Porque a vida só se dá pra quem se deu

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Liguei.

– Meu bem, como está você? – quis saber ela.

– Tudo bem. Olha, queria te pedir desculpa por hoje – disse.

– Não tem por que se desculpar. Só quero que saiba que se quiser conversar, estou aqui – se dispôs.

– Tá, obrigada. Vai fazer o que hoje à noite? – desconversei.

– Estava esperando você ligar para saber – disse ela.

– Estou cansada, não sei se quero fazer nada – eu disse.

– Quer vir assistir alguma coisa aqui em casa?- convidou.

– Pode ser. Eu levo o jantar, ok? – sugeri.

– Combinado. Até mais tarde.

Às 20h chequei ao prédio dela. O porteiro me anunciou e subi.

– Boa noite, senhorita – disse ela, ao abrir a porta.

– Boa noite. Vim trazer seu jantar – brinquei.

– Por que eu não pedi comida neste restaurante antes? Se a comida for do nível da entregadora... – respondeu.

Ri e entreguei a embalagem de alumínio a ela.

– Trouxe gnocchi, espero que goste – disse.

– Adoro, mas prefiro você – disse, me puxando pela cintura e beijando a minha boca.

Jantamos agradavelmente e depois fomos para o sofá assistir Grey's Anatomy, escolha minha.

O sofá da casa de Carol se abria, formando um confortável apoio para as pernas.

Ela então se sentou e eu sentei entre as pernas dela, apoiando minhas costas em seu peito. Não sei ao certo quantos episódios vimos, pois cochilamos. Acordei com Carol beijando meu rosto e me chamando para irmos para o quarto ou ficaríamos doloridas no dia seguinte.

– Vou para casa – disse eu.

– Por quê? Já está tarde e eu queria que você ficasse – pediu ela.

– Amanhã eu trabalho – respondi

Ela começou a tirar minha blusa e, claro, não fiz esforço nenhum para destruir aquele momento. Transamos no chão da sala, contrariando todas as regras de conforto. Quando acabamos, eu disse:

– Você foi convincente nos argumentos usados para eu não ir embora – disse, séria.

– Fui, é? Posso continuar tentando se você quiser... – falou.

– Queria ficar, mas trabalho amanhã – expliquei.

– Que horas você trabalha? – perguntou

– Tenho uma audiência às 14h, mas preciso passar no escritório para colocar as coisas em ordem antes – disse.

– Acordamos cedo, você passa em casa e depois vai para o escritório. Dá tempo – planejou.

– Então, coloque o despertador para não perdermos a hora. Não posso me atrasar – pedi.

– Pronto – disse, levantando do chão e estendendo a mão para me ajudar a levantar.

Deitamos aninhadas na cama, com ela envolvendo o meu corpo numa concha perfeita.

O despertador tocou às 8h no dia seguinte e acordamos preguiçosamente. Ficamos na cama um pouco até que não fosse mais possível esticar o momento.

Cumpri minha agenda do dia, mas ao fim da audiência ainda sentia disposição para mais alguma coisa. Troquei de roupa e fui correr no parque.

Estava no segundo quilômetro quando meu celular tocou. Era Carol.

– Oi – atendi ofegante.

– Tá cansada? Atrapalhei alguma coisa? – perguntou reticente.

– Não. Eu tô correndo no parque – expliquei.

– Ah! Então eu ligo depois – disse.

– Não, pode falar – insisti.

– Liguei só para saber como foi a audiência – quis saber.

– Tudo dentro do esperado – disse.

– Vocês advogados são sempre assim evasivos? Isso quer dizer o que exatamente? Boa ou ruim? – riu ela.

– Conseguimos suspender a junção das duas concorrentes – tentei explicar.

– Só piora, vou tentar outra coisa: você ficou satisfeita com o resultado? – perguntou.

– Muito satisfeita – disse.

– Pronto, era isso que queria saber. Na verdade, não só isso...vai fazer o que hoje? – perguntou.

– Vou ter que trabalhar num relatório complicado que tenho que entregar amanhã sem falta – disse.

– Bom, então só me resta dormir – lamentou.

– Desculpe! – falei.

– Tudo bem, vou me entregar aos seriados – concluiu.

Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora