capítulo 4

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Meu primeiro pensamento foi correr, sair imediatamente daquela sala e chorar, realmente algo brilhoso formava em meus olhos. Mas eu sabia que se eu corresse agora, aquilo ia continuar pelo resto do ano. Eu precisava da um basta mesmo que meus pés me puxassem para fora.

Entao eu fiz a coisa mais inesperada que alguém podia esperar de mim. Abri um bombom e comi. Estava delicioso. Depois, peguei e ofereci para a turma.

- nossa isso aqui está bom. Alguém aceita?

Júlia estava com os olhos arregalados, mas logo sorriu e pegou um bombom da caixa e o comeu. Algumas pessoas da sala cochichavam e riam outras me olhavam com raiva.

Fomos eu e Júlia pro nosso lugar é a professora entrou e logo passou a matéria. Eu estava tremendo e suando, não demonstrei pra Júlia. Mas eu ainda estava com medo. O primeiro dia, imagine o resto do ano.

Pedi a professora pra ir bebê água e ela liberou. Saí sem olhar pra ninguém.

Entrei no banheiro que estava vazio e fiquei me olhando no espelho, minha aparência estava normal, embora meus olhos estavam vermelhos. Esse é um problema antigo. Qualquer coisa meus olhos denunciavam minhas marcas.

Lavei o meu rosto mas o vermelho dos meus olhos continuavam lá, Eu não ia chorar, não hoje e nem amanhã. Uma mão agarrou meu braço eu dei um gritou de susto e meu corpo foi jogado contra a pia. Fiquei desnorteado e vi dois céus escuros me encarando.

Eu não conhecia o menino que apertava meu braço, mas me lembro dele da " regras de Tavvy". O garoto no qual eu não poderia falar.

Ele tinha um braço grande e olhos azuis escuros, seu semblante estava aterrorizante .

- me solta - pedi meio gaguejando

- não é tão valente agora né - ele sorriu e isso me deixou com mais medo.

- fui pego de surpresa, você estava com as chances não é? - levantei uma sombrancelha e meu corpo foi jogado de novo contra a a pia, e minhas costas protestou.

- você não deveria ter reagido daquela forma. Negros como você não tem vez aqui.

- então tudo isso é por uma cor? - os braços dele me apertavam cada vez mais.

- sabe, sua cor é escura demais.

- talvez eu não me importe com isso, afinal é de mim que estamos falando.

- você fala tanto assim mesmo?

- não deveria? - comecei a me movimentar pra tentar se livrar dele - se você não sabe é uma democracia em que vivemos.

- vamos pra sua tese então.

Ele afrouxou o aperto do meu braço e me trouxe pra frente. Senti uma dor nas minhas costelas mas não reclamei. Então, ele apertou meu braço mais ainda e me deu um empurrão contra a pia, que meu grito saiu como vidro se quebrando.

- é, uma democracia mesmo - ele falou chegando perto do meu ouvido. - minha mão está coçando para próxima. Neguinho.

Ele me soltou brutalmente e caí no chão. Por um momento perdi o comando do meu corpo, fiquei parado com o rosto em choque. Uma voz sobressai quando tenta me levantar.

- definitivamente o Truckker não gosta de você - era Peter o menino loiro que estudava na minha sala

- sério? - falei me apoiando na pia, tentando me levantar do chão - eu jurava que aquilo que ele acabou de fazer era uma demostração de amor.

Peter me encarou e se aproximou pra me ajudar, minhas costas que não gostaram muito. Como já disse ele era loiro e tinhas olhos verdes. Não sei o que me deu mas senti um frio percorrer meu corpo, quando ele me tocou.

- o Truckker tem razão, você fala muito. - ele disse quando estávamos fora do banheiro.

- acabei de quase apanhar, não me leve a mal.

Por fim, consegui caminhar sozinho, mas ainda doía minhas costas, eu estava mancando.

Quando chegamos na sala e Peter abriu a porta todos os rostos se voltaram para agente. Fiquei com vergonha. A professora que passava algo no quadro, nos olhava com reprovação.

- Peter e Alan da próxima ficarão suspense. Se juntem com a Júlia e ela explicará o trabalho pra vocês.

Meu primeiro dia começou tão bom que não bejo a hora dos próximos. Confesso que fiquei assustado com o episódio do banheiro, jamais fui ameaçado assim, mas se aquele garoto por nome Truckker acha que vai me intimidar, ele está muito enganado.

sexo a três : a necessidade de amarOnde histórias criam vida. Descubra agora