4| Chaos

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  [Passado, presente e futuro]

Estava de malas prontas, todas as minhas dores e incertezas emboladas junto com as minhas coisas e eu querendo por tudo que é mais sagrado abandonar tudo aquilo e ser livre enfim, mesmo sabendo que isso seria impossível de ser no momento. Eu indagava: "Eu poderia mesmo largar tudo aquilo sem perder grande parte de mim?". Estava prestes a jogar tudo fora quando alguns pensamentos me barraram à força e me fizeram lembrar de quem eu realmente era.

Eu não pude me olhar nos olhos durante tanto tempo que nem lembrar dos meus traços eu conseguia, tudo que mais queria era que essa bagagem fosse mais leve, queria não precisar de ajuda, não implorar por atenção.

‎São tantas coisas inalcançáveis que se torna um espiral infinito de tortura, uma roda gigante num parque de diversões vazio. Eu repetia à mim mesma que o amanhecer seguinte seria menos doloroso, que meu corpo não sentiria tanto peso e que minha vontade de me destruir cessaria, eu repetia continuamente, como se minha vida dependesse disso, como uma oração desesperada.

‎Eu acreditava que essa repetição me curaria de mim mesma, porque a solidão me ensinou algumas coisas e uma delas é que cada ser humano é um universo e que cada um têm suas próprias particularidades. Reclamar de uma vida que eu mesma escolhi não faz muito sentido, mas minha bagagem está pronta e eu me sinto exausta de viver dentro de mim e de ter que me encarar todo dia de manhã e de principalmente fingir estar bem.

Quero partir.

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