Capítulo 9 - Não vai acontecer de novo

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POV Allyra

Eu nunca sei o que fazer quando chego a uma das casas ocupadas de Alexandria, porque parece simplesmente bizarro bater na porta. Não é como no meu antigo grupo que tudo era resumido a quartos e bater era normal.

Fico parada um instante, olhando para a porta branca a minha frente  e então levanto a mão e dou uma batida.

—Entra- grita Carol lá de dentro e eu não penso duas vezes antes de faze-lo.

—Oi- cumprimento e noto que ela fica surpresa ao me ver. Não tenho muito contato com ela, então só passo direto e vou até o quarto de Glenn e Maggie.

A morena atende na primeira batida e abre um sorriso quando me vê.

—Estou quase pronta, me dê só um instantinho- pede e concordo dando de ombros.

—Relaxa Maggs.- digo e volto para a cozinha.- As casas não vão sair do lugar.

Me sento em uma das banquetas altas próximas ao balcão e apoio o cotovelo no mesmo, enquanto penso nas casas que podem ser legais para o casal. Esse negocio de ter uma amiga em pleno apocalipse é mesmo estranho. Aqui estou eu, ajudando ela a encontrar uma casa legal, como se o mundo lá fora não estivesse no fim.

—Allyra eu queria falar com você um instantinho se não for muito incomodo- diz Carol parando de fazer sei lá o que e se virando para mim.

 -Pode falar- digo dando de ombros, mas atenta. A postura dela mudou minimamente.

—É sobre o Daryl.

—O que tem ele?- pergunto arrumando o corpo ao sentir uma ameaça ali. Não é como se eu e o caipira gostoso estivéssemos casados, mas pelo tom de voz dela... Não sei.

—Eu só quero pedir que não, bem, não faça isso. Se envolver com ele.

—Sem ofensas Carol, mas não é da sua conta- aviso sem muita paciência e ela se vira meio chocada pra mim.

Noto o movimento de sua mão em direção a faca.

—O que disse?- pergunta sem aquele filtro falso de dona de casa que ela usa ultimamente.

—Você ouviu o que eu disse. – respondo tranquilamente, os olhos fixos na mão com a faca.- E Carol?

—O que?- pergunta mexendo sutilmente na faca.

—Pensa bem antes de realmente pegar essa faca. Porque se você pegar ela e lançar, é melhor acertar, pois a partir dai eu não vou ser mais legal.- digo friamente e ela se vira para me olhar surpresa.

—Do que está falando?- o tom está de volta, mas os olhos brilham curiosos, espertos.

—Estou falando que esse tom de dona de casa do bem não me engana.- respondo e sustento o olhar dela por um longo momento.

Ela parece atordoada. Não sei bem o que se passou pela cabeça dela ao pegar a faca, mas era em modo de ataque. Não acho que ela fosse jogar, seria burrice e estragaria qualquer disfarce, mas acho que ela fantasiou algo assim e eu não sou uma pessoa muito paciente.

Passos silenciosos descem as escadas e não preciso me virar para saber que é o caçador.

—Little Monster?- pergunta parando ao meu lado, o mal humor de sempre estampado em seu rosto- Esqueci alguma ronda?

Olho-o de cima em baixo, um sorrisinho escapando ao notar a marca roxa em seu pescoço. Odeio o modo que meu corpo reage a ele, querendo contato.

—Você sabe que o mundo não gira ao seu redor, certo?- pergunto tranquila e ele rola os olhos.

Among the ShadowsOnde histórias criam vida. Descubra agora