capítulo 1

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O apartamento Novo era pequeno. Pequeno até demais. Nele so havia dois quartos, um banheiro e uma sala que também podia ser chamada de cozinha. Pela sala poucos móveis espalhados, só os mais essenciais, tv, mesa, sofá e um tapete vermelho ( que por sinal é horrível).

Estou deitado no sofá de short, quando a campainha toca. O baralhu é alto, igual a de uma ambulância quando está em emergência. Eu me levanto bufando e espero, mas minha mãe não aparece pra atender, quem quer que seja a pessoa nova que sem nos conhecer está tocando, a nossa campainha;

O garoto da campainha ( vou chama- lo assim) é mais branco que papel, tem cabelos negros meio grande demais e olhos cinzas. Ele está com um sorriso enorme ao me olhar, achei estranho suas mãos estarem para trás " seria um assalto? " Sei lá vamos descobrir né. Pensei.

- oi - falou ele esticando sua mão esquerda, embora a direita continuasse lá trás.

- oi..? - eu respondi com a porta meio entreaberta.

- ah me esqueci. Sou Tavvy. Tavvy Smith, sou seu vizinho. - ele continua com o sorriso e percebo que seus dentes, embora sejam brancos, possuem algumas manchas amareladas.

- oi Tavvy sou Alan.

Ele abaixou a cabeça e esticou a mão direita. Pude finalmente ver o que ele trazia na mão, e fiquei meio decpicionado ao constatar que era um copo de vidro pequeno que por sinal estava vazio ( não que eu esperava uma arma ou coisa do tipo).

- é que tipo - ele parou pra coçar a cabeça - minha mãe perguntou se não teria um pouco de sal, e acredite é a primeira coisa que acaba la em casa.

O olhei meio confuso e dei de ombros.

- já que a pressão de vocês parece inativa, Vou ver com a minha mãe se tem. Não que seja da sua conta, mas nos mudamos ontem - eu não queria ser muito rude, mas essa cena já estava clichê demais. Tavvy  apenas assentiu, sem desmanchar seu sorriso. Abri a porta toda pra ele é o convidei pra entrar.

Ele não reparou na casa, apenas ficou olhando para o nada e me entregou o copo.

Dona Elsalia estava na cozinha, provavelmente fazendo almoço. Ela estava com um vestido azul florido e seus cabelos cacheados estavam soltos e o sol que entrava pela janela que ficava na mesma parede que o fogão, iluminava sua pele negra. Um fato que eu nunca entendi sobre minha mãe é que quando o sol bate em sua pele, parece que ela muda de cor. O Tom negro se tornando mais claro. Quando pequena. Um dia ela me contou. Na escola ela era chama de pudim.

- mãe tem sal? Os vizinhos já estão encomodando - falei esticando o copo em sua direção. Ela se virou pra mim e sorriu. Veio em minha direção e tomou o copo e foi pegar algo no armário.

- não seja rude Alan, é apenas sal.

- eu sei mãe, mas se mudamos ontem, deveríamos ser nós a pedir algo - ela entregou o copo na minha mão e fez carinho na minha bochecha e sorriu. Seu sorriso era tão lindo quanto ela. Seus olhos castanhos mais claros que tudo estavam brilhantes. Acho que foi a única coisa que herdei da minha mãe os olhos castanhos tão claro quanto o dia.

- está aqui filho. E não demore sua aula começa daqui a uma hora e meia

- ainda tem isso? - ela assentiu

- obrigado mãe - nem esperei e fui saindo da cozinha.

O garoto da campainha se levantou quando me viu. Ele parecia assustado e nervoso ( mas o sorriso continuava lá) pegou o copo da minha mão e agradeceu. Fui com ele até aporta

- seus olhos são bacanas - ele disse meio corando

- valeu é herança de família.

- nunca vi um negro igual você tão claro.

- talvez tenha visto sim Tavvy, mas precisa ser alguém melhor pra lembrar deles. Seus olhos se arregalaram ele deu um passo para trás

- não foi isso que eu quis dizer Alan

- Eu sei " Tavvy" - ironizei seu nome - mas foi o que eu quis dizer. E fechei a porta na sua cara.

Voltei pro sofá com os pensamentos a mil. Mal cheguei na cidade nova e o preconceito veio junto, não que eu ligue, na verdade eu nunca liguei pra isso. Só que as vezes é chato perceber que sempre vai ter alguém te olhando com desprezo.

sexo a três : a necessidade de amarOnde histórias criam vida. Descubra agora