HOMOFOBIA

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Estávamos caminhando de mãos dadas sob a luz do luar. Aquela noite não podia ficar melhor, estava tudo perfeito, apesar de eu saber que Johnatan não queria se casar, mas não quis pensar sobre isso.

-Quer um sorvete, sereia? - pergunta John, olhando para mim.

-Quero, sim, príncipe. De morango, por favor.

Johnatan me pede para esperar que ele vai andando até o calçadão para comprar. Afirmo com a cabeça, ele me dar um selinho e sai.
Sento na areia e espero ele voltar, quando escuto uma voz estranha atrás de mim.

-Ei, seu viadinho, cadê o seu namorado?  -Olho para trás, com o objetivo de saber se conheço o dono daquela voz, não conheço. Eram apenas dois rapazes, ambos aparentando ter 25 anos. Um deles possuía um tom de pele levemente mais claro que o meu, corte estilo militar, usava um sapatênis, camiseta e bermuda jeans. O outro era branco, com o cabelo levemente jogado para o lado, um pouco mais alto que seu amigo e estava sem camisa, também com uma bermuda jeans.

-Quem são vocês? - disse após olhar os dois de cima a baixo.

-Quem nós somos, não interessa. -Diz um deles, pousando uma das mãos no meu ombro.
O outro me empurra, me fazendo cair no chão. Ele anda em minha direção, olha nos meus olhos e chuta minha barriga com força.

-O que interessa a você é que nós não gostamos de gente como você na nossa praia.

Os dois começam a chutar-me, a minha vontade era de estrangular os dois, mas me conti, eu sabia que isso estragaria todo o nosso disfarce. Só o que me restava era ficar em posição fetal e esperar. Senti o gosto de ferro invadir minha boca, eu já estava quase desmaiando quando vejo Johnatan correndo na areia, partindo para cima de um deles, o jogando longe. O outro estava prestes a defender o amigo, mas Johnatan foi mais rápido e socou-lhe a boca, aquilo deixaria uma bela marca no dia seguinte. Tentei ajudar Johnatan, mas todas as minhas forças haviam ido embora.
Um deles havia conseguido se levantar e pegou Johnatan por trás, pelo pescoço. Johnatan projeta o corpo para a frente e faz o moreno cair de costas no chão. Num momento de distração, um deles acerta a boca de John, deixando desnorteado por alguns segundos. Ele limpa o sangue que havia começado a escorrer em sua boca e vai para cima do que estava sem camisa, dando um chute em seu queixo, fazendo-o desmaiar.
O outro levanta-se e tenta acertar o rosto de John, mas ele consegue desviar da maioria. Segundos depois, John consegue derrubar o outro no chão, dando uma sequência de socos, parando apenas quando o rapaz havia desmaiado.

Ele anda até mim, se abaixa e pergunta se estou bem. Tento responder, mas as palavras não saiam e eu apenas confirmo com a cabeça. Johnatan me pega no colo e me leva até o carro.

-Não diga nada, apenas descanse, logo estaremos em casa.

O olho uma última vez, forçando um sorriso, e minha vista escurece. Quando volto a abrir os olhos, já estamos na caragem de casa. Ele estaciona o carro e desce para me pegar no colo novamente.

-Você é leve como uma pena, sereia. - Diz com um sorriso no rosto enquanto sobe as escadas.

Ele me leva até o nosso quarto, me deita na cama e entra no closet, saindo de lá com o kit de primeiros-socorros nas mãos. Pega uma pomada e passa nos hematomas que já haviam se formado. Eu reclamo da dor.

- Shhh, quieto, isso vai aliviar a dor.

Me esforço ao máximo para não me mexer, mas a dor estava insuportável. Minutos depois, ele fecha a pomada e vai guarda a caixa.

John tira toda a roupa, ficando apenas de cueca, e mesmo com toda aquela dor, e após todos esses anos juntos, ainda me pego admirando o seu corpo tatuado.

-Adoro quando você me olha assim, sabia?  -Sorrir sem jeito.

Solto um sorriso meigo para ele, e ele anda em direção à mim e deposita um beijo em minha testa, dar a volta na cama e deita-se, passando o braço envolta dos meus ombros, viro lentamente e deito a cabeça em seu peito.

-Não se preocupe, meu amor, tudo vai ficar bem. Eu entrei para a polícia, vou dar um jeito de puxar a ficha daqueles dois, eles irão pagar pelo o que fizeram, ninguém mexe com minha sereia. -Diz enquanto faz um cafuné em mim.

Abro um sorriso e fecho os olhos para dormir. Não demoro muito para pegar no sono.

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