhar para os outros. Simón me chamou e eu fui até ele. Ele começou a tocar a introdução de Traicionera e fez um sinal para que eu começasse a cantar.
Fiz o que ele havia pedido e cantei. Ele também cantou. Fizemos um dueto. Ficou até bom, o que me surpreendeu. Depois eles cantaram outras músicas conhecidas, mas ainda fiquei mexida com aquele dueto. A letra da música, o jeito que ele me olhava ao cantar, o jeito que eu sentia com tudo aquilo... O jeito que eu não deveria me sentir com tudo aquilo.
Nico e Pedro levantaram sem dizer nada, mas deixaram os papeis com as letras de música. Continuei sentada ao lado de Simón sem falar nada. Ele me olhou enquanto mexia nos papeis e eu forcei um sorriso.
- Gostou do ensaio? – Ele perguntou e eu apenas assenti. – Achei que você se sentiria mais confortável se tivessem outras pessoas por perto.
- Na verdade, sim. – Concordei. – Depois de ontem...
- Eu quero me desculpar. – Simón não conseguiu olhar fixamente em meus olhos. – Eu não sei onde estava com a cabeça. Confundi a sua companhia com outra coisa.
- Eu entendo. – Menti. – Tudo bem. Podemos esquecer isso e seguir em frente.
- Sim. – Simón ficou monossílabo e fez uma pausa. – Sinto muito por ter invadido seu espaço dessa forma. Eu não queria ter parecido tão invasivo.
- Vamos esquecer isso. – Insisti. – Ficar falando disso só vai fazer com que a gente se desentenda e eu não quero isso.
- Eu também não quero. – Simón segurou minha mão e eu não recuei. – Eu vou te dizer uma coisa que pode parecer outra coisa, mas não é. Juro que vou dizer sem intenções.
- Fala. – Pedi. Estava curiosa.
- Ficar perto de você não é fácil, mas estar longe é ainda pior. – Ele confessou dando um sorriso sem jeito. Estendi meus braços na direção dele e o envolvi num abraço sem dizer mais nada.
- Eu sinto o mesmo. – Disse com a voz embargada. – Por isso quero esquecer o que aconteceu. Não quero ficar discutindo com você.
- Eu também não quero discutir com você, Âmbar. – Ele me apertou enquanto me abraçava. Repousei minha cabeça em seu ombro e fechei os olhos. Puxei Simón para mais perto de mim e continuei de olhos fechados.
- O que é isso? – Ouvimos uma voz conhecida e o soltei. Jazmín.
Jazmín estava ao lado de Delfina balançando a cabeça negativamente como se estivesse se negando a acreditar no que estava vendo. Olhei sem jeito para minha amiga. Por mais que não tivesse nada demais acontecendo ali, me sentia culpada. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Jaz saiu correndo e Delfi foi atrás dela. Encarei Simón sem acreditar que ele pudesse ter feito aquilo comigo.
- Eu confiei em você. – Disse desapontada. Como ele podia ter tido a coragem de armar aquela cena para que Jaz entendesse tudo mal?
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Crime Perfeito | Simbar
Teen FictionSinopse: Prestes a completar dezoito anos, Âmbar quer terminar a escola e se livrar da imagem perfeita que sua tia a impôs desde pequena. Ela nunca acreditou em conto de fadas, em príncipes encantados ou no amor. Criada em meio a um mundo de luxo e...