- Não imaginava encontrar vocês aqui. – Delfina forçou um sorriso. – Ainda mais juntos.
- Eu e a bonita viemos tomar um milk-shake. – Simón respondeu minha amiga e eu engoli a seco. – Ela tava estressada com o Nico querendo ser estrela e eu a convidei pra tomar um milk-shake comigo.
- Pensei que você tinha dito que ia ficar lá com a Jaz. – Delfina me encarou. – Acho que estou entendendo qual é a sua.
- O que? – Não acreditei no que estava ouvindo e me levantei. – Olha só, Delfina, não sei o que você tá pensando ou tá deixando de pensar, mas eu só vim tomar um milk-shake.
- Claro. – Ela sorriu ironicamente. – Jazmín e Nico, né?
- Não tô com paciência pras suas insinuações. – Cruzei os braços ignorando a presença de Simón e Pedro.
- Não tô insinuando nada, bonita. – Ela enfatizou o bonita e eu apenas ri, saindo de perto deles.
Passei perto de Jazmín e Nico e parei com a cabeça prestes a explodir. Eles estavam conversando e as câmeras estavam desligadas. Me aproximei de Nico e o encarei.
- Chega. – Suspirei. – Se você quiser contar, conte. Eu não tô nem aí pra essas insinuações. Eu sei que não tem nada entre a gente.
- Do que você tá falando? – Jazmín perguntou e Nico me olhou e balançou a cabeça negativamente como se dissesse que não diria nada.
- Ambar! – Simón me chamou e eu apenas sai andando o mais rápido que consegui.
Fui andando até a mansão enquanto continuava inconformada com toda a situação. Eu não estava fazendo nada de errado. Não era um problema meu se Simón queria ser meu amigo, mas não queria ter nada com Jazmín. Eu não estava dando em cima dele ou coisa do tipo, só estávamos tomando um milk-shake e conversando. Balancei a cabeça negativamente e parei em frente a mansão. Não estava a fim de ver minha tia naquele momento e também não queria ficar enfurnada num quarto. Meu celular tocou e eu vi que era um número desconhecido. Atendi.
- Alô. – Disse assim que atendi a ligação.
- Ambar, eu queria me desculpar. – Ouvi a voz de Nico do outro lado da linha. – Sei que posso ter usado os artifícios errados pra conseguir o que queria, mas me sinto culpado por ter te ameaçado daquela forma. O que você e Simón fazem ou deixam de fazer não é da conta de ninguém e eu não devia ter me aproveitado disso.
- Não fazemos nada. – Rolei os olhos. – Eu não me sinto culpada se ele me deu um buquê de flores e se aproximou de mim. Somos amigos, mas parece que ninguém entende isso.
- Certo, não é da minha conta. – Ele respirou fundo. – Te liguei pra outra coisa.
- O que?
- Me desculpar. – Nico deu um riso fraco. – As vezes perco a cabeça pra alcançar meus objetivos. Mas quero que saiba que não quis te fazer mal.
- Tudo bem, Nico. Eu te desculpo. – Concordei.
- E outra coisa, Ambar... – Ele fez uma pausa. – Eu também liguei pra saber se você quer sair comigo. Não entenda mal, é uma forma de me desculpar.
- Sem ameaças? – Perguntei insegura em aceitar ou não.
- Sim. – Ele assentiu. – Sem ameaças. Não tô me sentindo bem pelo que fiz.
- Tudo bem. – Aceitei. – Tô precisando mesmo sair um pouco e me desligar dessas confusões.
- Certo. Que horas passo pra te buscar?
- Não precisa. – Respondi. – Vou sozinha.
Nico concordou com minha condição e marcamos de sair no começo da noite. Entrei na mansão, tomei um banho refrescante, vesti um pijama e estudei um pouco. Quando estava quase na hora, peguei um vestido qualquer no armário e vesti. Passei um pouco de maquiagem e peguei meu celular e as chaves da mansão. Desci as escadas da mansão e vi Sharon sentada no sofá. Me aproximei com cuidado e sentei ao lado dela.
- Tudo bem, Sharon? – Perguntei e ela assentiu sem olhar para mim. – Se precisar de qualquer coisa, pode contar comigo.
- Você não vai sair? – Ela olhou para minha roupa e eu apenas concordei. – Então, vai.
- Boa noite. – Sorri sem graça e levantei do sofá.
Já estava acostumada a ser tratada daquele jeito, mas, no fundo, me magoava. Respirei fundo, segurando as lágrimas e sai da mansão. Ás vezes pensava como seria se tivesse um pai e uma mãe. Ou, pelo menos, alguém que se importasse comigo. Decidi ir andando até o lugar que Nico tinha marcado comigo e fui me acalmando conforme me afastava da mansão. Parei em frente ao restaurante do outro lado da rua e suspirei. O que eu estava fazendo ali, afinal? Balancei a cabeça negativamente, já que era tarde demais pra desistir. Atravessei a rua e entrei no restaurante. Fui recepcionada por um garçom que perguntou meu nome e me levou até a mesa. Vi a mesa de longe e Nico não estava lá. Sentei na cadeira e vi que estava de frente para Simón.
- Simón? – Perguntei, surpresa. – O que você tá fazendo aqui?
- Nico disse que queria se desculpar pelo que fez. – Simón respondeu. – Mas ele sabia que não tinha nada a ver ele vir aqui e jantar com você.
- Então, ele te mandou pra cá? – Ele apenas concordou. – Sabe, Simón, vou te falar uma coisa, mas espero não me arrepender.
- O que?
- Estou feliz que você esteja aqui no lugar do Nico. – Fui sincera. – Não ia me sentir tão confortável jantando com ele.
- Imaginei. – Ele abriu um sorriso e eu acabei sorrindo junto. – Você quer fazer o pedido?
- Acho melhor você fazer isso. – Empurrei o cardápio na direção dele.
- Não temos gostos muito iguais, não sei se isso vai dar certo. – Ele disse sério e eu toquei sua mão.
- Me surpreenda, Simón. – Pedi e ele também tocou minha mão. – Na próxima, eu escolho.
- Tudo bem. – Ele assentiu e abriu o cardápio, escolhendo o que pedir.
Simón se concentrou em olhar o cardápio e eu me vi perdida em seus olhos. Os olhos de Simón não eram claros, não tinham nada de especial, mas me chamaram atenção. Vi um brilho diferente em seu olhar enquanto passava o olho pelo cardápio e suspirei. Voltei meu olhar para a mesa e encarei minha mão. A mão que tinha tocado a dele. O que era isso que eu estava sentindo? Voltei a olhar para Simón e ele também me olhou.
- Escolheu? – Perguntei, tentando desviar o foco de ter sido pega olhando pra ele.
- Sim. – Ele balançou a cabeça positivamente e eu apenas fiz o mesmo.
Simón chamou o garçom e fez o pedido. Ficamos em silêncio quando o homem saiu depois de ter anotado tudo que Simón pediu.
- O que houve?
- Como assim? – Tentei disfarçar. Estava um clima estranho.
- Você tá quieta, pensativa...
- Fiquei pensando na briga que tive com a Delfina. – Suspirei. – Não gostei da forma que ela falou comigo.
- Expliquei pra ela que não tem a ver. – Ele disse de repente. – Não tem porque ela ficar insinuando essas coisas.
- Obrigada, mas acho que ela não vai aceitar isso tão fácil.
- Pelo menos, eu tentei.
- É. – Concordei e voltamos a ficar em silêncio.
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Crime Perfeito | Simbar
Teen FictionSinopse: Prestes a completar dezoito anos, Âmbar quer terminar a escola e se livrar da imagem perfeita que sua tia a impôs desde pequena. Ela nunca acreditou em conto de fadas, em príncipes encantados ou no amor. Criada em meio a um mundo de luxo e...