Capitulo 10: Perto Demais

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O jantar chegou e o garçom colocou um prato para cada um. Simón havia escolhido um macarrão com um molho que eu não sabia o nome. E ele também não. Ri quando ele me disse isso. Comemos em silêncio e percebi que mesmo em silêncio, me sentia confortável na presença dele. Quando estávamos terminando de jantar, ouvi alguém me chamando.

- Ambar! – A pessoa me chamava e cada vez ficava com a voz mais próxima de mim.

- Oi? – Me virei na direção da voz e vi Léon.

- Quanto tempo. – Léon disse já me abraçando. – Como você tá?

- Bem e você? – Tentei não mostrar que estava desconfortável.

Léon era um garoto que eu tinha conhecido em uma viagem e que tinha me envolvido por uns dias por insistência de Delfina e Jazmín. Ele era bonito, alto, de olhos claros, popular e simpático. Depois da viagem, nunca mais nos falamos, nem nos vimos. Eu não tinha interesse nenhum em manter contato ou voltar a me envolver com ele.

- Também. – Ele sorriu e olhou para Simón. – Seu namorado?

- Meu amigo. – Respondi rapidamente. – Simón.

- Prazer, Léon. – Léon estendeu a mão para Simón, que a apertou contra sua vontade.

- E você, quem é? – Simón perguntou e Léon me olhou.

- Tive uma história com a Ambar. – Léon riu. – Estávamos na praia, não tínhamos sinal de internet e resolvemos ficar juntos por um tempo.

- Foi muito bom te ver. – Menti. Estava extremamente desconfortável com aquela conversa na frente de Simón.

- Também gostei. – Léon me deu um beijo na bochecha. – Tchau, gente. – E saiu andando.

- Ás vezes eu acho que só existe um restaurante, uma lanchonete, um lugar pras pessoas irem. – Reclamei. – Onde quer que eu vá, encontro alguém.

- Essa deve ser sua sina. – Simón brincou.

- Acho que quero voltar pra casa. – Disse ainda desconfortável por ter encontrado Léon.

- Aconteceu alguma coisa? – Simón se preocupou.

- Não, mas alguma coisa me diz que vai acontecer. – Suspirei, tentando conter o mau pressentimento.

- Eu te acompanho até sua casa. – Ele se ofereceu e eu forcei um sorriso em resposta.

Simón pagou a conta e saímos do restaurante. Andamos alguns quarteirões até chegarmos a frente da mansão. As luzes estavam apagadas e eu estranhei aquilo. Ainda não era tão tarde.

- Tudo bem? – Simón percebeu a apreensão que eu estava sentindo.

- Sim. – Menti. – Até mais.

- Ei. – Simón me puxou e antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele me abraçou forte. Coloquei minhas mãos em suas costas, retribuindo o abraço e senti vontade de chorar. – Vai ficar tudo bem. – Ele disse enquanto continuava me abraçando.

Já tinha ouvido falar que um abraço poderia dizer mais que mil palavras, mas nunca me permiti sentir aquilo. Era a primeira vez que um abraço aquecia meu frio coração. Eu queria que aquele abraço não acabasse nunca, queria que o tempo parasse e que aquilo pudesse se estender por horas. Simón parecia me dizer que estava comigo e que eu podia contar com ele, acontecesse o que acontecesse. Senti meu coração disparar e percebi que o dele batia no mesmo ritmo acelerado que o meu.

- Obrigada. – Sussurrei com os olhos fechados. Nunca tinha sentido uma coisa tão forte.

- Você nunca vai estar sozinha. – Ele prometeu e me soltou.

- Boa noite, Simón. – Dei o sorriso mais sincero que já tinha dado para alguém na vida.

- Boa noite, Ambar. – Ele piscou um dos olhos para mim e entrei na mansão.

Liguei a luz da sala e não vi ninguém. Franzi a testa e subi as escadas. Antes de entrar em meu quarto, espiei a porta de Sharon. A porta estava entreaberta e ela dormia tranquilamente com a televisão ligada. Suspirei e fui para meu quarto. Troquei de roupa e deitei na cama com as luzes apagadas. Tateei meu vestido e o aproximei de mim com cuidado. O perfume dele ainda estava ali. O mau pressentimento não tinha ido embora, mas o perfume dele parecia ser um lembrete para que eu não esquecesse que não estava sozinha. Dei um sorriso escapar e me abracei ao vestido, sentindo o cheiro dele enquanto tentava dormir e acalmar meu coração.

Crime Perfeito | SimbarOnde histórias criam vida. Descubra agora