Se você vai continuar a me acompanhar nessa história, preciso deixar uma coisa bem clara. " Eu odeio mudanças". Acho que a maioria das pessoas odeia mudar, seja por alguém ou por ela mesmo. Não que isso seja ruim é apenas trabalhoso demais.
Estou me olhando no espelho do meu quarto e tentando captar alguma mudança em mim, me mudei ontem eu sei, mas algo deveria ter mudando também? Bufo de raiva ao perceber que eu ainda continuo o mesmo. Pele negra nem tão escura e nem tão clara. Olhos castanhos quanto ao dia e cabelo cacheado. Sou normal. Sou feio disso estou certo. Embora minha mãe fale sempre ao contrário.
Saio do quarto com a preguiça nas costas e encontro minha mãe vendo novela na sala. Ela é linda. Não entendo como o meu pai a abandonou na verdade não entendo quase nada em relação ao meu pai .
- está pronto filho? - assenti com a cabeça - vamos deixa que eu te levo. Tenho que ir pro trabalho também.
Vou na frente e abro a porta pra ela que sorri. O corredor do prédio estava vazio e elevado era logo ali na frente. Minha mãe trancou a porta e andamos até o elevador. Foi quando a porta do vizinho abriu e o garoto da campainha saiu de lá.
- oi Alan - ele sorriu e eu e minha mãe paramos assustados. Tavvy estava com uma bermuda e uma blusa negra sem desenhos ,a mochila em suas costas eram azuis ( tudo junto e misturado)
- já fez amigo novo filho? - minha mãe pergunta se recompondo do susto. Olho pra ela e falo em tom de deboche
- eu ia fazer essa mesma pergunta mãe - Tavvy em nenhum momento pareceu ofendido. O sorriso dele já estava me enchendo
-oi mãe do Alan. - Tavvy estica a mão pra minha mãe que a segura. - sou Tavvy seu vizinho.
- Ah oi Tavvy. Tudo bem? - ele assentiu - sou Elsalia mão do Alan
- a senhora é bonita. - ela corou
- brigado rapaz você também é, muito bonito por sinal - foi a vez dele corar
- vamos mãe, se não vamos atrasar no primeiro dia. Interrompi os dois
- ah você está indo pro colégio também Alan? - ele me pergunta sem desviar os olhos da minha mãe. Assenti pra ele. Ele me olhou - eu te levo também estou indo.
- você é gentil Tavvy, nem percebi que você estava indo pro colégio. Aposto que o seu irmão está te esperando lá embaixo? - seu sorriso vacilou e seus olhos fixaram em mim se fosse possível eu poderia jurar que uma tempestade estava se formando em seus olhos. Ele se recompôs e minha mãe me cutucou
- como você sabia? - eu arregalei meus olhos eu não sabia apenas deduzi vendo filmes.
- sou vidente
- bem que eu desconfiava.
- então meninos vamos? - minha mãe fala
- sim., falámos em uníssono.
O irmão de Tavvy era parecido com ele tinha o mesmo tom de olhos. Ele era um pouco assustador fiquei com receio de entrar no carro, mas Tavvy insistiu tanto que acabei cedendo.
- e aí mano sou Matias -Ele fala esticando a mão eu aperto e falo meu nome. Vou no banco de tras enquanto Tavvy vai na frente com o irmão.
O percurso até o colégio não era longe, memorei pra qualquer dia vim a pé. Matias deixou agente e seguiu seu rumo pra Deus sabe aonde. Tavvy estava ao meu lado, também parecia nervoso. Ele toda hora ficava olhando para baixo
- vamos entrar? - perguntei
Ele olhou para mim e sorriu
- Alan queria te pedir desculpas, sobre hoje mais cedo. Eu não queria dizer aquilo. Eu não sou preconceituoso, você é apenas diferente das pessoas negras que costumo ver.
Por um momento eu pensei em sair andando e deixar Tavvy sozinho. Ele ainda está insistindo nisso. Mas vi em seu olhar quando ele me encarou que suas desculpas eram sinceras. Afinal sou o garoto novo na cidade, preciso de amizades.
- esquece isso Tavvy já foi. Nem estou mais bolado com isso. Não é que eu seja diferente, é que meu pai era branco, assim igual você mas os olhos eram verdes. Descendentes de alemão.
- uau e por que eu não vi ele ontem, quando fui em sua casa. Ele trabalha?
- não quero falar disso pode ser?
Ele fez que sim e entramos no colégio.
A primeira coisa que reparei foi que cem porcento dos alunos que estudavam aqui cem por cento eram brancos. Me senti um peixe fora d'água ao constatar que eu era o único com a pele escura. Fui diminuindo o meu passo com a cabeça baixa, não queria atrair olhares, mas era impossível todo mundo me olhava. Tavvy fazia questão de andar do meu lado. Agradeci aos céus por isso.
Paramos em uma porta que tinha um pedaço de madeira escrito secretaria. Tavvy bateu e saiu andando eu o acompanhei ainda com a cabeça baixa.
A secretária era uma senhora bonita. Era morena com cabelos pequenos quase raspado ( sei lá o diferente me atrai) seus óculos eram pretos de uma marca que parecia famosa mas eu não soube identificar qual.
Ela me olhou e sorriu ( ultimamente as pessoas andam sorrindo de mais pra mim)
- Alan voyger? - ela perguntou
- Sim. Eu mesmo. - ela assentiu e foi procura alguns papéis em sua mesa. Quando ela achou ela olhou pra Tavvy e disse.
- pode ir senhor Smith eu o acompanho.
- sim senhora Alomara.
Tavvy balançou a cabeça pra mim e surrou que me encontraria no recreio. Retribuir e fiquei olhando pra Alomara.
- vamos?
- é vamos
Percebi naquele instante que eu não queria seguir em frente. Não me interpretem mal, mas ninguém deve passar pelo que eu vou passar. Isso é errado. Assustador. Em cada cidade que passej ganhei várias cicatrizes e isso me tornou mais forte, não tenho dúvidas. Mas será que realmente vale lutar certas batalhas? Não sei. Mas eu estou preparado.
Dei o mei melhor sorriso e segui mesmo que os olhares não sejam favoráveis eu vou sorri. Pois sou humano sou igual a qualquer pessoa, não posso me calar, nao agora.
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sexo a três : a necessidade de amar
DiversosPreconceitos, amizade e muito sexo é só o aperitivo de sexo a três. Porque o prato principal é o amor. Alan o menino negro que se vê perdidamente apaixonado por julia e Peter, os mais gatos do colégio. Enquanto Alan precisa se manter forte pra poder...