Scintilla

5| Routine

Eu crio listas, eu monto esquemas de tentar não me desmanchar, agendas.. Eu me programo como um robô pra não errar, meus passos cansados tentam mais do que devem, mas e se eu errar? alguém iria me perdoar? Quem pode ver além do próprio nariz e dizer se o caminho que sigo é o correto? ninguém.

Não há algo correto, não existe isso.

É tudo imensidão, todos nós somos um mapa inexplorado e você ainda me diz que essa fé absoluta não te mantém de pé?
Cético. Frio.
A podridão do mundo roubou de você o que tinha de mais belo, e você perdeu.

Todo mundo perdeu.

Eu queria mesmo ter mais esperança e conseguir ver que isso tudo vai ter conserto e que é somente uma fase, mas meu realismo não permite tal ato, é assim que a vida segue, num devaneio desprovido do sentir.

Rasgue esses papéis rasurados, se rasgue. Você pode sentir esse espinho perfurando dentro do teu peito mas tirar você não consegue sozinha, por que você não abre mão de tanta dor? você cava todos os dias sua própria cova, cada vez mais fundo, na sua proporção. Seus olhos não brilham mais e eu consigo sentir o pesar da tua alma de longe, ela pragueja.

Se abra.

As madrugadas que você passou acordada tentando canalizar dores e sentimentos entalados serviram de aprendizado, foram muitas madrugadas.
Você se cobre, se esconde do mundo por proteção mesmo sabendo que a maior guerra é dentro de si mesma. Não resolve, abra os olhos e veja que sozinha não é possível vencer todas as suas batalhas.

Se abra.