capítulo 15

7.1K 208 1
                                    

Quando o avião deles decola sinto que meu mundo foi embora junto. Ele olhou para trás e me viu, minha oração foi realizada. Estou escondido atrás de um arbusto vendo minha mãe conforta o pai de Júlia. Acho melhor ir embora antes que por um acaso eles me vejam.

Como estou? Acho que bem, não sei o certo como meu coração vai estar mas, sei que ele está rachando me privando de sentir. Saio de lá e ando direto para fora, as pessoas parecem borrão e meus passos são rápidos e desengolçados. Meus olhos brilham de lágrimas não derramadas. - pois é eles partiram.

Derrepente meu mundo gira e minha face fica rígida " eles partiram, eles partiram, eles partiram- essa frase martela na minha cabeça até doer. Minha duas mãos tampam meu ouvindo e as lágrimas descem com tudo, ao perceber estou correndo desesperadamente.

Foi quando bate em alguém que, segurou meu braço e me fez parar.

- Alan? - me lembro dessa voz e meu corpo fica rígido no modo defensivo. Seus olhos não parecem mais uma tempestade e sim um mar calmo. Minha respiração acelera e desacelera. O encaro nos olhos e me retraio um pouco com medo

- Truckker - minha voz sai arrastada e e metálica contenho o choro.

- você não está bem - não é uma pergunta e logo me questiono o que ele está fazendo aqui quando percebo que ele também estava espiando.

Assenti com a cabeça e começo aos poucos relaxar ele também sente dor. Mas ainda não entendo o que ele faz aqui, nunca o vi perto de Júlia mas, lembro que ele era amigo de Peter.

- eles partiram - olho nos seus olhos e ele me abraça, assim como eu ele teve alguma história com os dois.

O perfume dele é bom tem cheiro de algo da sofisticação francesa. Choro um pouco no seu camisão branco.

- vem, vamos sair daqui - ele não espera uma resposta apenas me puxa para além desse aeroporto de saudades. Pois é vou chama ló assim, ninguém mandou levar quem me pertence.

O quarto de Truckker é mais arrumado que o meu e um pouco maior. Nas paredes havia vários pôsteres de bandas de rock famosas. Uma cama de casal e uma escravinha com um computador era os maiores móveis que tinha. Olhando ao redor percebi que nunca estive no quarto dos dois e meu peito acelera de medo.

- por que você não foi se despedir? - eu pergunto deitado na sua cama em cima do seu peito. Seu coração não reagi a minha pergunta, continua a bater normalmente.

- mas eu fui, eu estava lá Alan - ele fala olhando para o teto.

- não. Não estava. Não desse jeito.

O silêncio reino e por um momento sinto vergonha das minhas perguntas, estou no mundo dele o modo de ataque tinha que vim dele. Minha cabeça gera várias lembranças e me pergunto se alguma vez sorri de verdade. Me pergunto se o Alan sorriu espontâneamente sem a pressão de mostra para o mundo que eu estava bem.

- você não também não estava, não desse jeito. - ele fala e um sorriso brota em meu rosto. O jogo dele era velho rebater uma pergunta com a mesma era desleal.

- odeio despedidas já tive muitas

- pois é, Peter também não gostava. - por essa eu não esperava havia algo ali também.

- como assim? - e a pergunta faz o coração dele acelerar. Acho que ele vai hesitar e por um momento percebo que odeio pessoas fracas, se ele hesitar agora, com certeza vou tira lo da minha vida.

- ja fomos amigos Alan. Eu e Peter éramos melhores amigos - ele com cuidado me tira do peito dele e fica de joelhos na cama. Faço o mesmo e o encaro nos olhos. - quando ele chegou no colégio eu fui o primeiro a falar com ele. Apresentei ele a todos. Éramos um dupla. Jogamos futebol juntos. Mas aí... - ele se cala e respira seus olhos se enchem de lágrimas mas sei que ele não vai deixar elas caírem.

- Peter mudou, ele se tornou egoísta queria as coisas do jeito dele e as vezes ele me olhava de um jeito... Sabe... Diferente... Como se enxergasse mais do que deveria - ele então me encara e encosta a mão no meu rosto - nos tornamos estranhos, Alan, quando você chegou. Você roubou a atenção dele só pra ti e fiquei com ciúme. Mas aí eu percebi que havia algo mais... Sempre havia só agora percebi que... - ele então me abraça e deixa a falar no ar.

- percebi o que Truckker? -

- que eu amava Peter - a resposta dele no passado me fez ficar enjoado afastei ele com a mão e procurei o teto pra focar meu olhar.

Truckker o mesmo que me bateu, o valentão do colégio estava admitindo ser alguém fraco, cujo os sentimentos falavam mais alto. Eu queria ir embora.

- me leva pra casa? - ele nem pensa muito e logo assenti

A noite está estrelada e o silêncio reina na rua, as vezes, não me reconheço - passei vários anos da minha vida sem a presença de meu pai e não fiquei tão mal quanto agora... Mas e aí cresci ou não? Talvez sim e talvez não, pode até parecer besteira mas um ano é capaz de mudar totalmente uma pessoa e acho que esse processo já começou em mim.

Entro na minha casa e o barulho da tv é a primeira coisa que escuto.

- Alan filho já chegou? - minha pergunta vindo da cozinha com um copo de leite.

- sim. A senhora não vai dormi?

- daqui a pouco - ela me estica o copo - você está bem? - eu pego o copo da mão dela e tomo um longo gole antes de devolver pra ela.

- tenho que ficar. - e ficamos os dois encarando um ao outro

sexo a três : a necessidade de amarOnde histórias criam vida. Descubra agora