Capítulo 2 - Alexandria

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POV Allyra

Levanto o rosto e sinto a água morna bater contra ele, então pego o shampoo e condicionar emprestado e esfrego meus cabelos, fechando a cara para a cor da água que cai, mostrando o quão suja eu estava. O apelido idiota que o caipira usou ecoa em minha cabeça: “Little Monster”

Fecho os olhos e deixo meus pensamentos viajarem.

Flashback on

Observo com atenção toda a estrutura da cidade, e logo de cara encontro falhas e mais falhas na segurança. Sigo Aeron portão adentro e depois em direção ao que creio ser a enfermaria. Em certo momento o caipira, tal Dixon, some de vista, e não me importo muito com isso. Decoro mentalmente rotas de fuga, é algo automático e gosto que seja assim.

Uma moça insegura nos recebe e de pronto diz que pode chamar o doutor para me atender, alegando ser uma simples enfermeira, e psicóloga. Sinto a insegurança dela de forma tão espessa que quase posso tocar. Me lembro vagamente de iniciantes nessa área com quem lidei em outras enfermarias e simplesmente balanço a cabeça em negativa.

—Não precisa- digo séria- são só uns pontos. Eu mesma faço.

—Não, que isso. Nesse caso e-eu faço – gagueja levemente, e acabo arqueando a sobrancelha para ela.

Concordo com a cabeça, achando que vai ser bom para ela ter noção desse tipo de coisa. Recuso o remédio para dor, e ajudo-a a limpar o local, tirando o resto dos pontos rebentados.

Ela treme um pouco, mas trabalha muito bem, com pontos firmes e gosto disso. Ela me olha insegura vez ou outra, e acabo por incentiva-la.

Assim que acaba pego minha mochila de volta e aceno em agradecimento para Aeron que se manteve ali durante todo o processo.

Uma senhora entra pedindo remédio para dor de cabeça e para bruscamente me encarando.

—Quem é ela?- pergunta com os olhos fixos em mim e sinto a segurança de uma líder naquela voz.

Ouço por alto a explicação de Aeron, impaciente, enquanto penso que não deveria ter aceitado entrar. Eles claramente não tem estrutura para me manter ali, e nem sequer tenho medo que sejam perigosos, mas ficar tanto tempo em grupo me incomoda.

—Posso conversar com você?- ela pede e a encaro com desinteresse- é o que sempre fazemos com novos membros.

—Não sou um membro novo- aviso com a voz neutra- não estou aqui para ficar.

—Podemos pelo menos conversar sobre isso?- aperto os olhos em direção a ela, e não consigo evitar fazer as comparações entre ele e ela. Líderes tão diferentes.- talvez você mude de ideia.

—Cinco minutos- digo por fim, mais pelo fato de que quero saber mais sobre eles do que qualquer coisa.

Ela caminha em direção ao que acredito ser a própria casa e me chama para entrar educadamente. Liga uma câmera, e assim que o faz, paro de me mover, longe da lente.

—Eu costumo filmar os entrevistados e...- ela começa a se explicar ao notar meu olhar analisador, mas eu a interrompo.

—Não sou filmada- deixo claro, a câmera me trazendo lembranças de antes do mundo acabar.- nem por um minuto ou cinco.

—Tudo bem- diz por fim e desliga a câmera.

Começa a fazer perguntas sobre mim, meu nome, minha vida antes disso, se eu tinha um grupo, se estou sozinha, e eu acabo por não dar respostas. O que eu era antes dos errantes não é da conta dela, o meu antigo grupo não vem ao caso, e tudo o que digo sobre mim é que sim, eu estou sozinha, e meu nome.

Among the ShadowsOnde histórias criam vida. Descubra agora